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A ditadura da mediocridade

16 de Abril de 2014, por José Antônio

Por onde anda o refinamento?

Por onde anda a qualidade?

Por onde anda a inteligência?

Para fazer sucesso, basta ser medíocre.

Junte meia dúzia de palavras chulas e vomite-as no compasso de um batidão... Sucesso! Às vezes, nem precisa tanto: invente uma frase vazia e idiota e coloque-a num ritmo repetitivo. Pronto! Todo mundo adere, até jogador de futebol comemora gol fazendo a dancinha da sua musiquinha imbecil.

Se você tiver estômago, revire o esgoto da nossa produção cultural e procure por uma dessas músicas que fizeram sucesso relâmpago. Nem do título a gente se lembra mais. Todas desceram pelo ralo do limbo. Porém, de que adianta? Se toda essa latrina musical(?) é descartável, outras musiquinhas assim surgirão. É a praga da ditadura da mediocridade.

Quer ser humorista de sucesso? Então, não conte piada inteligente porque ninguém vai entender. Vista uma roupa esdrúxula, faça muitas caretas, grite, vulgarize o sexo e invente um bordão. Você está garantido por, pelo menos, meio ano. Depois disso, ninguém aguenta mais. Aí, tem que aparecer outra porcaria.

Por onde anda o refinamento?

Por onde anda a qualidade?

Por onde anda a inteligência?

Pararam de andar.

O refinamento foi trocado pela selvageria no trânsito, nos estádios, nas escolas e nos lares. É a lei do palavrão, do quebra-quebra, do tiro, da facada e do tapa. E tudo fica por isso mesmo, pois a mediocridade é que manda.

A qualidade foi substituída pela baixaria. É triste conversar com estrangeiro e falar pra ele quais são as nossas celebridades: espantalho moral que vira ídolo de crianças na TV, mau caráter interpretado como esperto, quebra-barraco sendo mostrado como autêntico. A mediocridade é tanta que qualquer ideia ao contrário é objeto de processo. A ditadura da mediocridade cerceia até a liberdade de expressão, o direito de opinião. Para as ditaduras, não é interessante a discussão, o pensar diferente. É todo mundo chapado na mesma burrice.

A inteligência... pobre inteligência! Essa ainda existe por aqui, mas é sempre impedida de se manifestar. É pérola desperdiçada em cérebros murchos, é arte pisada pela estupidez que dá lucro imediato, é sufocada pela fome que mata e pela saúde mal assistida.

Mas, pra que ficar pensando nisso? Vem aí mais uma Copa do Mundo. E vai ser aqui.

 

Imagine só a festa!

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