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Novo Carnaval para Resende Costa

13 de Marco de 2018, por Edésio Lara

Eu disse que não tocaria mais no assunto Carnaval nesta coluna. Mas, não tem jeito. Em 2017, depois de termos dito e escutado em todos os cantos que o Carnaval de Resende Costa estava morto, restou-nos a certeza de que algo deveria ser feito para o renascimento do mesmo. O sinal de alerta vinha sendo dado há bastante tempo, com a saída em massa de resende-costenses para passar o Carnaval em outras cidades. O nosso já não interessava mais. Era preciso rediscutir procedimentos, novas maneiras de fazer a festa. Para tanto, o prefeito municipal nomeou uma equipe, da qual fiz parte, que pudesse encaminhar proposta de nova agenda para o Carnaval. Soubemos, antecipadamente, que os recursos liberados pela prefeitura municipal para a organização do evento seriam inferiores aos de anos anteriores. Deparamo-nos, portanto, com uma dificuldade a ser vencida. Partimos do princípio de que prefeitura não faz Carnaval. Ela apóia e libera alguma verba, o restante, fica por conta da comunidade. O desafio estava lançado: era preciso promover festa melhor, com verba pública menor.

Para o festejo deste ano, acertadamente, abriu-se licitação – concorrência pública – para que empresários, com experiência comprovada, se dispusessem a assumir a responsabilidade de organizar os serviços de sonorização, comunicação, contratação de músicos, seguranças, montagem de palco entre outras ações fundamentais de infraestrutura para grandes eventos. A função do poder público municipal, desta forma, terminava ali. Por sua vez, os carnavalescos da cidade cuidaram de organizar seus blocos, fantasias, grupos musicais, por fim, aquilo que lhes cabe fazer. E tudo saiu a contento. Houve pré-carnaval com saídas de blocos já tradicionais, acompanhados por bateria e música instrumental, aula de zumba na avenida, baile retrô na Casa de Cultura e shows em lugares diferentes na cidade.

Para ilustrar, cito duas situações em que empresários se incumbiram de organizar eventos. No Mandacá Açaí, foi possível assistir a shows com artistas de cidades vizinhas durante os dias oficiais da festa. Um dos grupos que lá esteve foi o À Rita, de São João del-Rei. Seu repertório é amplo e rico e a cantora Rita Moreira tem na voz um timbre bonito, equilibrado e característico. Com uma peruca azul brilhante, ela e seus companheiros – um percussionista e o outro guitarrista – deram conta do recado, como dizemos normalmente. A casa estava lotada naquela tarde de segunda-feira para ouvi-los. E acreditem, estava tão bom, que os músicos foram “obrigados” a permanecer no palco durante quatro horas. Já no final da apresentação, Márcio Antônio Pinto (Marcinho do Chichico) comentou, “nossa, essa cantora é 10”. Outra manifestação, e espontânea, nos veio da Helena – filha do Cícero e Cristiane – quando ela, uma garota de uns 9 anos, tomou o microfone da Rita e pediu aos presentes: quem gosta da Rita, bate palmas. Os presentes, reconhecendo o talento e a competência dela e dos instrumentistas, cobriram-lhes de calorosos aplausos.

Houve, também, festa noutros pontos da cidade, com todas as ações patrocinadas por comerciantes. Não teve dinheiro público para cobrir as despesas do evento realizado na Várzea em frente ao Moe’s Bar. No pré-carnaval de domingo que prepararam, havia tanta gente que chegar até o local tornou-se praticamente impossível. De longe se notava a alegria contagiante dos que compareceram ao local.

Para concluir, destaco duas situações que considero importantes. Primeiro, para se ter boa música, não há necessidade de mandar buscar artistas em grandes centros pagando-lhes cachês altíssimos, distantes da nossa realidade. Segundo, ações como essas, assumidas por empresários locais, revelam e reforçam nova tendência do Carnaval, que é a da folia mais diurna que noturna. Com música ao vivo, criação de novos blocos carnavalescos, manutenção do carnaval retrô, atenção em programação destinada às crianças e qualidade dos serviços de sonorização e comunicação, nosso Carnaval tende a se tornar melhor. Ele poderá se recuperar, voltar a fazer sucesso e a alegria de todos como em outros momentos.  

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