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Poluição espacial: catástrofe iminente

03 de Junho de 2019, por Rodrigo Silva

Ilustração da quantidade de lixo espacial (pontos acinzentados) na órbita terrestre

No dia 4 de outubro de 1957, a base de testes de foguetes da União Soviética – Cosmódromo de Baikonur – lançou o Sputnik 1; o primeiro satélite artificial da Terra. O satélite, que consistia em uma esfera de cerca de 58cm de diâmetro e massa aproximada de 84kg, orbitou a Terra por cerca de 6 meses e foi o marco para o início do que chamamos de “corrida espacial”. Porém, iniciou-se naquele dia o que denotamos aqui como “catástrofe iminente”.

Decorridos 62 anos desde o início da corrida espacial, milhares de objetos foram colocados em órbita do planeta. O que poucos sabem é que a região próxima à Terra se tornou um verdadeiro depósito de lixo: mais de 90% dos milhares de objetos em órbita terrestre se trata de lixo espacial (ou, aplicando um pouco de eufemismo, detrito espacial).

Quaisquer utensílios lançados no espaço orbital do planeta Terra e que já não são mais utilizados compõem o lixo espacial. São fragmentos de foguetes ou satélites, satélites desativados e, inclusive, instrumentos perdidos pelos astronautas durante as missões realizadas no espaço.

A poluição espacial não apresenta um perigo direto à integridade física da humanidade. Afinal, grande parte do lixo espacial é queimada e destruída ao entrar em contato com a atmosfera terrestre, que atua como uma espécie de barreira de proteção contra os destroços. Além do mais, quaisquer fragmentos que ultrapassem essa barreira possuem maior probabilidade de atingir o oceano, já que este corresponde a aproximadamente 71% da área da superfície terrestre. Não obstante, impactos na superfície terrestre são possíveis. A título de exemplo, no ano 2000 duas esferas metálicas caíram em fazendas da África do Sul; identificadas pela agência espacial estadunidense como detritos do Foguete Delta que havia sido lançado em 1996 – as esferas possuíam massa de 30kg e 55kg, aproximadamente.

O lixo espacial representa um perigo gigantesco para satélites ativos (como os recém lançados pela SpaceX a fim de prover internet do espaço); também é uma ameaça para naves espaciais tripuladas e para a Estação Espacial Internacional (laboratório espacial que orbita a Terra, utilizado em inúmeras pesquisas). Uma simples ferramenta que “escapasse” da mão de um astronauta, por exemplo, viajaria a cerca de 9km por segundo ao entrar em órbita (o equivalente a 32400 km/h), de forma que uma colisão com um veículo espacial tripulado por humanos ameaçaria de forma significativa a vida das pessoas ali presentes. Segundo a NASA, um objeto que tenha somente 1 mm de tamanho (menor que um grão de arroz) seria capaz de quebrar cabos de dados e cabos de força secundários da Estação Espacial Internacional; já um com 4 ou 5 mm seria capaz de danificar os cabos de força principais, tubos e painéis.

O que tem sido feito para lidar com o problema do lixo espacial?

Projetos e ideias para lidar com o problema do lixo espacial têm sido apresentados por especialistas do mundo todo nos últimos anos. Um projeto que merece destaque e tem realizado testes desde setembro de 2018 é o Projeto RemoveDEBRIS, que capturou com sucesso, neste primeiro semestre de 2019, um fragmento de lixo espacial.

O projeto RemoveDEBRIS conta com várias tecnologias para coleta do lixo espacial, a fim de garantir a “limpeza” da órbita da Terra. Na recente captura de um detrito espacial, o satélite lançou um arpão/garra em um alvo a uma velocidade de 20 metros por segundo (72 km/h).

A captura do fragmento pode ser assistida no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?time_continue=13&v=3oryJMdonUA.

 

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