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“Cinco Salamão”?!

12 de Junho de 2018, por João Magalhães

Explico o título, no fim. Nos anos recentes, assistindo ao desrespeito e até menosprezo por instituições humanitárias, como o Movimento Internacional da Cruz Vermelha, Médicos Sem Fronteiras...vendo a transgressão às convenções diplomáticas, origem aliás da Cruz Vermelha, e pior: comprovando corrupção até dentro delas, acho urgente batalhar pelo ideal de seu fundador, Jean Henry Dunant – a meu ver, um dos maiores humanistas de nossa História.

Em mãos, o livro do jornalista mineiro José Passos de Carvalho: “Epítome Histórico da Cruz Vermelha”. Um resumo (epítome) de suas pesquisas sobre a Cruz Vermelha. Foi presidente da filial de Lavras/MG por cinco mandatos, de 1983 a 2004.

O livro foi um riscar de fósforo a iluminar lembranças antigas minhas (décadas de 60/70) da Cruz Vermelha Brasileira. Quando à página 166 vi a foto de 1944, do Hospital Infantil da filial da Cruz Vermelha de São Paulo (hoje, Hospital dos Defeitos da Face), abriu-se a tela da Escola de Auxiliares de Enfermagem (hoje, equivalentes a Técnicos de Enfermagem), pertencente ao complexo hospitalar.

 Através desta escola, a Cruz Vermelha é parte de minha vida. Começou por uma curiosidade: teria a cruz vermelha do hábito da Ordem Religiosa – fundada por São Camilo de Lellis (século16) para o cuidado corporal e espiritual dos enfermos –influenciado na escolha do símbolo da Cruz Vermelha?

Parece que sim, pois há referência de que Henry Dunant admirava os religiosos camilianos por vê-los acudindo feridos e doentes.

A Escola, extraordinária pelo ensino técnico, pela formação humanitária e pela benemerência, priorizava os candidatos que já trabalhassem em hospitais e sem formação em enfermagem. Propiciava também aos alunos os dois anos de ginásio, exigidos para se formar auxiliar de enfermagem.

Integrei-me à Direção da Enfermagem do Hospital dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, onde era capelão camiliano, para abrir espaços na Escola e no Hospital para quem quisesse. Daí, para pertencer ao corpo docente da Escola, foi um pulo. Por minha conta, as aulas de Língua Portuguesa e as de Ética Profissional.

A Cruz Vermelha fez parte de minha vida até a Escola fechar. O que aconteceu, quando a legislação exigiu o 2º grau completo e instituiu os cursos de Técnico de Enfermagem.

Faz bem relembrar os sete princípios fundamentais do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Crescente Vermelho (uma lua crescente vermelha) é o nome adotado, a pedido da Turquia, nos países árabes membros.

Humanidade: Conforme seus lemas: “In paceet in bello, caritas (Na paz e na guerra, a caridade, o amor); “Inter arma, caritas” (No meio das armas, a caridade) e “Sedaredolorem, opus divinum” (Aliviar a dor é uma obra divina). Evitar e aliviar o sofrimento humano. Proteger a vida e a saúde. Respeito ao ser humano. Compreensão mútua, amizade, cooperação, paz.

Imparcialidade: Nenhuma distinção de nacionalidade, raça, religião, condição social nem orientação política.

Neutralidade: Não tomar parte em hostilidades ou em controvérsias, em qualquer momento, de ordem política, racial, religiosa e ideológica.

Independência: Coadjuvante do poder público nos desamparos sociais, obedecendo às leis, sem abdicar, porém, dos próprios princípios.

Voluntariado: Movimento de socorro voluntário e de caráter desinteressado.

Unidade: Uma sociedade una em cada país, acessível a todos em todo território da nação.

Universalidade: As sociedades nacionais têm os mesmos direitos e o dever de se ajudarem mutuamente.

Vamos ao título. Quando Passos de Carvalho explica os símbolos vigentes da Cruz Vermelha: CruzLua crescenteCristal VermelhoEstrela de DavidEstrela da vidaCobra e bastão de Asclepius – dei com o Escudo de Salomão: uma estrela de cinco pontas.

Talvez se veja, ainda, essa estrela desenhada atrás de portas de casas antigas aqui da região. O povo a chamava de “Cinco salamão”!  Estranho! “Cinco Salamão”?!

Mais tarde percebi. “Salamão”: corruptela de Salomão. E o “Cinco”? Seria referência às cinco pontas? Nada disso. Corruptela de “signo”. Portanto: “Signo de Salomão” corrompeu-se paraCinco Salamão”!

Cinco salamão! Xô, mau olhado!

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