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LGBTQIA+

19 de Agosto de 2021, por João Magalhães

28 de junho é o dia do Orgulho LGBTQIA+. Este ano, houve pouco que comemorar. Talvez a confissão de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, declarando-se homossexual: “Eu não sou um gay governador, sou um governador gay”.

E muito a lastimar: o jovem brasileiro gay, cruelmente assassinado na Espanha, mês passado (ainda bem que houve significativas manifestações de protesto, inclusive do 1º ministro); a lamentável manifestaçãodo Vaticano, em nota diplomática, invocando inclusive a Concordata de São João de Latrão, de 1929, contra o projeto de lei debatido no parlamento da Itália, que criminaliza atos contra pessoas LBTGQIA+; o crescimento da violência de gênero na Argentina: o cerco a gays (caso dos governos da Hungria e Polônia e outros). O retrocesso e o desrespeito aos direitos humanos motivaram essas linhas.

Explicando a sigla do título. Essas mudanças na nomenclatura ocorrem porque, felizmente, a sociedade tem aberto cada vez mais espaço para a discussão e estudo em torno da representatividade de gênero, observando, no entanto, que essas alterações, ou até mesmo os respectivos significados de cada letra da sigla, podem gerar dúvida e confusão

L - lésbica. G-gay. B - bissexual. T- transexual. (Pessoa que assume o gênero oposto ao de seu nascimento. Uma identidade ligada ao psicológico e não ao físico, pois nestes casos pode ou não haver mudança fisiológica para adequação). Q - queer, termo inglês ofensivo (“bicha”). No entanto, as pessoas do grupo se apropriaram dele. Hoje é uma forma de designar pessoas que não se encaixam à heterocisnormatividade, que é a imposição compulsória da heterossexualidade e da cisgeneridade: condição da pessoa cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído no nascimento. Por exemplo, alguém que nasceu mulher e se identifica como mulher é cisgênero. O termo cisgênero é o oposto da palavra transgênero. I - intersexo: relativo a pessoas que não se veem adequadas à forma binária (feminino e masculino) de nascença. Ou seja, seus genitais, hormônios etc. não se encaixam na forma típica de masculino e feminino. A - assexual (pessoas que não possuem interesse sexual). O mais (+) serve para abranger a pluralidade de orientações sexuais e variações de gênero.

O “Dicionário Básico de Filosofia” (Jorge Zahar Editor, 3ª ed.) define o preconceito como “opinião ou crença admitida sem ser discutida ou examinada, internalizada pelos indivíduos sem dar conta disso, e influenciando seu modo de agir e de considerar as coisas. O preconceito é constituído, assim, por uma visão de mundo ingênua que se transmite culturalmente e reflete crenças, valores e interesses de uma sociedade ou grupo social. Entretanto, é preciso admitir que nosso pensamento inevitavelmente inclui sempre preconceitos, originários de sua própria formação, sendo tarefa da reflexão crítica precisamente desmascarar os preconceitos e revelar sua falsidade”.

O ser humano, desde que foi se destacando dos animais pela autoconsciência, sempre vive mergulhado em preconceitos. Morre um ou outro, mudam os objetos, as formas, mas continuam gerando estragos e injustiças, causando violência, engessando comportamentos. Os tempos futuros serão assim? Quem vai saber?!

Pesquisas mostram. Segundo José Leon Crochik, da Universidade de São Paulo (“Preconceito, indivíduo e sociedade”), o preconceito não é inato, embora haja indivíduos mais predispostos. Ele se instala no desenvolvimento individual como um produto das relações entre os conflitos psíquicos e a estereotipia do pensamento. Uma das questões centrais sobre o preconceito refere-se a como se dá a relação entre os aspectos psíquicos e sociais na sua constituição. Ou seja, ao mesmo tempo que podemos afirmar que o indivíduo predisposto ao preconceito independe dos objetos sobre os quais ele recai, podemos dizer também que o objeto não é totalmente independente do estereótipo apropriado pelo preconceito que lhe diz respeito. O estereótipo em relação ao negro não é o mesmo daquele que se volta contra o judeu, que, por sua vez, é diferente do estereótipo sobre o deficiente físico.

Portanto, a dissolução do preconceito caminha pelas mudanças sociais e pela educação. Já os atos e atitudes motivadas pelo preconceito se combatem pela repressão legal que os criminaliza. E pela vontade política. Claro, leis bem feitas, com boa aplicação, ou seja, eficazes.

 É o que penso. E você?

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