Voltar a todos os posts

O “Homo Eletronicus”

16 de Junho de 2017, por João Magalhães

Já entramos, faz tempo, no campo evolutivo do “homo eletronicus”. No sentido biológico, como o mostram as evoluções científicas médicas atuais. O corpo humano se comporá com inúmeros chips que regularão ou até substituirão as funções de seus órgãos. Os marca passos cardíacos e cerebrais já o testemunham, bem como as próteses.

No sentido psicológico, ou dos comportamentos pessoais, os avanços são muito mais vastos. A eletrônica, sobretudo a globalmente dominada pela internet, oferece às pessoas um campo quase infinito de possibilidades com suas ambiguidades, suas ambivalências. Tanto educa, quanto deforma, favorece o anonimato, mas escancara também a privacidade, oferece ajuda, como ensina a maldade. Nos dias atuais, absolve menos, condena mais, menos verdades, mais mentiras.

Diz-se que o papel aceita tudo, você pode escrever o que quiser. Agora é a internet. Você pode postar o que quiser com muito maior amplitude e facilidade. Basta tirar um aparelhinho de seu bolso(a) e jogar para o mundo seus pensamentos e ou esquisitices, suas fotos e selfies, seu narcisismo e até suas intimidades. É uma revolução fantástica nas comunicações

E é nestas faixas amplas deste gramado que urge atuar para implantar uma ética, que é o estudo avaliativo de condutas. O que é bom ou ruim, permitido ou não, conveniente ou inoportuno etc., tendo como padrão a pessoa e a pessoa dentro da sociedade

A sociedade, por seus governos, tem que se preocupar e tomar providências contra fenômenos internéticos, muito frequentes que levam a prejuízos e males. Alguns muito graves, como, a título de exemplo, o Site de 50 desafios “Baleia Azul”, que pode levar a automutilação e suicídio (como já tem levado). Há pessoas com tendências a levar a sério desafios como estes: 1. “Com uma navalha, escreva a sigla F57 na palma da mão e em seguida enviar uma foto para o curador”; 3. “Corte seu braço com uma lâmina, “3 cortes grandes”, mas é preciso ser sobre as veias e o corte não precisa ser muito profundo...14.” Corte seu lábio”; 15. “Fure sua mão com uma agulha, muitas vezes; 26. “O curador indicará a data de sua morte, e você aceitará. E o 50 e último: “tire sua própria vida”.

Outro exemplo. O Ministério da Saúde observa, preocupado, que vêm ganhando força no País grupos que se recusam a vacinar os filhos ou a si próprios, mesmo com a gratuidade e as campanhas. Os grupos são impulsionados por meio de páginas temáticas no Facebook que divulgam, sem base científica, supostos efeitos colaterais das vacinas. A disseminação de informações contra as vacinas ocorre principalmente em grupos de pais nas redes sociais. O jornal “Estado de S. Paulo”, donde vêm estas informações, encontrou cinco deles, reunindo mais de 13,2 mil pessoas. “Os pais também trocam informações para não serem denunciados, como não informar aos pediatras sobre a decisão de não vacinar os filhos, e estratégias que eles acreditam que garantiram imunização das crianças de forma alternativa, com óleos, homeopatia e alimentos”.

É um assunto complexo. Proibir, censurar, não. A liberdade de expressão é um direito sagrado, mas há que se caminhar para uma ética da responsabilidade. Pesquisas mostram que as redes sociais são hoje o principal meio de disseminação de falsas notícias, as fake News. Que é significativa a porcentagem de pessoas que acompanham as notícias pelas redes, 49% no Brasil, 62% nos EUA. Que a maioria absoluta dos pesquisados (72%) considera que a atmosfera de vale-tudo nas redes sociais vai continuar como está ou vai piorar.

Diante disso, tem-se que se responsabilizar com punição a internet como se faz com a mídia escrita, falada e televisada. Qualquer órgão que abrigasse o “Baleia azul” poderia ser condenado por induzimento ao suicídio (art. 122 do CPB). O argumento dos hospedeiros, YouTube por exemplo, é que é impossível um controle prévio, pois são milhares de postagens por minuto. Acho que não se justifica. Faturam milhões e têm que desenvolver recursos tecnológicos para identificar os conteúdos com a mesma velocidade com que são inseridos.

É o que penso. E você?

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário