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Só xingar, vale pouco

21 de Julho de 2022, por João Magalhães

Pelas voltas que o mundo dá, a inflação veio com tudo, trazendo fome e elevando ao máximo a pobreza nos países já pobres. Voltas energizadas pela ganância, pela maldade humana, pelo poder político interesseiro e egocêntrico, pelo vantagismo (o leitor lembra da “lei de Gerson”?). A guerra da Rússia contra a Ucrânia, os assassinatos na Amazônia, a destruição de recursos de sobrevivência pelo tráfico, pelo garimpo, pela pesca e caça ilegais, pelas minerações etc. que o digam.

Confirmando o que já sentimos na carne. No momento em que escrevo (19/06/2022), leio a manchete do Estadão: “Fila para o Auxílio Brasil (benefício de 400 reais por mês para cada família) dobra e já tem 2,78 milhões de famílias”. O xingatório maior agora é contra a Petrobrás por causa dos aumentos nos combustíveis, que impedem o controle do efeito dominó no meio de vida econômico do(s) país (es). Reclamar, criticar, xingar, é preciso, porém não basta. Faz-se necessário apontar soluções.

É minha opinião quanto à Petrobrás, desde que supurou a crise ocidental do petróleo do momento atual. Opinião que não está sozinha. Veja a matéria de Vinícius Neder no caderno de Economia, também no Estadão de hoje (19/06/2022). Quem sabe você concorde? “Petrobras repassa mais R$ 8,8 bilhões ao governo federal, seu maior acionista.” Especialistas avaliam que, em vez de atacar a empresa, o governo deveria usar essa parcela de lucro em políticas sociais. Dizem economistas: “A estatal, que reduziu a sua dívida, pode ser ainda mais rentável com a receita do pré-sal”.

Apesar das críticas ao lucro da Petrobras já feitas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, o governo federal está entre os maiores beneficiários dos resultados financeiros da petroleira. A União recebeu mais uma parcela, de R$ 8,8 bilhões, do lucro da estatal. A cifra faz parte de um total, já anunciado este ano, de R$ 32 bilhões em dividendos que serão pagos até julho ao governo, maior acionista da companhia.

Entre 2019 e 2021, a União já tinha embolsado em dividendos outros R$ 34,4 bilhões, a valores atualizados, segundo levantamento de Einar Rivero, da TC/Economática. Quando se somam, ao lucro destinado à União, os impostos e os royalties, a Petrobras injetou nos cofres federais R$ 447 bilhões de 2019, início do governo Bolsonaro a março deste ano, conforme dados dos relatórios fiscais da companhia, revelados pelo Estadão em maio. Considerando-se estados e municípios, o montante chega a R$ 675 bilhões. Só o montante pago à União corresponde a aproximadamente cinco vezes o orçamento do Auxílio Brasil previsto para este ano, em torno de R$ 89 bilhões.

Desde o início do ano, para rebater as críticas de Bolsonaro e de líderes do Congresso Nacional, a Petrobras vem ressaltando que seus ganhos retornam para a sociedade. A empresa informou que, em 2021, recolheu R$ 203 bilhões em tributos próprios e retidos, maior valor anual já pago pela companhia, um aumento de 70% em relação a 2020. No primeiro trimestre de 2022, pagou mais R$ 70 bilhões aos cofres públicos entre lucro, tributos e participações governamentais, praticamente o dobro do valor recolhido no mesmo período de 2021. PROBLEMA OU SOLUÇÃO?

Não falta dinheiro aos três poderes da nação e a seus funcionários categorizados. Há partidos políticos com dificuldades para gastar a quantia a eles destinada pelo Fundo Partidário! Pode?!! Viva o orçamento secreto!!

Falta, sim, aos cidadãos comuns que são a maioria. Todos contribuem para o bolo. A injustiça está na distribuição das fatias.

Como diz o economista Luís Eduardo de Assis, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, a fome tem rosto, tem nome e tem endereço. Tem também origem. Essa catástrofe que nos envergonha deriva da pérfida combinação entre erros da política econômica e desprezo pelos mais pobres. E informa: em 2022, 60 milhões de pessoas sofrem de insuficiência alimentar grave, ou seja, passam fome (Oesp 20/6/2022).

É o que penso. E você?

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