Nesta edição, a coluna homenageia nossa Resende Costa, em seu aniversário de 107 anos, passando a palavra para dois filhos seus, poetas, e duas “filhas” suas, mais velhas, ou seja, duas casas antigas, muito bem arquitetadas, perfeitamente preservadas e conservadas na beleza original. A primeira pertence atualmente à Cida Mendes e foi do Coronel Francisco Mendes de Resende, primeiro administrador público de Resende Costa. A residência localiza-se à praça Mendes de Resende. A outra casa, do Nélson Oliveira, pertenceu ao seu pai, Joaquim Batista, e situa-se à rua Assis Resende.
No aniversário de 50 anos da cidade, Miled Hannas (quando poetisa em latim assina com o pseudônimo Teophilus a Solitudine – Teófilo da Solidão), que foi seu prefeito entre 1959 e 1962, – excelente poeta e o maior latinista que o município já teve, ao lado do Zé Procópio – cantou suas virtudes numa belíssima ode em latim: “Carmen ad dilletissimam urbem Resendecostensem” (canto à diletíssima cidade de Resende Costa), seguindo perfeitamente o “Carmen Saeculare”, do grande poeta latino Horácio, contemporâneo e amigo do imperador Augusto, em cujo reinado nasceu Jesus Cristo.
Cito e traduzo a sétima estrofe: “Carmine insignem celebrare festo/ Civitatem nunc decet ore pleno/ Rupis aeternae positam perite/ Culmine summo!” (Agora, faz-se necessário celebrar com festivo canto a insigne cidade, assentada caprichosamente no cume supremo de uma laje eterna).
Sua irmã, Terezinha Hannas, também poeta, belo estilo parnasiano, também cantou a cidade em “Terra Natal”. Primeira e última quadras (são 6): “Resende Costa, cidade/ Repleta de encantamento/ Presépio que a encosta invade/ subindo em alinhamento. Recanto cheio de encantos/ Resende Costa é poesia/ Escrita entre incenso e cantos/ Que envolvem a serrania.”
As “Duas filhas”
Segundo Dulce Mendes, filha do coronel Francisco Mendes de Resende, a casa pertenceu, por volta dos anos 1900, a Joaquim Leonel, onde morava e mantinha uma farmácia, pois era praticamente o “médico” da cidade. Em 1910, o coronel Mendes a comprou e nela residiu até seu falecimento em1936. A viúva morou nela até 1943, quando se mudou para São João del-Rei. Vagando a casa, habitou-a José Jacinto Lara. Quando este também se mudou para São João, a casa passou para Francisco Mendes Júnior (Francisquinho Mendes), pai da atual proprietária, Cida Mendes, que faz questão de manter o imóvel sempre preservado e bonito.
Casa muito antiga. Um exame de fotos da igreja do Rosário, ainda capela, e da rua Assis Resende, leva a crer que talvez o imponente sobrado seja do final do século 19. Há notícia de que residiu nela o primeiro juiz do Termo Judicial aqui instalado em 1/1/1939, Dr. Pedro Muzzi, vindo do norte de Minas.
Quando Joaquim Batista a adquiriu, morava nela o Tonico Chalé, de quem os mais velhos se lembram muito. A casa foi recentemente restaurada pelo atual proprietário, Nélson Severino de Oliveira (filho do Joaquim Batista), que manteve e valorizou, com gosto, as características arquitetônicas do imóvel.