Voltar a todos os posts

Você é nomófobo?

11 de Outubro de 2017, por João Magalhães

Por este tempo li uma matéria, não assinada, no jornal “Folha do Servidor Público” (ed. 290/SP), com o título acima e que me induziu a este comentário.

Nomófobo? Aquele que tem pavor às leis (do grego, Nomos: lei, norma; fobos: medo, aversão)? Nada disso.

Segundo o texto que li,  “Nomofobia” é uma doença relacionada à dependência da comunicação digital, especialmente por celulares. É uma doença psíquica, que vem sendo estudada por muitos especialistas no Brasil e no mundo. O nome tem origem inglesa: “No-Mo” ou “No-Mobile”.

É o pavor de ficar sem aquele aparelho móvel que fica no seu bolso, na sua cama, no seu carro etc. Ou seja, o pavor de ficar sem internet onde quer que esteja, enfim, a fobia da incomunicabilidade digital.

Quando isto acontece, em casos extremados, chega-se a um nível de ansiedade quase insuportável, com reações que vão desde o suor frio até taquicardia.

Alguns índices de fobia podem ser, por exemplo, optar por só ter relacionamentos on-line; esquecendo o celular, voltar de qualquer lugar para buscá-lo; manter o celular na mão por 24 horas, mesmo ao deitar-se deixá-lo bem perto do corpo; ter a bateria sempre carregada e andar sempre com uma auxiliar; não conseguir ficar em lugares que restringem o uso; a cada dois minutos olhar o aparelho...

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está em processo de revisão da CID (Classificação Internacional de Doenças), com proposta de publicá-la ano que vem. Pressionada por médicos, acadêmicos e autoridades sanitárias, deverá classificar esta dependência digital incontrolável como um transtorno psiquiátrico, sobretudo o vício em jogos eletrônicos.

A psiquiatria que trabalha com o universo das compulsões está constatando o crescente aumento dos compulsivos digitais. A do Hospital das Clínicas/SP já atendeu cerca de 400 pacientes. No Ambulatório da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 30% dos atendidos são dependentes digitais. No núcleo de atendimento montado pelo Instituto Delete na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mais de 500 pacientes já passaram por tratamento desde 2012.

Este Instituto apresenta dez situações para você se testar e concluir se tem algum tipo de dependência.

Abandono: fica triste se não recebe ligações ou mensagens ao longo do dia?

Solidão: usa a internet para evitar a sensação de estar só?

Comunicação: ignora pessoas ao seu lado para se comunicar pela internet?

Offline: sente-se deprimido, instável ou nervoso quando não está conectado e isso desaparece quando volta a se conectar?

Direção perigosa: envia ou consulta mensagens no celular enquanto dirige?

Insegurança: a autoestima baixa quando os amigos recebem mais “curtidas” que você?

Mundo virtual: deixa de fazer atividades na vida real para ficar na internet?

Viagens: já deixou de viajar para não ficar desconectado?

Comparação: fica triste quando vê nas redes sociais que seus amigos têm vida mais interessantes do que a sua?

Relacionamento: passa por conflitos de relacionamento por ficar muito tempo conectado?

Acho eu que uma constância e uma resposta positiva a algumas dessas perguntas já é motivo para preocupação.  

Quem trabalha com o problema dá algumas sugestões para superar como: fazer uma atividade física sem levar o celular; criar uma agenda com atividades que não permitam o uso do celular, como ir a teatro, cinema, biblioteca etc.; estabelecer como meta ficar algumas horas por dia sem olhar o celular; tentar ficar um dia sem ele e para isso programar atividades que o ajudem a cumprir.

Segundo Eduardo Guedes, pesquisador e diretor do Instituo Delete, há três tipos de usuários: o consciente, que é aquele que pode usar a tecnologia por muitas horas, mas não deixa o virtual atrapalhar a vida real; o abusivo, que já sofre algumas interferências do virtual no real, como usar o celular durante as refeições, no trânsito ou em outras situações inadequadas, mas ainda tem controle da situação; já o dependente, perde totalmente o controle sobre o uso e deixa esta atividade virar prioridade.

E conclui: “Qualquer uso abusivo tem um fator de fuga da realidade muito grande”.

 

(Fonte: “O Estado de S. Paulo” 3/9/17 A12)

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário