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Mensagem de Natal

15 de Dezembro de 2016, por Fábio Rômulo

Jesus veio ao mundo para realizar o plano do Pai, predito pelos profetas, em especial, Isaías, de construirmos, segundo a sua palavra e exemplos e sob os dons do Espírito, uma humanidade nova fundada no amor, na justiça e na paz.

No início do livro do Gênesis, onde se registram a criação e, também, a ruptura e a promessa de reconciliação de Deus com a humanidade, Deus criara o homem, adulto. Na cultura judaica, a criança era, simplesmente, ignorada, incapaz de realizar algo. Como Adão nascera adulto, o novo Adão deveria, também, na linha do paralelismo, nascer adulto. Deus, contudo, quebra esse paradigma e o Natal passa a ser o momento em que Deus, o Verbo de Deus, se faz criança.

No Evangelho de Lucas 2, 1-20, lemos como se deu o nascimento de Jesus, em Belém, e as improvisações assumidas por José e Maria, para que o Menino Deus entrasse na nossa história. Ficamos comovidos e perplexos, mas constatamos que, infelizmente, este relato é bem atual. Frequentemente são noticiados fatos sobre o sofrimento e a angústia de pessoas aqui no Brasil e no mundo, principalmente nos últimos anos, com os imigrantes e refugiados oriundos do Oriente Médio e da África, em busca de liberdade, moradia e esperança. O que se torna difícil para entendermos é que Deus tenha feito essa experiência... Que Jesus antes de entrar no mundo, ainda no seio de Maria, tenha sentido o que é uma porta fechada, a decepção do “não” que rompe a fraternidade, a solidariedade, sobretudo, porque José tinha se dirigido para a região de seus familiares... Maria e José experimentaram certo abandono, a angústia de um casal por ocasião do nascimento de seu primogênito, lembrando que naquele tempo, não havia o conforto e a segurança do pré-natal de hoje, médicos, hospitais e facilidade de locomoção. Olhavam-se angustiados esperando que uma casa se abrisse para acolhê-los. O prólogo do Evangelho de S. João diz: “Ele veio para o que era seu e os seus não o receberam” Jo. 1,11. Será que àquela época o espírito capitalista já estaria latente? José e Maria eram pobres, simples trabalhadores. O recenseamento tornara-se bom momento para se ganhar dinheiro com a hospedagem a ponto de as pessoas ficarem indiferentes ante a angústia de um esposo junto à esposa prestes a dar à luz? Será que foi pela avidez ao dinheiro que a porta lhes foi fechada e hoje, também, muitos pobres e desempregados não são acolhidos em suas necessidades? Essa indiferença e a passagem do Evangelho de S. João nos fazem pensar, nesse Natal, no nosso fechamento ao Mistério de Deus e na nossa pouca sensibilidade em experimentarmos que Deus está tão perto de nós, em Jesus, na pessoa do irmão, da irmã ao nosso lado e, entretanto, O consideramos tão longe...

Já observaram que as duas grandes festas do cristianismo, Natal e Páscoa, nascimento e encerramento da vida de Jesus, aconteceram à noite? Deus escolhe a noite para sempre nos lembrarmos que Jesus é a verdadeira luz que irrompe as trevas da humanidade.

Interessante que enquanto Lucas e Mateus registram o fato histórico do nascimento de Jesus, citando autoridades da época, Belém, pastores, Anjos e Rei Magos, S. João prefere fazer uma teologia, penetrar no Mistério do Verbo que preexiste, transcende a história. Ante o mistério do Menino Jesus, o Verbo de Deus, o Logos, a Luz que veio dissipar as trevas do mundo, João se revela coerente ao símbolo que lhe foi atribuído, a águia. Ele alça, realmente, um voo elevado para refletir sobre o Mistério de Deus, que se digna assumir a nossa humanidade, em Jesus, o Emanuel, para nos restaurar a dignidade de filhos e filhas de Deus.

Nossos sinceros agradecimentos ao Pe. Rodrigo Coimbra Ladeira, Vigário Paroquial e à Comunidade Paroquial de Nossa Senhora da Penha de França de Resende Costa, representada pelas Pastorais, Movimentos e Irmandades pela alegria, dinamismo e testemunho na árdua missão da edificação do Reino.

Que nesse Natal, na trilha de S. João, elevemos nossos corações ao alto para que Jesus, o Verbo de Deus, nos dê sabedoria para enfrentarmos os desafios de hoje e perseverarmos na construção dessa nova humanidade iluminada por sua luz.

Feliz Natal!

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