O escritor amazonense Milton Hatoum, um dos mais reconhecidos nomes da cena literária contemporânea brasileira, é o homenageado do 13º Festival de Literatura de São João del-Rei, Tiradentes e Santa Cruz de Minas (Felit). O evento acontece entre os dias 10 e 22 de setembro na cidade de São João del-Rei, berço da Inconfidência Mineira e rica em tradição histórica e cultural.
Natual de Manaus, Hatoum é formado em Arquitetura, foi jornalista e professor de literatura francesa da Universidade Federal do Amazonas e professor visitante da Universidade da Califórnia. Sua obra foi traduzida em 12 idiomas e publicada em 14 países. Também publicou ensaios e artigos sobre literatura brasileira e latino-americana em revistas e jornais do Brasil, da Espanha, França e Itália. É ganhador, entre outros, do Prêmio Jabuti (várias edições), do Prêmio Portugal Telecom e do Grande Prêmio da Crítica/APCA-2005.
A partir de sua obra, outros renomados autores vão discutir a produção literária do país, através de mesas-redondas, oficinas, exposições temáticas e um diálogo com outras artes. Estarão presentes Maria Esther Maciel, Paulo Henriques Britto, Daniel Galera, Leandro Garcia Rodrigues, Carla Madeira, Ana Martins Marques, Daniella Zupo e Evelin Balbino, entre outros. Também serão realizados lançamentos de livros, apresentações artísticas, feiras literárias e sessões Cine Sesc e contações de histórias.
O projeto tem o apoio do Sesc em Minas, uma maneira de continuar fomentando ações nessa área, diz Janaina Cunha, gerente de cultura da entidade. “O Sesc acredita, firmemente, que a leitura é uma ferramenta para a transformação social do sujeito. É nesse sentido que a instituição realiza ações de curadoria própria e efetiva parcerias que vão ao encontro do objetivo de estimular a leitura. A parceria com o Felit, um evento reconhecido e que há anos investe em ações formativas junto aos alunos de escolas da cidade e ao público são-joanense, vem reforçar nossa missão de desenvolver iniciativas que dialoguem com diversos públicos e que demonstrem a importância do gosto pela leitura.”
Manter acesa a chama
A literatura cumpre a dupla função de despertar sensibilidades e de contribuir para o exercício da cidadania, acrescenta o jornalista Lúcio Teixeira Carvalho, da Via Comunicação, que atua em parceria com a Quarteto Filmes na realização do Festival. “Por isso, pensamos em alimentar a cidade de literatura constantemente.”
Para manter São João del-Rei “respirando” literatura e aproveitar o potencial da cidade para a criação literária, os realizadores tiveram a ideia de realizar um trabalho de formação de novos leitores e escritores. Assim surgiu, em 2008, a Oficina de Formação de Jovens Autores, que se realiza ao longo do primeiro semestre do ano, com alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental das escolas municipais, estaduais e particulares de São João del-Rei.
Esse trabalho é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por 3 professores de literatura, 2 de artes plásticas e 1 de artes cênicas. A partir da obra do autor homenageado do ano, os alunos realizam uma produção teatral, em seguida produzem trabalhos em artes plásticas, para que, assim, estejam amadurecidos para a criação autoral de um texto, em geral, um conto, que também é ilustrado.
Livro colaborativo
Ao final da oficina, os textos dos alunos são reunidos em um livro, que é lançado durante o Felit. A obra produzida este ano, “Contos e relatos de aprendizes”, que teve a participação de 25 jovens com idade entre 13 e 15 anos, será lançada no dia 18 de setembro, às 17h, na Sociedade de Concertos Sinfônicos. Milton Hatoum, autor homenageado do 13º Felit e ponto de partida para a criação dos jovens escritores, participará do lançamento e também de um bate-papo com os alunos.
Segundo o realizador do Festival, “o mais importante é o processo de amadurecimento para a leitura e a escrita que esse aluno vivencia, pois ele é estimulado a pensar, a ler nas entrelinhas”. Ele revela que, além de melhorar seu desempenho em todas as atividades escolares, os jovens despertam para a leitura e a escrita. “Eles passam a frequentar mais bibliotecas e eventos literários, além de que muitos deles publicaram outros livros depois”, completa.
Um dos legados do Felit é a influência na escolha da profissão por parte dos alunos, como é o caso de Emanuel Reis, que participou das edições de 2010 e 2011 do Festival. Ele se formou, em agosto deste ano, em Jornalismo pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). “Escrever um livro colaborativo foi uma experiência tão diferente, que quis participar novamente no ano seguinte”, relata. “O Felit desperta novos valores e uma mudança de comportamento nos alunos através do seu contato com a literatura e a escrita. É uma oportunidade de dar voz, é democrático por abraçar escolas públicas, privadas e filantrópicas, além de exercer a cidadania. Sou grato por ter feito parte dessa história.”
Confira a programação completa em http://www.felit.com.br/xiii-felit/.
FONTE:
Mariana Dias
Assessoria de Comunicação do SESC Minas