Poder um dia fazer uma exposição com os trabalhos dos seus alunos de pintura e desenho! Esse é o sonho do pintor Angelo Márcio Resende, 45 anos. “Já fiz algumas exposições em Resende Costa, graças a convites dos movimentos culturais da nossa cidade”, como os “amigos do MAC (Movimento Arena Cultural), ONG ÍRIS, Trupicalia e também a nossa Feira de Artesanato e Gastronomia”.

Natural do Rio de Janeiro (16 de maio de 1978), viveu sua “infância saudável” em São Paulo. Mas ele é de família resende-costense: o pai, Antônio de Jesus Resende (71 anos), é da comunidade dos Pintos; a mãe, Maria Gorete Pinto Resende (65 anos), é da comunidade do Barro Vermelho. “Minha avó materna é conhecida por Sasão do meu falecido avô Benedito e os meus avós paternos (já falecidos) eram conhecidos como Sebastiana e Francisquinho dos Pintos. Sou sobrinho do ex-vereador Zé do Socorro.”

Angelo começou a estudar na cidade paulista de Jandira, mas, com a mudança da família para Resende Costa, concluiu o então segundo grau na Escola Estadual Assis Resende, através do EJA (Educação para Jovens e Adultos). “Nós nos mudamos para nossa cidade em 2001, quando meu pai Antônio se aposentou, pois queríamos muito ficar perto dos nossos familiares.”

Em São Paulo, Angelo trabalhou como office-boy “e, durante muitos anos, como repositor em supermercado. Eram profissões que não tinham muita ligação com a arte; eram uma questão de necessidade mesmo”.

 

Curso de pintura

E como surgiu o interesse pela arte? Foi “na infância já. Adorava a leitura, principalmente as estórias em quadrinhos. Gostaria muito de poder desenhar como os ilustradores das revistas. Aos poucos, com o passar dos anos, fui descobrindo o talento para a pintura, quando, então, resolvi fazer um curso de pintura em São João del- Rei”.

O curso foi em novembro de 2013, com o professor e artista plástico João Bosco Gamaliel Pinto, que assina suas obras como Yohanobosco. “Na verdade, eu nem sabia que tinha curso de pintura em São João del-Rei. Foi por acaso: eu estava passeando e vi um folheto informando sobre o curso de pintura. Eu me interessei logo e me matriculei no curso.”

Foi um achado para Angelo. “Estava desempregado devido a problemas de saúde (depressão e ansiedade); descobri, então, uma nova profissão com a pintura e também uma forma de ajudar no tratamento da depressão.” Antes de fazer o curso, Angelo sentia-se inseguro, “tudo era muito difícil, eu não acreditava no meu potencial, mas durante o curso de pintura fui descobrindo novas técnicas, novos conhecimentos sobre arte. Mudou pra melhor, mas continuo aprendendo...”.

Em 2015, Angelo casou-se com Meiry Augusta dos Reis Resende (47 anos), com quem tem um filho: José Augusto Resende, de 7 anos. Uma união que mudou muito a vida do pintor. “Minha esposa Meiry é muito mais que um braço direito para mim. Se hoje eu pinto, dou aulas e participo de eventos, é muito graças a ela, que sempre me apoia e me levanta nos momentos mais difíceis da vida.”

 

Aulas para crianças

Durante a pandemia, surgiu a ideia de dar aulas de pintura para crianças, conta Angelo, e a esposa participou da decisão. “Foi um tempo difícil para todos; conforme eu fui amadurecendo, ganhando mais conhecimento com a arte e participando de eventos culturais, algumas pessoas foram me procurando, interessadas em aprender também.”

Depois de muita conversa entre Angelo e Meiry, surgiu a ideia de procurar o xará Angelo Márcio Resende (músico e dono da escola Vibratos); “ele se interessou e surgiu a parceria de poder levar para a escola as aulas de pintura”. As aulas começaram em janeiro deste ano, embora tenham sido planejadas com bastante antecedência.

São 21 alunos de pintura distribuídos em sete turmas de quatro alunos cada uma “devido ao espaço pequeno da sala de aula”. As idades das crianças variam entre 6 e 10 anos, “mas tenho uma aluna de cinco aninhos”, comemora Angelo. As aulas são uma vez por semana, cada aula com duração de uma hora e meia, sempre nas terças, quartas e sextas-feiras. 

As preferências das crianças são as mais diversas, revela Angelo - “Elas gostam de desenhar de tudo; então, vou ouvindo e conhecendo seus gostos e vou elaborando os exercícios. Elas querem aprender a desenhar bem, fazer belos desenhos... Em vista disso, nas primeiras aulas eu ensino algumas técnicas bem simples para que elas possam criar e desenvolver seus próprios desenhos”.

No começo, ele pratica com os alunos mais o desenho a lápis, isto nos três primeiros meses; “depois começamos uma introdução na fase de pintura. Utilizamos a tinta guache e pincéis escolares e começamos a aprender as primeiras técnicas em aquarela e teoria das cores, sempre de forma bem simples e acessível. Utilizamos material barato para que todos possam ter acesso”.

Cada aula é devidamente planejada a fim de que os alunos possam realmente aprender as técnicas da aquarela, enfatiza Angelo. “Tudo feito com muito carinho.”

Angelo já aufere algum ganho com a arte, “mas eu e minha esposa Meiry temos um cômodo na Avenida dos Artesanatos, o qual alugamos. Com ele, podemos completar nossa renda familiar”.

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