Avenida Leite de Castro, novo pólo comercial de São João del-Rei


Economia

José Venâncio de Resende0

Av. Leite de Castro: por onde o comércio cresce

Os  bairros das Fábricas e da Colônia do Marçal vivem uma efervescência comercial. Com a desaceleração das atividades das fábricas de tecidos (que inclui o fechamento da Santanense), o surgimento da UFSJ e do IPTAN, a instalação de supermercados e a saturação do centro histórico e de Matosinhos - não necessariamente na mesma ordem -, o comércio são-joanense expandiu-se pelas avenidas Leite de Castro e 31 de Março.

O comércio da Avenida Leite de Castro cresceu e se diversificou. São concessionárias de veículos e motos; lojas de pneus, acessórios, peças de carros/tratores e oficinas mecânicas; supermercados e mercearias; faculdades e escolas; polícias e outros órgãos públicos; lojas de roupa e moda; casas de material de construção; serviços e produtos de informática; serviços de saúde, lazer e beleza; lojas de equipamentos eletrônicos; insumos, medicamentos e defensivos para agricultura; muitos espaços gastronômicos e outros tipos de serviços.

“É a avenida por onde mais passam pessoas de carro e a pé”, resume Eustáquio Coelho de Resende, presidente da Associação São-Joanense de Corretores de Imóveis. Os empresários começaram a perceber isso. Nos últimos anos, o movimento comercial aumentou significativamente. Em 8 a 10 anos, os preços dos imóveis devem ter aumentado 250 a 300%. Tanto que se tornou difícil encontrar imóveis para negócio. E, das residências ainda restantes, muitas estão se transformando em comércio.

Eustáquio atribui esta mudança a fatores como o preço atrativo dos imóveis, localização (perto do centro, da rodoviária e das saídas da cidade), área plana, surgimento de universidades e instalação de supermercados de médio e grande porte, entre outros. Além da atividade comercial, a avenida tornou-se espaço de lazer, com a criação da pista de caminhada no canteiro central. Até a década de 1980, por ali trafegava a Maria Fumaça da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM), em linha de bitola estreita, rumo a Aureliano Mourão.

Primeira padaria. Jasminor Pinto de Lima foi o fundador da primeira padaria da avenida, numa época em que circulava a Maria Fumaça e havia três fábricas de tecidos (São Joanense; Fábrica Brasil, atual João Lombardi; e Santanense, antiga Dom Bosco), além de residências e botequins.

Jasminor era então sócio do pai, José Pinto de Lima, na Padaria Tiradentes, no centro histórico próximo à antiga rodoviária. Em 1974, decidiram entregar pão para um botequim na Avenida Leite de Castro, perto das fábricas São Joanense e Brasil. Com o aumento da freguesia, no final de 1975, Jasminor resolveu abrir a Panificadora São Geraldo, no número 278 da avenida, hoje tocada em sociedade com o filho.

Com o tempo, as fábricas de tecidos perderam expressão e a linha férrea foi desativada; novas residências foram construídas; proliferaram mercadinhos e botequins; a rodoviária foi transferida; surgiram os primeiros supermercados e as universidades. A avenida passou por um processo de reinvenção. Hoje, existem cerca de oito padarias (incluindo as de supermercados) na Avenida Leite de Castro, estima Jasminor.

O Auto – R Caputo, que trabalha com peças Fiat e serviços multimarcas, está há mais de 20 anos na Leite de Castro. Mudou de endereço três vezes em busca de mais espaço, já que trabalha com vários tipos de serviços para carros (balanceamento, escapamento, retífica de motor etc.), até se instalar no número 1676, conta Roginei Caputo.

A Leite de Castro é o cartão de visitas de São João del-Rei, complementa Regilson Caputo. “É uma avenida bonita, com árvores frutíferas (goiaba, pitanga, amora, mexerica, jamelão etc.) que atraem muitos pássaros.” Mas cresceu muito, sem qualquer planejamento, aliás muito comum no Brasil. Por isso, precisa de “revitalização”, com implantação de ciclovias, melhoria da sinalização de faixas de pedestres, mais lixeiras e bancos, finaliza Regilson.

De mudança. A Pizzaria & Creperia Silva Randi, do casal José Raimundo e Ana Paula – que está há pouco menos de dois anos na Avenida Leite de Castro – já sentiu os efeitos da mudança de endereço. A casa funcionou quase 17 anos no Matosinhos, até que “nós visualizamos esse novo mercado na Leite de Castro que se tornou um corredor de oportunidades”, diz José Raimundo.

José Raimundo acredita que, neste curto período, já alavancou nove a dez vezes mais negócios em relação ao Matosinhos. Além dos seus clientes tradicionais, a pizzaria passou a atingir o público das empresas e escolas da região. “Outra coisa interessante é que pessoas diferentes do nosso convívio começaram a nos descobrir” – ele refere-se a turistas e visitantes de passagem por São João del-Rei. Tanto que, de dois empregados no Matosinhos, já passou para cinco funcionários.

A preocupação agora é manter a qualidade e o bom atendimento para que os resultados deste pouco mais de um ano cresçam no mínimo 30 a 40%, aposta José Raimundo. “O nosso comprometimento é lançar novos pratos para manter e ampliar a clientela.”

Já a sede da Imobiliária Venância, depois de 12 anos no Matosinhos, está de mudança para a Avenida Leite de Castro onde possui imóvel. A família de Eustáquio está há cerca de 40 anos no ramo, sua mãe atuou como despachante por 20 anos antes de abrir a empresa. Eustáquio, que sucedeu a mãe na imobiliária, é santiaguense, neto dos resende-costenses José Coelho da Silva e Ormezinda Maia de Resende (ela, natural de Jacarandira).

Chama a atenção na Avenida Leite de Castro a altura dos prédios, que raramente ultrapassam cinco andares. Como não existe legislação que limite o crescimento vertical, a explicação mais plausível é de ordem econômica. Prédios baixos dispensam o custo elevado de instalar elevadores e o aumento expressivo das despesas de condomínio (a manutenção é cara).

A lei prevê que prédios com até quatro andares não precisam de elevadores, explica o delegado regional do CRECI, Antônio Sérgio Ribeiro. Toleram-se cinco andares desde que o último seja cobertura de uso comum.

Colônia do Marçal. Não fosse a ponte do Rio das Mortes, a tendência seria as avenidas Leite de Castro de 3l de Março tornarem-se um único corredor comercial. O movimento comercial está crescendo também na Avenida 31 de Março, na Colônia do Marçal.

E ainda há espaço para a expansão do comércio na região, pois há grande número de residências e de terrenos vazios, conta Eustáquio Resende. “O imóvel lá está caro, em geral acima do preço de mercado.”

A principal característica do comércio da Avenida 31 de Março é a concentração de agências de revenda de veículos usados. Mas há também bares, restaurantes, pousadas e lojas de artesanato, transportadoras e vários outros tipos de serviços. “Acho que o comércio da 31 de Março será diferenciado, tendendo a consolidar o predomínio de revenda de automóveis usados”, prevê Eustáquio. Recentemente, uma revenda de máquinas agrícolas foi aberta na região.

“Cidade Verde”. Ao lado do crescimento do comércio na Avenida Leite de Castro, expande-se também nesta região a área de construções para moradias.

Um exemplo é o loteamento “Cidade Verde” - no terreno que pertenceu a uma mineradora na parte alta entre os campi Dom Bosco e CTAN da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) – que em breve deverá ser liberado. A infraestrutura do loteamento (água, luz, asfalto etc.) está praticamente pronta.

Pela característica da área, a tendência é o predomínio das construções residenciais, diz Eustáquio Resende. Os 388 lotes estão praticamente vendidos. Só a Imobiliária Venância, da qual Eustáquio é proprietário, e seus parceiros já venderam cerca de 140 lotes.   



 

 

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