Água limpa e abundante fluindo do solo até as torneiras das casas. Esse e é o espírito do projeto Minas+Vertentes, do Sicoob Credivertentes, que visa “recuperar/proteger recursos hídricos e democratizar o acesso à água desde a sua fonte”, de maneira a melhorar a qualidade e aumentar a quantidade da água das nascentes que abastecem propriedades e comunidades rurais.
Para isso, são cercadas nascentes (minas ou olhos dágua) em propriedades rurais localizadas na área de atuação da cooperativa. Até sua quarta edição, em 2023 (o projeto teve início em 2019, com interrupção em 2020 por causa da pandemia), no total foram instalados 28 mil metros lineares de cercas ao redor de 66 minas, o que representa investimento no valor de R$400 mil.
Até o momento, foram contemplados com o cercamento de nascentes em áreas rurais os municípios de São Tiago, Ritápolis, Resende Costa, São João del-Rei, Prados, Coronel Xavier Chaves, Piedade do Rio Grande, Madre de Deus de Minas e Alto Rio Doce. O caso mais recente é o do município de Alto Rio Doce, onde 60 famílias devem ser beneficiadas no médio prazo.
São exemplos as comunidades do Redondo (Ritápolis), a qual beneficia diretamente 12 famílias; da Cachoeira (Coronel Xavier Chaves), mais de 20 famílias; e do Santo Antônio do Porto (Piedade do Rio Grande). A proposta é que o projeto atenda todos os municípios onde existe agência do Sicoob Credivertentes, informa o geógrafo Murton de Carvalho Moreira, consultor da cooperativa.
O isolamento de todos esses espaços contou com suporte técnico especializado e matéria-prima sustentável (arames, balancins e moirões) totalmente custeados pelo Sicoob Credivertentes, diz Luiz Henrique Garcia, diretor executivo-financeiro da cooperativa. “Quando cercamos nascentes, conseguimos protegê-las lá na fonte, garantindo que cheguem a mais pessoas. Há cidadania e conscientização nisso.”
Segundo Murton, num primeiro momento é feito o cercamento de nascentes (eventual plantio de árvores pode ser feito posteriormente), sempre em propriedades particulares. “Inicialmente, é feita uma vistoria técnica prévia na qual é definida com o proprietário a área a ser cercada, levando sempre em consideração um maior número de nascentes a serem cercadas e que venha beneficiar o maior número de famílias.”
Na primeira etapa, também é realizada em todas as nascentes a coleta de água para análise, assim como medição do volume, acrescenta Murton. “Posteriormente, serãorealizadas novas análises e novas medições para confirmar a importância do cercamento da nascente, garantindo a melhor qualidade e a maior quantidade da água para os usuários.”
“Exemplo para o mundo”
Na maioria das vezes, o cercamento ocorre em nascentes localizadas próximo de comunidades, o que garante o acesso ao maior número de famílias, além dos proprietários, conta Murton. “Com certeza, esta é uma grande contribuição realizada na área ambiental, beneficiando centenas de famílias com o maior bem do planeta que é a água. Esse projeto é exemplo para o mundo.”
Tanto que está em sintonia com o espírito da ONU (Organização das Nações Unidas), para quem “a água já é um recurso vital com risco iminente de escassez”, enfatiza Luiz Henrique. “A responsabilidade ambiental é pilar importantíssimo do cooperativismo, dos nossos investimentos sociais.” E não faltam motivos para isso. “Há, por um lado, uma questão latente de sobrevivência, de sustentabilidade no Planeta. Ao mesmo tempo, há os princípios cooperativistas que fazem parte do nosso DNA - tanto institucional quanto daquilo em que nossa equipe acredita. Isso explica muito o propósito do Minas+Vertentes. Somos convocados a fazer a nossa parte, a deixar um legado.”
Reconhecimento
Além de custear os investimentos, a cooperativa promove ações educativas, como a Caminhada da Cooperação, que congrega Saúde, Bem-Estar e Conscientização em Comunidades beneficiadas pelo Minas+Vertentes. Na edição de 2023, por exemplo, levou 500 pessoas ao topo da Serra São José, em Prados, numa união de forças com o já tradicionalíssimo Passeio à Serra. O evento pradense é considerado o passeio ecológico mais antigo do país, com mais de 150 anos de história!
O projeto Minas+Vertentes foi indicado, em 2021, ao Prêmio José Costa(promovido pelo jornal Diário do Comércio e a Fundação Dom Cabral, em reconhecimento a iniciativas que contribuam para um mundo melhor) e premiado, em 2022, com troféu de bronze no “SomosCoop Melhores do Ano”, concedido pela Organização das Cooperativas do Brasil (OCB).