Direito lidera ranking dos cursos mais procurados pelos jovens universitários do Brasil


André Eustáquio


Geraldo Aires

No início da série especial “Escolha sua Profissão” o Jornal das Lajes publicou o ranking das profissões mais procuradas pelos jovens que estão se preparando para ingressar na universidade e as mais bem sucedidas no Brasil, de acordo com pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O curso de Direito aparece no topo da lista como o mais procurado. Fechando a série especial, o JL conversou com o advogado resende-costense Geraldo Aires da Silva, 40, que revelou os motivos e as influências que o levaram a optar pelo Direito como carreira profissional. Casado com Sílvia Dinali, o pai de Arthur Aires Dinali Silva (5 anos) e Júlia Aires Dinali Silva (1 ano) é o atual Procurador Jurídico da Prefeitura Municipal de Resende Costa, cargo que ocupa desde 2013. Antes, porém, foi Assessor Jurídico da Câmara Municipal entre 2009 e 2012. Como advogado, Geraldo Aires atua nas áreas Cível, Criminal e Previdenciária.

Direito é o curso superior mais procurado pelos jovens brasileiros que desejam ingressar na universidade. O que o levou a escolher o Direito como carreira profissional? Quem escolhe o curso de Direito como carreira profissional tem em mira mudar não só o seu destino, mas o de todos que o cercam. Comigo não foi diferente. Escolhi enfrentar a árdua batalha de um curso com dez períodos porque tinha que dar uma guinada na minha vida. Terminei o ensino médio com certo atraso – duas reprovações e um ano dedicado ao serviço militar – então já tinha consciência suficiente do que pretendia (devia) buscar na vida. E o curso de Direito era, como continua sendo, o mais acessível em termos de custos e que pode garantir uma inserção imediata no mercado de trabalho, desde que você tenha certeza do que está fazendo (eu tinha). Entendo que também são esses os principais motivos que fazem o curso ser o mais procurado pelos jovens.

Quais foram as influências e motivações que o levaram a optar pelo Direito? Meu principal exemplo e motivador foi meu irmão Edney. Devo muito a ele pela opção feita. Sabedor das minhas condições, ele me incentivou de forma intensa ressaltando as inúmeras portas que a formação acadêmica poderia abrir no meu futuro. Ele também é formado em Direito e há mais de vinte anos trabalha no Fórum da Comarca de Resende Costa. Outro grande influenciador foi o doutor Donizetti, Juiz Titular da Comarca que tem sede em nosso município. Na época, eu trabalhava de forma precária como oficial de justiça e convivia cotidianamente com o ambiente forense, sendo essa possibilidade de vivenciar tudo de forma intensa foi ele quem me proporcionou. Além dessa incrível oportunidade, sempre ressaltou a importância de uma formação superior e também me indicou os caminhos que poderiam ser seguidos.

Fale sobre sua formação universitária. Quais foram os principais desafios que você encontrou durante a formação? Sou da segunda turma do Instituto de Ensino Superior Presidente Tancredo de Almeida Neves, IPTAN. Entendo que o nosso principal desafio – meu e da própria instituição – era o de superar a desconfiança da época sobre a qualidade da formação ofertada. Nesse contexto, com apenas duas turmas do curso de Direito, o IPTAN estava instalado num pequeno prédio próximo à praça da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, que também acomodava os cursos de Turismo e Geografia. Porém, apesar da tímida estrutura, o curso de Direito possuía um corpo docente muito envolvido e dedicado à causa da instituição. Isso contagiava as duas turmas. Cada vez mais, conseguíamos vencer as provações que não só a sociedade exigia. Outro grande desafio, mas muito importante na minha vida, era ter que trabalhar durante o dia e enfrentar a sala de aula à noite e em outra cidade. Se você não se motivar cotidianamente, abrindo mão de muitas coisas, não consegue avançar. É preciso ter foco, compromisso e acima de tudo empenho com os estudos.

Assim que você se tornou Bacharel veio logo o primeiro desafio, a tentativa de aprovação no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) – condição para o exercício da advocacia. Como foi esse momento? Como você se preparou para o exame da OAB? Lembro-me com muito orgulho deste momento na minha vida acadêmica. Muitos não sabem, mas o aluno de Direito pode tentar o ingresso na OAB, mesmo estando cursando o último período do curso. Foi esta a minha opção. Entendia que estava apto a enfrentar essa difícil provação. Mantive-me firme nos estudos na faculdade. Era responsável pela monitoria na disciplina Direito Processual Civil, participava dos projetos de iniciação cientifica e dos cursos de extensão. Nos momentos disponíveis debruçava sobre os livros para enfrentar a primeira batalha que era uma prova objetiva, cuja aprovação, se não me engano, dependia de um acerto mínimo de 50% das questões. Então fiz a danada da prova e após recorrer de três questões me habilitei para enfrentar a segunda etapa, que é composta pela elaboração de uma peça profissional e quatro questões discursivas. O “problema” maior se deu nessa etapa. A mesma foi marcada justamente para o domingo seguinte ao baile de formatura. Tive então que optar. Participava intensamente do baile de formatura ou tentava tornar realidade o sonho de ser aprovado. Optei pela segunda. Perdi parte do baile, mas fui coroado com a aprovação imediata após a conclusão do décimo e último período.

Como foi o início de sua carreira como advogado? Primeiramente, entendo que ainda estou no início de minha carreira. Formei-me no final de 2008 e fui inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil no dia 16 de janeiro de 2009, completando, portanto, apenas oito anos no início deste ano. Então ainda estou apenas engatinhando no exercício da advocacia. Como todo início, principalmente o profissional, é sempre complicado. Não venho de uma família de advogados e isso tem significativa influência para quem quer entrar no mercado. Porém, como em outros momentos da minha vida, a minha fé tornou realidade os meus desejos. Contando com o apoio incondicional do então presidente da Câmara de Vereadores de Resende Costa, Paulo Daher, o Paulinho da Elaine, fui convidado a assumir o cargo de assessor jurídico do Legislativo Municipal. Costumo falar que ele me lançou na carreira, pois confiar a um recém-formado tão importante cargo poderia prejudicar a ele próprio. Mas tudo deu certo. Focado no trabalho, fizemos importantes mudanças na atuação da Comissão de Legislação, Justiça e Redação da Câmara e com o decorrer do tempo comecei a atuar efetivamente nas demandas na Comarca.

Muitas pessoas optam pelo Direito visando aos concursos na área do Judiciário, devido aos bons salários, estabilidade, planos de carreira... Você vem se dedicando à advocacia num momento em que há muitos advogados competindo e tentando se posicionar no exigente mercado de trabalho. Vale à pena se dedicar à advocacia? Vale à pena sim, desde que você tenha paixão pelo que faz. A profissão de Advogado, como ensina Rui Barbosa, “tem, aos nossos olhos, uma dignidade quase sacerdotal”. Então vale à pena se dedicar à advocacia, quando você traz em seu interior o desejo de transformar a vida das pessoas aplicando o Direito na busca da efetivação da verdadeira Justiça. E isso é apaixonante, não tem preço e sempre vai valer à pena. O exercício da advocacia não é, e nunca será, uma missão tranquila. Pelo contrário. Estamos sempre, a todo o momento, na demanda pela busca de soluções para a vida das pessoas. E encontrar esses caminhos é muito gratificante, mesmo que você não tenha a remuneração dos cargos públicos, cujo pré-requisito seja a formação em Direito. Vale à pena sim!

Onde atua o profissional do Direito? Aí está a melhor parte quando se escolhe o curso de Direito. O bacharel em Direito possui um dos mais amplos leques de atuação profissional. Nos setores público e privado há grande quantidade de profissões que só podem ser exercidas por quem possui diploma em Direito. No setor público destacam-se as atividades de juiz, promotor de justiça e advogado de entes estatais. No setor privado a advocacia vem ganhando mais áreas de atuação. O profissional do Direito é cada vez mais solicitado para atuar em outros campos como diplomacia, mediação e arbitragem, assessoria política, consultoria empresarial, jornalismo etc. Então, se quiser trabalhar vai encontrar seu caminho cursando Direito.

O que você diz a um jovem que deseja optar pelo Direito como carreira profissional? A primeira coisa a se pensar ao tornar-se Bacharel em Direito é que tal condição, por si só, não equivale à garantia de emprego e muito menos ganhar polpudos salários. Porém, tal formação irá habilitá-lo a optar por inúmeras carreiras cujo nível de exigência para a ascensão social e financeira está cada vez mais alto. O que precisará fazer é se dedicar de forma profunda na vida acadêmica. As instituições educacionais estão mais exigentes e o mercado de trabalho cada vez mais selecionado. Por isso, se você tem a intensão de mudar não a sua vida, mas da sociedade que o cerca, faça Direito (em todos os sentidos).

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