Em Resende, obras de conservação e restauro em duas igrejas dos séculos 12 e 13


Cultura

José Venâncio de Resende0

Igreja de São Martinho de Mouros (fonte: Rota do Romântico).

As igrejas de Santa Maria de Barrô (século 12) e de São Martinho de Mouros (século13), no município de Resende, norte de Portugal, vão passar por obras de conservação e restauro, segundo informa a Câmara Municipal. Desde 1922, as duas igrejas são classificadas como Monumento Nacional e, em 2010, passaram a integrar a Rota do Romântico.

No final de outubro, aconteceu na Igreja de Barrô a primeira reunião da equipe técnica que vai realizar os trabalhos de conservação e restauro de três retábulos em talha e 12 esculturas de madeira.

Em breve, também terão início os trabalhos de conservação e restauro de quatro retábulos em talha, dos dois tetos (um em caixotões de madeira), do púlpito e de 15 esculturas de madeira da Igreja de São Martinho de Mouros.

As intervenções nas Igrejas de Barrô e de São Martinho de Mouros deverão estar concluídas no final de 2019, e representam um investimento de cerca de 208 mil euros.

Igreja de Barrô*

A Igreja de Santa Maria de Barrô remonta ao século 12. Foi construída como igreja particular de D. Egas Moniz (c. 1080-1146), Aio do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, e o fundador da família Resende. Pertencente a Egas Moniz, por doação do rei, o padroado da igreja foi transferido, em 1208, à Ordem dos Hospitaleiros por sua nora D. Sancha Vermudes.

Barrô era então uma Freguesia com uma área menor do que a da vizinha São Martinho de Mouros (onde se situava a sede do município a que pertencia). Em 1758, tinha uma população estimada de 1327 habitantes que se distribuíam entre lugares e quintas, numa zona de montanha e de ribeira.

É uma igreja com arquitetura religiosa, românica, gótica, maneirista e barroca. De fundação medieval, foi bastante alterada nas épocas sequentes. Destacam-se, na fachada principal, a existência de figuras humanas relevadas, bem como os capitéis historiados na capela-mor e arco triunfal.

A ladear o portal principal, duas cruzes de Malta, marcadas na pedra, devem ter sido lavradas durante o século 16, pois a Ordem Religioso-Militar dos Hospitalários mudou o nome para Ordem de Malta em 1530.

O retábulo-mor é de talha dourada, bastante elaborada, destacando-se o remate com sanefa, lambrequins e falsos drapeados, bem como os fragmentos de frontão invertido. Os retábulos colaterais, embora de estrutura do barroco nacional, apresentam o remate mais elaborado, revelando um período de transição para o barroco joanino.

São Martinho de Mouros**

A Igreja de São Martinho de Mouros ergue-se num espigão, na Serra das Meadas, sobre o curso terminal do ribeiro da Bestança, no seu caminho rumo ao rio Douro.

Embora sejam parcos os dados históricos, as primeiras referências documentais sobre a Igreja de São Martinho de Mouros surgem a partir do século 13. De padroado real, a Igreja passou para outras mãos: a Casa de Marialva (século 15) e a Universidade de Coimbra (século 16).

A existência de uma inscrição, relativa ao ano de 1217, gravada na face exterior da capela-mor (lado norte, primeira fiada acima da sapata e quinto silhar a contar da direita), remete-nos ao início da construção desta igreja. O seu projeto inicial era arrojado, estando previstas três naves abobadadas que não chegaram a ser erguidas.

Na Época Moderna, sobretudo no período barroco, deu-se a modificação da sua espacialidade e da decoração. Destaque para o retábulo-mor, em estilo nacional, com trono eucarístico sobrepujado por uma representação da Ascensão de Cristo.

Os retábulos da nave, também dentro da linguagem barroca, são mais simples que o maior. Consagram-se os colaterais ao Senhor das Chagas e a Nossa Senhora do Rosário e o lateral (do lado direito da nave) à Senhora do Desterro.

De 1530, destacam-se duas pinturas a óleo sobre tábua na capela-mor que representam cenas da vida de um São Martinho caritativo e místico.
Já as pinturas a fresco nas paredes colaterais da nave podem ser execuções dos últimos anos do século 15, das quais restaram as representações (hoje encobertas pelos retábulos) de São Martinho e certa figura feminina envergando um hábito beneditino.

Deve-se ainda salientar a presença, nos vários altares e sobre mísulas, de peças de imaginária de boa qualidade plástica, das quais se destaca São Martinho de Tours, o padroeiro.

A igreja está localizada na freguesia de mesmo nome, no município de Resende. A freguesia de S. Martinho de Mouros, que foi sede do concelho entre 1121 e 1855, é das mais antigas de Resende e também das mais ricas em História, tradições e belezas paisagísticas.

LINKS RELACIONADOS:

*Rota do Romântico – http://www.rotadoromanico.com/vPT/Monumentos/Monumentos/Paginas/IgrejadeSantaMariadeBarro.aspx?galeria=Fotografias&regiao=Resende&monumento=Igreja%20de%20Santa%20Maria%20de%20Barr%C3%B4&categoria=&TabNumber=0&valor=/vPT/Monumentos/Monumentos/Paginas/IgrejadeSantaMariadeBarro.aspx&guid={56602F4B-2770-484C-B9C8-F8CC103050C3}

**Rota do Romântico - http://www.rotadoromanico.com/vPT/Monumentos/Monumentos/Paginas/IgrejadeSaoMartinhodeMouros.aspx?galeria=Fotografias&regiao=Resende&monumento=Igreja%20de%20S%C3%A3o%20Martinho%20de%20Mouros%20%20%20&categoria=&TabNumber=0&valor=/vPT/Monumentos/Monumentos/Paginas/IgrejadeSaoMartinhodeMouros.aspx&guid={2B5C5DE6-290F-4535-AC86-976C64E35973}

 

 

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