Gilbert, atleta são-joanense que sonha com Tóquio em 2020


Perfil

José Venâncio de Resende 0

Gilbert treina na pista do CTAN-UFSJ.

Integrar a equipe de atletismo do Brasil que vai aos Jogos Olímpicos de Tóquio (Japão) em 2020 é a grande meta do atleta são-joanense Glenison Gilbert Carvalho. Ele sabe que tem pela frente muito trabalho, e conta com a experiência do treinador Adriano Maron e a parceria da namorada Laura Maria Ferreira Silvério, também corredora.

No curto prazo, Gilbert trabalha forte para participar de 14 provas regionais, estaduais e internacionais até o fim do ano, entre elas a Meia Maratona do Rio de Janeiro em 4 de junho. “Todos os dias, eu e a Laura treinamos juntos. E sempre que possível ela me acompanha nas provas, correndo também.”

Gilbert nasceu em 8 de fevereiro de 1986 no distrito do Rio das Mortes, onde concluiu o ensino médio na Escola Estadual Evandro Ávila. É filho de Vicente Ferreira Carvalho e de Aparecida Batista Santos Carvalho.

Aos l8 anos, Gilbert ingressou no 11º Batalhão de Infantaria de Montanha (11º B I Mth) do Exército, onde permaneceu durante sete anos. Já no primeiro ano, ele começou a se destacar em competições tanto internas do Batalhão quanto das Forças Armadas. Por exemplo, foi um dos representantes do 11º B I Mth na competição do Comando Militar Leste (CML), em Brasília.

Ao deixar o Exército, a partir de 2012, Gilbert passou a conciliar o atletismo com o trabalho no sítio arrendado pela família. Aliás, antes de ingressar no 11º B I Mt ele já trabalhava na roça, ajudando a tirar leite e a plantar milho para alimentar o gado.

Ao retomar a rotina do Rio das Mortes, Gilbert optou por treinar logo cedo (entre 5 e 7 horas da manhã), antes de enfrentar as atividades rurais. Mas o tempo de treinamento não era suficiente, tanto que, de uns seis a sete meses para cá, ele está treinando mais forte para ganhar maior condicionamento e assim disputar em igualdade de condições com os melhores atletas.

Projeção

Gilbert começou a ganhar projeção em 2014 quando participou de provas importantes no primeiro semestre daquele ano. “Foi o ano em que comecei a me destacar.”

Ele venceu a Corrida Riveli, em Barbacena, e a Corrida do Dia dos Pais em Araxá (Triângulo Mineiro) – nesta última, enfrentou concorrentes da tradicional equipe de atletismo do Cruzeiro. Além disso, atingiu a marca de 30 minutos e 15 segundos na Corrida Tribuna de Santos, uma prova internacional de 10 km com a presença de 21 mil atletas. Em agosto, alcançou a oitava colocação geral (quinta entre os brasileiros) na prova internacional “Bombom Garoto”, em Vitória (ES), enfrentando os temidos atletas africanos (do Quênia, Etiópia e Tanzânia).

Esta sequência foi interrompida por uma lesão, que Gilbert atribui ao serviço pesado na roça e à falta de tempo para descanso. “Fiquei cinco meses lesionado, não corri mais em 2014. Tive até vontade de abandonar as corridas. Só não parei porque contei com a força dos amigos e porque conheci a Laura, que me deu o maior incentivo.”

Livre da lesão, Gilbert retornou aos treinos na companhia de Laura. “Eu e a Laura começamos a treinar e a competir juntos.”

Nova fase

Assim, 2015 foi o ano do recomeço, de recuperação da boa forma perdida, o que tem exigido muito de Gilbert. “A corrida é muito ingrata; pra subir de patamar é difícil, mas pra cair é muito fácil porque a gente perde a performance.”

Novos desafios surgiram e Gilbert voltou a se posicionar no cenário de corridas pelo Brasil. Em junho, o atleta deu partida à conquista do tricampeonato (2015, 2016 e 2017), ao vencer pela primeira vez a Corrida São Camilo, em Cachoeiro do Itapemirim (ES). “A partir daí, venho me destacando em corridas na região das Vertentes e em outros estados, como São Paulo e Espírito Santo.”

Em 2016, Gilbert voltaria a competir em Barbacena, alcançando o segundo lugar na Corrida Riveli. Em abril do ano seguinte, chegou ao topo do pódio, em Franca (SP), sagrando-se campeão na Corrida São Joaquim.

Ainda em 2017, Gilbert conquistou o título de campeão da Corrida América, em Belo Horizonte. Também foi campeão da Corrida Nacional da Fogueira (Patrocínio), competição que já fora vencida por quenianos e pelo maratonista Franck Caldeira. Ele ainda conquistou a segunda colocação na Meia Maratona de Belo Horizonte.

Mas não parou por aí. Em dezembro, Gilbert venceu a Meia Maratona do Aniversário de São João del-Rei e a Corrida Cacel, na mesma cidade. O atleta ainda participou, pela primeira vez, da Corrida de São Silvestre, em São Paulo, alcançando a vigésima colocação geral (décima entre os brasileiros) entre 30 mil corredores. “Já estou me preparando para a São Silvestre deste ano.”

Em 2018, Gilbert já participou da tradicional Corrida de Governador Valadares (aniversário da cidade), alcançando o segundo lugar ao competir com a forte equipe de atletismo do Cruzeiro. Também esteve presente na internacional Corrida de Reis, em Brasília, obtendo o quinto lugar.

Patrocínio

Este ano, Gilbert começou a receber, dentro do possível, ajuda da Elite Academia, que fornece assessoria esportiva. Mas o atleta faz questão de enfatizar que sempre conta com o apoio do amigo Jorge Luís, que também é corredor. Em anos anteriores, ele também foi apoiado por uma loja de São João del-Rei.

Mas Gilbert não tem um patrocínio, que cubra todas as despesas. Na verdade, o seu maior problema é justamente a falta de um patrocinador. “É sempre difícil conseguir patrocínio e, com a crise, a situação piorou. A gente gasta muito com tênis, viagens e alimentação, que tem de ser adequada, com muita fruta e legumes. E a gente não tem salário, ao contrário de outros corredores profissionais.”

Além dos apoios, Gilbert recebe premiações em dinheiro pelo desempenho nas corridas. “O que salva são as premiações das corridas. Se não fosse isso, eu já tinha parado.”

Desde 2007, Gilbert treina com Adriano Maron, que foi treinador de João da Mata, vencedor da São Silvestre de 1986, e de Tomix, primeiro ganhador da Maratona Internacional do Rio de Janeiro.

 

 

 

 

 

 

 

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