Murton, da ARCOSTA, fala do passado, presente e futuro do agro municipal


Entrevistas

José Venâncio de Resende0

fotoMurton Moreira em sua propriedade.

O perfil do agronegócio resende-costense permite vislumbrar um futuro muito bom para o setor. Assim, podemos resumir a visão do geógrafo Murton de Carvalho Moreira, natural de Prados, mas que vive em Resende Costa desde 1983. É casado com Andrea Cristina Lima Moreira, com quem tem quatro filhos.

Murton tem curso técnico em agropecuária pela Escola Agrotécnica de Barbacena Diaulas Abreu e, posteriormente, fez Faculdade de Geografia, também em Barbacena. Chegou a Resende Costa em 9 de setembro de 1983 para ingressar no Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG), onde trabalhou por 37 anos até se aposentar. Atualmente preside a ARCOSTA (Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Resende Costa).

Como foi a sua experiência no IEF? Quando entrei no IEF, existia o Programa MG2, visando a fomentar o reflorestamento e diminuir a pressão de desmatamento de matas nativas, através do plantio de eucalipto. O escritório do IEF de Resende Costa foi o que mais produziu mudas de eucalipto, distribuídas aos produtores da região, o que proporcionou uma importante mudança na vida socioeconômica dos mesmos. Eu fazia muitas visitas aos produtores e pude constatar a evolução das pequenas e médias propriedades, com o seu crescimento baseado na venda do carvão de eucalipto.

 

Que contribuições a sua experiência no IEF trouxe para o seu trabalho na ARCOSTA? A partir de 2008, tentamos criar uma associação dentro da ARCOSTA, visando adquirir o melhor preço para o carvão, mas infelizmente não conseguimos. Também tentamos, junto à Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei (ACI del-Rei), a vinda da empresa Duratex para a nossa região. Eles nos visitaram, fizemos toda explanação do potencial da região, visitamos alguns municípios, mas não tivemos sucesso devido ao momento de crise que se iniciava no Brasil na época.

Desde quando você está na direção da ARCOSTA? Eu faço parte da ARCOSTA desde a sua fundação, como associado, e, nos últimos anos, participei como tesoureiro, secretário, vice-presidente e agora presidente, completando neste mês dois anos nesse cargo. A ARCOSTA tem como objetivo apoiar o pequeno e o médio trabalhador e produtor de Resende Costa.

Quais são as principais atividades da ARCOSTA? Criamos uma pequena patrulha mecânica para atender os produtores, dentre outras atividades. Hoje temos um maior volume de equipamentos, apoiando o produtor rural em suas necessidades. Temos um convênio junto ao IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), evitando assim a necessidade de deslocamento (do produtor rural) até São João del-Rei. Temos um subsídio na compra de calcário e, nos dois últimos anos, na compra de adubo, ajudando o produtor a economizar nesse setor. Realizamos também a vacinação gratuita da brucelose em todo o município. Fazemos a compra conjunta de peixes, frutas, pintinhos, frutíferas etc., o que favorece o associado com preços melhores. Tudo isso tem o apoio da administração municipal. Estamos instalando no Parque de Exposições uma balança rodoviária, graças à intervenção do hoje ex-deputado estadual Glaycon Franco e da administração municipal, através do grande apoio que a Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente nos tem dado em todas as áreas. Esse empreedimento terá um custo em torno de R$200.000,00, para atender os produtores, entre outras demandas dos nossos munícipes. Essa balança, através de convênio, ficará com a administração da ARCOSTA. Temos também realizado o leilão misto de gado, mensalmente, tendo como grande parceiro o Clube dos Cavaleiros de Resende Costa.

Na sua opinião, qual é o perfil do agro resende-costense? O perfil do agro de Resende Costa é muito bom, principalmente na área de gado de leite, que tem sido de excelência na sua produção e sempre com destaque nas exposições em que participa na região, sempre ganhando os primeiros lugares na qualidade genética do gado. Estamos no rumo certo do agronegócio, pois os produtores de Resende Costa são respeitadores em relação ao ambiente, procuram trabalhar em áreas já antropizadas (características originais do meio ambiente alteradas pelo homem) e sempre atentos às novas tecnologias.

O futuro é promissor? Vejo um futuro muito bom para o setor. Mas precisamos, em nível de governo federal, ter um pouco mais de respeito pelo agronegócio, parando de falar que somos destruidores, que prejudicamos o meio ambiente, pois, se poucos agem errado, não podemos dizer que são todos. A legislação ambiental no Brasil é uma das mais rígidas do mundo e está sempre em modificações. Na questão tecnológica, o cidadão de Resende Costa acompanha suas evoluções e é muito atento e consciente, procurando sempre se adequar dentro de suas condições financeiras e aptidões de sua propriedade.

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