Padre Josué completa 100 anos de uma história dedicada à educação e ao povo


Perfil

Lucas Lara0

Pe. Josué, sdb, resende-costense, debruçado sobre o volume da Coleção Lageana, “Um olhar sobre Resende Costa” (fotos arquivo familiar)

Quem me conhece sabe o quanto sou feliz e orgulhoso de familiares e amigos. Coisa de neto do Tarcísio e da Gaída, que, além de serem, colocaram em minha vida dois exemplos que me constituem. Primeiro, meu amado avô, filho da Abigail e do Zeca da Chácara, me fez ter a chance de ser sobrinho-neto de Irmã Madalena, a Tia Zizi, filha da caridade de São Vicente de Paulo. Já vovó Gaída, do Zezué e da Dona Chiquita, me deu a honra de ter como tio-avô Pe. Josué Francisco da Natividade, salesiano de Dom Bosco. Os dois, Irmã Madalena e Padre Josué, meus tios, como vovó Gaída e vovô Tarcísio, me fizeram entender o que é missão e o tal do amor-doação.

Mas é do tal do Pe. Joso que quero falar hoje. No dia 31 de outubro deste ano, completa 100 anos. Josué Francisco da Natividade nasceu em 1921, filho do Sr. José Francisco de Paula e da D. Francisca Augusta de Paula. Tem como irmãos Jair, Wander (que também foi padre), a Eni, a Francisca, sendo estes falecidos, e a minha avó Margarida. Começou o caminho para o sacerdócio com 14 anos. Em 1936, seguiu para o seminário em Lavrinhas (SP). Os seus primeiros votos foram feitos em 1940, quando terminou o noviciado. Cursou Filosofia entre os anos de 1941 e 1943 em Lorena (SP). Já o tirocínio foi entre 1944 e 1946 em “um dos mais antigos e importantes colégios salesianos do Brasil, o famoso Liceu Coração de Jesus, situado no coração de São Paulo”, como disse Rosalvo quando dos 90 anos de Pe. Joso, aqui mesmo no JL. Terminou essa etapa ao fazer seus votos perpétuos. Por fim, o curso de Teologia também foi feito em São Paulo, no Instituto Pio XI, situado no alto do bairro da Lapa, onde hoje é um campus do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, em que tive o prazer de estudar, especializando-me em acompanhamento de adolescentes e jovens, muito pelo seu exemplo. Sua ordenação sacerdotal foi em 8 de dezembro de 1950, dia da Imaculada Conceição. Sim, já são 70 anos de sacerdócio. A celebração aconteceu na igreja salesiana de Nossa Senhora Auxiliadora, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. No dia 1º de janeiro de 1951 celebrou sua primeira missa na terra natal, sob as bênçãos da Virgem da Penha, aqui em Resende Costa.

Hoje, Pe. Joso é o salesiano mais idoso da Inspetoria Salesiana São João Bosco, fazendo parte de toda a sua história, uma vez que foi ordenado apenas três anos depois de sua fundação. A inspetoria foi criada em 1947 e abrange o Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins. O primeiro trabalho do Pe. Josué no território da ISJB foi em Pará de Minas, onde hoje atua meu grande amigo, Pe. Roberto Modesto, sdb. Depois esteve em Araxá, de onde seguiu para Niterói (RJ), para o Colégio Salesiano Santa Rosa, onde está atualmente. Formado, também, em História e Português, lecionou por mais de quarenta anos e ajudou na formação educacional e social de milhares de jovens, em consonância com a missão assumida por Dom Bosco. Além do colégio e das atividades pastorais na basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, desenvolveu inúmeras atividades assistenciais em bairros e comunidades de Niterói.

Sou adepto do que nos diz Adélia Prado: “o que a memória ama, fica eterno”. Dessa forma, está eternizado em meu coração as inúmeras vezes em que ansioso fiquei pelas férias de janeiro que Pe. Joso sempre passava em Resende Costa. Cada conversa uma aula, em que, na varanda de vovó, nos contava dos projetos, dedicando sua vida à educação e ao povo, principalmente aos jovens. Lembro-me das lindas missas que esperava o ano todo para atuar como coroinha. Não me esqueço de todo ano escutá-lo em seu quarto ensaiando as músicas da Campanha da Fraternidade para chegar a Niterói preparadíssimo. Minha avó Margarida, caçula dos irmãos, sempre mantém vivas memórias de seu irmão mais velho, apesar da distância, sempre cheia de brio. Vovó foi conhecê-lo só quando tinha 12 anos de idade porque, quando nasceu, ele já estava no seminário. O mesmo aconteceu com Wander. Ambos se ordenaram, mas só Josué seguiu exercendo o sacerdócio.

A história de Pe. Josué se mistura à história da presença salesiana no Brasil. Tanto que, como também disse Rosalvo (2012), “tornou-se uma figura emblemática” no Colégio Santa Rosa e em toda a comunidade salesiana. Exímio conhecedor e mestre da língua portuguesa e da história, é um exemplo não só pedagógico, mas também social e pastoral. Em toda sua vida, conquistou o que Dom Bosco pretendia com os salesianos: ser sinal e portador do amor de Deus aos jovens, especialmente os mais pobres, por meio da evangelização, da educação e da assistência social, contribuindo para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Sem dúvida, é o nome de um dos grandes resende-costenses que agora se torna centenário e merece todas as honras a serem atribuídas. De cá, fica o orgulho e a gratidão aos salesianos pelo zelo com a vida, a história e as conquistas de Pe. Joso.

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