Recuperação dos empregos formais, em ritmos diferentes


Economia

José Venâncio de Resende0

Av. Tancredo Neves, uma das áreas comerciais da cidade. Foto Bruno Carvalho - facebook São João del-Rei, olhares do cotidiano

O impacto negativo da crise sanitária no mercado de trabalho formal de São João del-Rei pode ser dimensionado pela perda de 944 postos de trabalho (empregados com carteira assinada) no período de março a maio de 2021 quando a expansão da pandemia ainda era lenta. Tal era a gravidade da recessão local que “esse volume de desempregados em três meses foi maior do que o emprego gerado de 819 trabalhadores durante oito anos, de 2012 a 2019”, observa o economista Aluizio Barros, com base no CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia.

Mas há uma boa notícia. Houve forte recuperação no quarto trimestre de 2020 (521 novos postos de trabalho) e, no primeiro trimestre de 2021, as contratações em todos os setores superaram as demissões (mais 415 empregos), segundoo Boletim do Mercado de Trabalho do Departamento de Ciências Econômicas da UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei). Assim, o total de empregos formais chegou a 18.143, “voltando aos patamares pré-crise em fevereiro de 2020”.

A recuperação dos empregos formais prossegue em 2021, refletindo perspectiva de crescimento econômico para o corrente ano, analisa Aluizio Barros. “Alguns setores crescem mais rápido do que os demais; outros setores ainda contabilizam perdas. O comércio é responsável por mais seis mil empregos formais. Os setores de comércio, transporte, viagens, alojamento (hotéis, pousadas) e alimentação (restaurantes, bares e lanchonetes) e de serviços pessoais foram os que mais sofreram com a pandemia. Sendo uma cidade turística, São João del-Rei foi afetada, embora não saibamos ainda a magnitude do impacto, uma vez que muitos serviços são prestados na informalidade.”

Nota negativa foi a inflação, que corroeu o poder aquisitivo das famílias. Um exemplo é a cesta básica são-joanense, medida pela pesquisa mensal do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Economia (NEPE) da UFSJ. O valor da cesta aumentou de R$ 410,04, em março de 2020, para R$ 503,87 em abril deste ano, mas a participação relativa dos gastos com alimentos no salário mínimo líquido passou de 42,42% para 49,52% nesse um ano de pandemia.

 

Vacinação

O que pode prejudicar a recuperação econômica em curso é o combate à pandemia, alerta Aluizio Barros. “A maior preocupação dos governantes e de todos nós é garantir o sucesso no enfrentamento da pandemia, como pré-requisito para uma economia em crescimento. Sabemos que nem todos os países conseguiram resultados sólidos até o momento. O vírus continua se disseminando na população a taxas elevadas.”

Em São João del-Rei, na semana anterior ao dia 29 de maio, foi registrado um recorde de novos casos confirmados de Covid-19: a média móvel diária atingiu 55 casos, segundo acompanhamento do Departamento de Ciências Econômicas da UFSJ. Há duas semanas, esse número era de 40 casos, e no inverno de 2020, de apenas 10.

A esperança do controle da pandemia está na vacinação, cujo esforço vem adquirindo mais coordenação e eficiência, constata Barros.

LINK RELACIONADO: 

https://www.jornaldaslajes.com.br/integra/em-resende-costa-e-sao-joao-del-rei-comercio-reinventa-se/3356

 

 

Texto finalizado em 30/05.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário