Resende: Associação Empresarial quer atrair investidores para o município


Economia

José Venâncio de Resende0

Anabela, vice-presidente da AER.

A economia da Vila de Resende, município de cerca de 11 mil habitantes no norte de Portugal, é baseada nos setores primário (agricultura) e terciário (comércio e serviços). O setor secundário (indústria) limita-se a algumas empresas como serralherias e carpintarias associadas à construção civil, de acordo com Anabela Oliveira, vice-presidente da Associação Empresarial de Resende (AER).

Para diversificar a economia, a AER tem uma estratégia, sustentada em dois pilares: apoiar os empresários locais em questões como legislação, divulgação de projetos para conseguir recursos e candidaturas a programas e fundos estatais de investimentos; e promover a atração de novas empresas através do programa “Resende Empreende”, bem como a “internacionalização” do concelho.

Cereja

A principal atividade de Resende é a produção de cereja, cuja quantidade é estimada em 3 mil toneladas/ano pelo engenheiro agrônomo Sérgio Pinto, do Gabinete de Desenvolvimento Rural, com base na plantação de 900 hectares (dados do Instituto Nacional de Estatísticas). O problema é que o preço varia muito em função do calibre, da qualidade e da quantidade produzida na safra, diz Anabela. O produto é comercializado em Portugal, apenas uma pequena parte é exportada para outros países europeus.

Anabela defende a criação de um centro de calibragem e embalamento acessível a todos os produtores e a solidificação da marca “Cereja de Resende”, acompanhados de um plano de marketing para um período mínimo de cinco anos. A ideia é aproveitar melhor a vantagem relativa da produção antecipada em relação a outras regiões do país. 

Uva e vinho

Outra atividade agrícola importante é o cultivo de uva para vinhos. A Freguesia do Barrô (bairro rural de Resende), que produz uvas próprias para a produção de vinho do porto e de consumo, pertence à região vinícola demarcada do Douro, a mais antiga do mundo. As demais freguesias do Concelho produzem uva para vinhos verdes, cuja área é estimada por Sérgio Pinto em 380 hectares, com base nos dados da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes. A área vitícola de Resende representa 2,5% da área total plantada de uvas na região dos vinhos verdes (15,1 mil hectares em 47 concelhos). 

Anabela diz que não há tradição em Resende de criação de marcas de vinho. Por isso, ela defende que sejam estabelecidas condições para que os produtores locais criem o próprio rótulo, o que seria uma mais-valia em termos de rentabilidade para o produtor e renda para o município.

Gado e mirtilo

Na região da serra, concentra-se a criação de gado da raça arouquesa, entre outras. A carne é vendida para para talhos (açougues) e parte encaminhada à Associação Nacional de Criadores da Raça Arouquesa (ANCRA), com sede em Cinfães, que trabalha com o produto certificado.

Recentemente, a Câmara Municipal de Resende liberou incentivos, no valor de 20,9 mil euros, para 108 produtores de gado fazerem investimento no seu rebanho (estimado em 714 animais, dos quais 278 da raça arouquesa). Isto corresponde ao aumento de 80% no número de produtores atendidos, em relação ao ano anterior, e de 194% no valor do incentivo.

Já o cultivo do mirtilo ou blueberry (fruto silvestre, rico em substâncias com grande poder antioxidante, chamado também de “fruta da longevidade”) é uma atividade nova, introduzida pelos chamados “jovens agricultores”. Há vários projetos financiados por fundos comunitários.

Resende Empreende

O programa Resende Empreende, da AER, está em fase de execução, segundo Anabela. O plano é estimular o surgimento de novos empreendedores e criar cinco empresas em consonância com a realidade e as características do município.

Mas esta proposta enfrenta algumas restrições, de acordo com a vice-presidente da AER. Entre as dificuldades, Anabela aponta a falta de acessos adequados e a falta de um parque industrial adequado (infraestrutura, localização etc.).

Na parte relativa aos acessos, ela propõe a retificação de estradas de Resende, que dêem acesso à rodovia A24 (Autoestrada do Interior Norte que faz ligação a outras autoestradas importantes). “A Câmara Municipal, não tendo condições financeiras, deve ponderar embargar dois anos de orçamento em prol de efetuar retificações aos acessos que são cruciais para a circulação de pessoas e bens e que, consequentemente, trarão desenvolvimento econômico, sem por em causa o normal funcionamento da Câmara e seus respectivos serviços.”

Além disso, Anabela defende maior ação da Câmara Municipal na captação de investimentos (como oferecer terrenos, isentar licenciamentos e abreviar processos de licenciamento), bem como a criação de um gabinete de apoio aos investidores.

Quanto ao projeto de internacionalização, o objetivo é “vender” Resende no exterior de duas formas, explica Anabela. A primeira é por meio do estímulo às exportações para a Europa, de maneira a alcançar consumidores para além do chamado “mercado da saudade” (imigrantes portugueses).

A outra forma seria “vender o território” (casas, quintas etc.) a estrangeiros que queiram viver em Resende. Entre as atrações de Resende, ela destaca a segurança, a gastronomia, saúde e bem estar nas termas, a proximidade aos grandes centros e paisagens idílicas.

A Associação

A AER existe há mais de 22 anos com o objetivo de defender os interesses dos empresários ligados à agricultura, ao comércio e à indústria. A Associação desenvolve um conjunto de atividades que promovem o comércio, apoiam as empresas nas necessidades de formação professional e realizam palestras sobre temas de interesse dos empresários, entre outras.

A entidade também está apta a atuar na captação de investimentos para o município, explica Anabela. “A associação pode desenvolver ideias de projetos e divulgar junto a investidores.”

A AER tem como parceiros o Conselho Empresarial de Tâmega e Sousa (que integra as 11 associações empresariais da região), o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Santa Casa de Misericórdia de Resende, a Comunidade Intermunicipal de Tâmega e Sousa (que integra as Câmaras Municipais), a Liga dos Chineses de Portugal, Bombeiros Voluntários, escolas e instituições particulares de solidariedade social. 

LINK RELACIONADO: 

Resende: reeleito, Manuel Garcez assume segundo mandato de olho nas liberações dos fundos europeus: 

https://www.jornaldaslajes.com.br/integra/resende-reeleito-manuel-garcez-assume-segundo-mandato-de-olho-nas-liberacoes-dos-fundos-europeus-/2312

 

 

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