Depois de 100 anos, imagem de N. S. da Soledade volta à Fazenda do Catimbau

José Venâncio de Resende 0

A imagem de Nossa Senhora da Soledade visitou, no último fim de semana (22-23 de setembro), a Fazenda do Catimbau, sua primeira morada, em Resende Costa. Há 100 anos, a imagem, o retábulo e outros pertences da ermida da primitiva sede do Catimbau foram doados à então nova capela do povoado do Ribeirão pelo fazendeiro Domiciano Pinto de Rezende, conhecido como Sanico do Catimbau.

A imagem foi para o Catimbau no sábado à noite, conta Jane Resende. “No domingo, fizemos um momento de oração e em uma carreata com cerca de 100 carros ela voltou ao povoado, onde foi recebida pelo pároco Padre Fábio Reis. Muitas pessoas e a banda de música de Jacarandira. A festa foi ótima. Os antigos foram homenageados, os jovens foram estimulados a manter a tradição.”

Breve história

A capela do Ribeirão foi inaugurada aos 29 de setembro 1918, quando ao menos quatro crianças foram batizadas, conta o historiador João Carlos Resende. “O novo templo foi construído em terreno doado por Maria Cândida da Silva.”

João Carlos acredita que a “Fazenda Soledade do Catimbau” tenha sido construída por volta de 1800, “devendo ser também desta época o retábulo e a imagem de Nossa Senhora da Soledade, talvez o título mariano de devoção do presbítero”. Ele refere-se ao Padre Francisco Pinto de Góes e Lara, que provavelmente foi o primeiro proprietário da fazenda. Padre Francisco nasceu em 1767 na Fazenda Ribeirão de Santo Antônio, cuja sede ficava a poucos metros de onde hoje se assenta a Ponte do Antão, no Povoado do Pìnto.

O sacerdote era filho do Coronel Francisco Pinto Rodrigues, este nascido na região de Braga, em Portugal, e de Ana Maria Bernardes, donos da fazenda cujo último proprietário foi o Capitão Pinto e que veio a desaparecer ainda no Império, relata João Carlos. “Padre Francisco foi capelão de Passa Tempo e faleceu em 1826, tendo feito seu testamento na ´Fazenda Retiro do Catimbau´, onde residia. Já em seu inventário a propriedade aparece com o nome ´Fazenda Soledade do Catimbau´.”

Não tendo filhos, Padre Francisco nomeou quatro herdeiros, entre eles seu sobrinho e afilhado Guarda Mor Felisberto Pinto de Almeida, pai do Tenente Coronel Geraldo Pinto de Rezende, que foi proprietário da Fazenda do Catimbau até a sua morte, em 1907. A fazenda, então, foi herdada por Sanico, acrescenta João Carlos.

“Entre os retábulos das ermidas de fazendas do período em que o Brasil era parte do Reino de Portugal e que existiam na região que hoje conforma o município de Resende Costa, o altar-mor da Capela do Ribeirão é um dos últimos remanescentes, senão o único, o que reforça a necessidade de sua constante preservação. Sob os pés da pequena imagem da Virgem da Soledade, centenas de católicos receberam os sacramentos da Igreja nos últimos dois séculos.”

Povoado

A primeira referência sobre o povoado do Ribeirão conhecida por João Carlos é uma nota publicada em 22 de junho de 1895 no Jornal Minas Gerais - Orgam Official dos Poderes do Estado. Naquela data, “o periódico informava a autorização concedida pelo governo para a criação de uma escola rural do sexo masculino. Posteriormente, aos 10 de agosto do mesmo ano, o mesmo jornal informava que seria criada uma escola mista”.

O historiador resende-costense ainda não tem informação de que o projeto tenha sido executado. “É importante salientar que, embora a região possuísse fazendas importantes, como a Fazenda das Éguas, a Fazenda do Catimbau, a Fazenda da Jabuticaba e tantas outras, esta é a primeira menção que encontrei sobre o povoado, enquanto pequena aglomeração de pessoas. 

LINKS RELACIONADOS:

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- Fazenda do Catimbau: dificuldade na conservação atravessa gerações - https://www.jornaldaslajes.com.br/integra/fazenda-do-catimbau-dificuldade-na-conservacao-atravessa-geracoes/2259

 

 

 

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