Dias atrás recebi um texto do amigo Luiz Fernando Reis (Luís do Sylla), trazendo-me a figura do primeiro bispo nascido em Resende Costa e um resumo de sua trajetória de pastor da Igreja Católica. A pequena fotografia e a rápida informação de suas ligações com seus parentes de Resende Costa me chamaram a atenção. Ao mesmo tempo, lembrei-me do precioso livro histórico do Juca Chaves (editado em 2014 pela amiRCo/Coleção Lageana). Pensei também no fato de que, dadas as distâncias e as dificuldades da época em que exerceu o seu bispado, ele teria convivido muito pouco com sua terra natal, seus conterrâneos e parentes. Assim, hoje, dom Lara é pouco conhecido (e lembrado) na comunidade resende-costense. Vou mostrar um resumo de suas atividades episcopais, baseando-me no texto do Luiz e no livro do Juca (p. 226/228).
Começo com as ligações familiares de dom Lara com seus parentes de Resende Costa, transcrevendo o que me passou o Luiz. “Para melhor identificação, Dom Lara era irmão de dona Dulce Lara, uma das primeiras professoras do Grupo Escolar Assis Resende, casada com Francisco Angélico Coelho, que tiveram como filhos Maria Auxiliadora Coelho, dona Marisica [mãe do Luiz, de saudosa memória], também professora no mesmo Grupo Escolar, dona Mirtes e senhor Chico Coelho, ainda vivos e que moram em Resende Costa, dona Meninha, que mora em São João del-Rei, além dos já falecidos Zeto, Miriam, Liá e Ilva.
Dom Lara nasceu em Resende Costa em 3 de junho de 1885. Começou a estudar em Resende Costa, no primeiro colégio da antiga “Villa da Lage”, o “Colégio Resende”, no início do século 20. Passou depois para a escola profissional dos Salesianos em Cachoeira do Campo, onde foi crismado por um cardeal salesiano, dom Giovanni Cagliero, de passagem por aquela comunidade salesiana. Daí passou para o seminário diocesano de Mariana, onde sagrou-se sacerdote pelas mãos do famoso arcebispo dom Silvério Gomes Pimenta.
Em 1915 foi designado para Ponte Nova, onde iniciou a construção da atual igreja matriz de São Sebastião, um dos mais belos templos então levantados em Minas Gerais.
Com a criação da diocese de Barra do Piraí, monsenhor Lara foi nomeado seu administrador apostólico pela Santa Sé, em 1923.
Em março de 1924 foi nomeado bispo de Manaus, no Amazonas. Não chegou a tomar posse, pois, em outubro, por decisão da Santa Sé, foi designado para assumir o recém-criado bispado de Santos, em São Paulo. Sua sagração como bispo foi realizada em São João del-Rei, em 1925, pelas mãos de dom Helvécio Gomes de Oliveira, arcebispo de Mariana.
Em Santos ficou de 1925 a 1934 e dedicou-se aos pobres, com importantes trabalhos pastorais, voltados sobretudo para os necessitados, que lhe deram o título de “Bispo da Caridade”.
Por problemas de saúde, dom Lara solicitou à Santa Sé a sua transferência para a sede vacante de Caratinga, MG, onde continuou exercendo suas atividades de caridade. Em 1936, com a saúde já agravada, ele ainda trabalhava. Em plena visita pastoral, no povoado da capela de São Francisco de Humaitá, paróquia de Mutum, ele veio a falecer. Seu sepultamento em Caratinga foi acompanhado por uma multidão calculada em cinco mil pessoas.
Quando foi sagrado bispo, dom Lara veio visitar Resende Costa, nos dias 30 de março a 2 de abril de 1925, por delegação de dom Helvécio, arcebispo de Mariana. Sua terra o recebeu com festas. Juca Chaves relata em seu livro que “reunindo-se, nesse ensejo, a Câmara Municipal em sessão extraordinária, para render a sua Excia. Revma. significativa homenagem que traduziu a grande estima que lhe votavam os seus conterrâneos e o imenso contentamento e justificado envaidecimento deles por vê-lo revestido de tão alta dignidade pelos seus méritos de sacerdote culto e inteiramente voltado à causa de Deus e da Igreja”.