Deixando-nos, na bela idade dos 86 anos, essa mãe dedicada, professora competente e amante da música vai deixar um vazio, vai deixar saudades. Tal como o dizem as belas palavras da mensagem por ocasião do seu falecimento: “Alma bondosa e digna de estima, ela despertou em todos que a cercavam um carinho que não pode ser esquecido. Sua partida nos entristece, mas suas lembranças nos consolam. Viverá eternamente na memória daqueles que a amaram”.
Dona Terezinha nasceu em Resende Costa no dia 26 de novembro de 1926, filha do sempre lembrado senhor Joaquim Pinto de Góes e Lara, o sô Quinzinho e de dona Heloísa Macedo Resende (dona Nhazinha). Seus sete outros irmãos são o Adão, o Joaquim (ambos falecidos), a Isabel, o Zeco, a Heloísa, a Lúcia, o Toninho (Antônio Pinto de Góes e Lara) e o Gonçalo. Pode-se dizer, uma família musical, prendada, que cantou e encantou Resende Costa com sua arte. Mas de dona Terezinha pode-se dizer que viveu desta arte. Enquanto teve fôlego e vida, dedicou seu dote musical a nossa cidade, como violinista na orquestra, cantora, maestrina, além de harmonista. Por anos a fio seus pés e seus dedos deram vida ao antigo harmônio da Matriz, acompanhando as músicas das cerimônias religiosas. Além disso, pintava, desenhava e dava aula de artes.
Terminado o 4º. ano de Grupo, a menina Terezinha foi levada para Ponte Nova, onde estudou no internato da Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora, das irmãs salesianas, formando-se, depois de cinco anos, como “normalista”, em 1942. Nesse período só vinha a Resende Costa para as férias de fim de ano. Numa dessas viagens (que eram de trem e duravam de 15 a 20 horas), aconteceu um acidente de descarrilhamento, do qual a menina Terezinha saiu ilesa, porém toda suja de carvão, chegando assim até Ponte Nova.
Começava outra fase importante de sua vida: a de educadora e professora. Foi minha professora no Grupo desde a metade do 1º. ano até a metade do 4º. No primeiro semestre do 1º. ano começamos com uma jovem professora, vinda de Belo Horizonte. Lembro-me apenas do seu nome (ou apelido), que achávamos muito engraçado: dona Tenga. No 4º. ano minha família mudou-se no mês de julho para São João del-Rei, onde terminei o curso primário. Lembro-me do gesto de delicadeza da dona Terezinha: à noitinha, na véspera de minha partida, ela apareceu em minha casa com uma lembrancinha na mão, para se despedir de mim.
Dona Terezinha era uma excelente e dedicada professora. Colocava-me sempre junto ao Gonçalo, seu irmão mais novo, na carteira. Era no tempo das carteiras duplas, base de ferro e mesa de madeira, com o buraco no centro para colocar o tinteiro. O que mais se via eram os tinteiros entornando, mãos e roupas sujas de tinta. Lembro-me, como se fosse hoje, de que a meu lado à esquerda na outra fileira, ficava a Carminha do sô Álvaro (Maria do Carmo Mendes de Almeida, já falecida), sempre com uma bonita fita na cabeça. Também pudera não me lembrar, pois os meninos não tiravam os olhos dela, bonita, estudiosa, a melhor aluna da sala.
Além de professora no Grupo Assis Resende, dona Terezinha foi, posteriormente, professora e diretora do Grupo “Conjurados de Resende Costa”, atualmente escola municipal.
Dona Terezinha casou-se, em princípios dos anos cinquenta, com o senhor Geraldo Melo. Em 1955, estando no colégio dos salesianos em São João del-Rei, vim a Resende Costa com o coral do seminário para ordenação dos padres José Hugo e Antônio das Mercês Gomes. Soube que havia nascido o primeiro filho dela. “Vai fazer uma visita à dona Terezinha”, foi a primeira recomendação dos meus pais. Fui retribuir seu gesto de quando mudamos de Resende Costa. Lá estava o Edésio, recém-nascido. Depois vieram o Erasmo, a Tida, a Lúcia, a Heloísa, a Macrina e a Glorinha.
Vasculhando os arquivos da Escola Assis Resende, descobri a lista de matrícula dos alunos que entraram no Grupo em 1949. São duas listas separadas, meninas e meninos. A lista contém a idade e o nome do pai de cada “calouro”. Esses foram os alunos que dona Terezinha levou do 1º. ao 4º. ano. Deixou saudades em todos nós. Para homenageá-la, carinhosamente, neste momento de sua derradeira despedida, eu convido meninas e meninos, meus colegas, presentes ou já ausentes, para assinarem comigo este texto:
Meninas: 1. Antônia do Sacramento – 2. Cecília Iria de Jesus – 3. Cristina Maria de Resende - 4. Elisa Maria de Resende – 5. Elzi Maria do Socorro – 6. Efigênia Maria do Rosário – 7. Francisca Maria de Assis – 8. Geralda Coelho de Resende – 9. Helena Maria de Jesus – 10. Ione Pinto – 11. Iraci Maria da Silva – 12. Maria da Penha da Silva – 13. Maria Ozana da Costa – 14. Maria do Rosário de Resende – 15. Maria Jilânia dos Santos – 16. Maria José de Jesus – 17. Maria de Lourdes Peluzzi – 18. Maria do Carmo Guimarães – 19. Mariana Campos – 20. Maria da Conceição Pinto – 21. Maria José de Assis Neta – 22. Maria da Penha de Assis Pinto – 23. Maria Helena Andrade – 24. Maria de Lourdes Reis e Silva – 25. Maria de Lourdes Resende – 26. Marlene Urbano de Resende – 27. Maria do Carmo de Almeida - 28. Nilda do Socorro – 29. Sudária Alves de Andrade – 30. Sebastiana Maria de Jesus – 31. Vera Lúcia de Sousa Melo – 32. Valdivina de Jesus – Marlene de Lourdes.
Meninos: 1. Antônio de Assis Santos – 2. Ercílio Barbosa – 3. Francisco de Assis Resende – 4. Gonçalo de Resende Lara– 5. Geraldo Magela dos Santos – 6. Isaias Herculano dos Santos – 7. Inácio Sacramento Silva – 8. Jacob Inácio – 9. José Lourenço dos Santos – 10. José Maria da Luz – 11. José Pedro dos Santos – 12. José dos Passos de Oliveira – 13. José Geraldo Celestino – 14. José Olavo Monteiro – 15. José do Rosário Santos – 16. João Benedito de Assis – 17. Luiz Severiano dos Santos – 18. Luiz Ferreira de Andrade – 19. Milton de Miranda Santos – 20. Mário Jesus Resende – 21. Rosalvo Gonçalves Pinto– 22. Renato Gonçalves – 23. Rubens Belo de Resende – 24. Tarcísio Otoni dos Santos – 25. Vicente Ferreira – 26. Valeriano José de Souza - 27. Murilo Fonseca Chaves – 28. José Célio Alves de Andrade – 29. Hélio José Messias Santos – 30. Francisco Alves Ribeiro.
(Fonte: livro de matrícula ao 1º. ano do Grupo – 1949)