Zé Barbeiro, para os mais novos, ou Zé do Jesus, para os mais antigos. Assim sempre foi conhecido o José Constantino, que nos deixou repentina e recentemente, aos 79 anos.
O Zé Barbeiro terá sido o resende-costense que mais viveu e trabalhou no centríssimo da cidade. Se, como dizem, “filho de peixe, peixinho é”, em Resende Costa pode-se dizer, parafraseando o dito popular, que “filho de barbeiro, barbeiro é”. Do pai, Jesus Maria José (Jesus Barbeiro), para o filho, José Constantino (Zé Barbeiro) e deste, para o neto, Cláudio.
Sô Jesus Barbeiro começou trabalhando em casa, depois teve seu salão debaixo do sobrado do Joaquim Batista, tendo estado também ali perto dos Quatro Cantos, entre as casas do Jesus de Melo e do Totonho Gomes. Sempre acompanhado pelo filho José Constantino. Desde 1968 a barbearia se fixou ali na esquina da avenida Gonçalves Pinto com o antigo beco (o “beco do Barbuzinha”, como antes era chamado). Pois bem, aquela esquina transformou-se, ao longo dos anos, em um dos mais conhecidos pontos de referência da cidade. Pode-se dizer que todo Resende-costense por ali passava e passa pelo menos uma vez todo dia.
Zé Barbeiro era um homem de costumes simples, mas sistemático, no bom sentido. Madrugador inveterado, há muitos anos fazia religiosamente sua caminhada das quatro da madrugada, quase sempre em companhia do Zé da Matta, o Zé do Duque (quando ainda vivo). À tardinha, após o “expediente”, encerrava o seu dia de trabalho escondendo-se lá no quase invisível cantinho do bar do Elmo. Nessa hora sua companhia eram a cerveja, a cachacinha e os muitos amigos que por lá apareciam no seu esconderijo. Daí pra casa. A não ser que ... pintasse um forró mais tarde, lá na Cabana do Jovaldo.
Isso mesmo, o forró. Era um dos seus gostos prediletos. Dos bailes de antigamente ao forró dos últimos tempos. Além da música e do baile, o esporte, em especial o futebol. Botafoguense doente, sua barbearia era também um ponto de encontro dos amantes do futebol. O jornal era outra paixão do nosso Zé. Havia sempre algum em sua barbearia, sempre à disposição de quem quisesse. Era só entrar lá, folhear, bisbilhotar alguma notícia ou resultado de jogo e sair. Do pai, apaixonado pelo carnaval, herdou também esse gosto.
Sempre seguindo as trilhas do pai, Zé Barbeiro era também um procurado benzedor. A bênção acontecia lá no fundo da barbearia, onde uma lâmpada permanecia acesa, dia e noite, aos pés de um altarzinho de Nossa Senhora Aparecida.
A barbearia era seu segundo lar. Era lá que ele acolhia seus muitos amigos e clientes. Para esses tinha sempre, escondidinho lá nos fundos, um garrafão, com sua cachaça predileta: uma branquinha curtida com canela. Ponto-de-encontro de Resende Costa, sua barbearia era continuamente procurada por quem andava atrás de notícias, resultados de jogos de futebol, de loterias e do jogo do bicho. Mais que barbearia, ali era um espaço democrático e popular. E o mais interessante, era uma espécie de “sala de visita” da cidade. Por lá costumavam passar autoridades, políticos e visitantes importantes que transitavam por Resende Costa.
Zé Barbeiro só se afastou da cidade para, aos 18 anos, servir ao exército. Aos 20 se casou com Da. Francisca, com quem teve oito filhos: Sinhá, Evaldo, Leo, Aparecida, Solange, José Maria (seu primeiro sucessor que faleceu ainda jovem) e, finalmente, o caçula, o Cláudio. Esse certamente vai herdar o nome do pai e do avô: Cláudio Barbeiro. Zé Barbeiro também prestou seus serviços à comunidade como vereador.
Assim foi a vida do Zé Barbeiro. Cidadão participativo e acolhedor, conhecia Deus e o mundo. Prestativo, atendia seus clientes enfermos em casa ou no hospital. Pela sua simpatia acabou tornando-se, ainda em vida, um personagem inseparável do quotidiano da cidade. Agora que ele se foi, deixando saudades, torna-se um significativo personagem da história de Resende Costa.
(agradeço a colaboração do João do Góes, seu amigo e freguês de anos, para a escritura deste texto)
José Constantino (Zé Barbeiro - 1931/ 2010)
12 de Abril de 2010, por Rosalvo Pinto

Zé Barbeiro
Leitor do JL - 25/04/2010
Valeu!
Leitor do JL - 03/05/2010
Obrigada pelo carinho!
Tenho certeza que o meu avô esta olhando por todos nós!