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Resende Costa

15 de Setembro de 2017, por Rosalvo Pinto

 Prezado leitor, talvez você possa estranhar o título deste texto. Talvez, mesmo ele não tenha aparecido desde a 1ª. edição do JL (abril de 2003) até a última (agosto deste ano, nº 170). Então vou me arriscar a fazê-lo.

Partimos dos donos das terras descobertas, os índios da região. Como aconteceu em todo o território do Brasil, os autóctones foram sendo escaramuçados de suas terras. E os portugueses recém chegados começaram a receber, do Reino, as sesmarias para o cultivo das terras e a exploração de suas riquezas: alimentação e enriquecimento.

O português João de Rezende Costa foi, inicialmente, para o Arquipélago dos Açores. Tempos depois, estabeleceu-se no Brasil. Um de seus 13 filhos já nascido brasileiro e, como era de praxe, recebeu uma sesmaria. Além disso, já sendo elevado ao título de Capitão, estabeleceu-se à distância do imenso colosso de pedra que se erguia e dominava a região, a uns 8 quilômetros de sua sede.

Em pouco tempo o “colosso de pedra”, situado aos 1.140 metros de altura, passou a ser um caminho ligando as Minas Gerais a Goiás. E assim nasceu o “Arraial da Lage”, capitaneado pelo Rezende Costa. E o arraial foi crescendo.

Na década de 1780 veio o desastre. O movimento em prol da separação das Minas Gerais frente à Coroa Portuguesa foi covardemente denunciado por Joaquim Silvério dos Reis e Basílio de Brito Malheiro do Lago, entre outros. (Vale lembrar que, na mesma década (1776), os americanos afrontaram os ingleses, estabelecendo a liberdade e declarando sua república. Nós, coitados! ... estamos patinando até hoje e sonhando com uma...). Tendo fracassada a tentativa separatista, o Brasil (e com ele o arraial) atravessou o resto do século e as primeiras décadas do seguinte, só se livrando de Portugal em 1822, tornando-se uma república em 1889. No início, uma caricatura de militares e, posteriormente, um bando de civis que vem até agora capengando.

Nos inícios do século 20, ainda “Arraial” da Lage (com “g”), tornou-se Município”, em 1912. E quase de imediato, veio a 1ª. escola (o Grupo Escolar Assis Resende). Parece que os resende-costenses já sonhavam (e previam) com o valor e a beleza da estrutura escolar que temos hoje em Resende Costa.

As décadas de 20, 30 e 40 do século 20 foram penosas, aliás, também para o Brasil. A cidade sofreu, em todos os sentidos: falta de eletricidade, de água, dificuldade de transporte, de atividades físicas, ruas de terra etc. A situação era tão difícil que os rapazes, em fins dos anos quarenta, organizavam passeatas de protesto pelas ruas gritando: “Resende Costa, cidade que seduz – de dia falta água – e de noite falta luz”. Curiosamente, e com muito trabalho, foram ao mesmo tempo anos de “cultura”: o cinema, os teatros, a banda de música e até uma bela orquestra. Talvez para compensar os problemas. 

A partir dos anos 50 parece-me que a cidade pôs em ação uma trajetória que vem cada vez mais crescendo velozmente. Com relação à Política e ao serviço municipal, houve alguns deslizes, por parte de prefeito e de funcionários. Mas há muito tempo que não se veem essas coisas.

E assim continuam os anos. Pouco a pouco muitas e importantes obras foram sendo feitas para o bem da cidade. A vinda da CEMIG, as águas da COPASA, a ligação asfáltica com São João del-Rei, a aquisição do terreno para a criação do “Parque do Campo”, os calçamentos de quase todas as ruas, os cuidados com as três escolas (as duas principais da cidade e a do Ribeirão e as demais da zona rural, os cuidados com os dois cemitérios e, contíguo, o Velório, a reforma do Teatro Municipal, o extremo cuidado com o Hospital e com o alojamento dos idosos, recentemente o Campo do Expedicionário, o Salão Paroquial, o Ginásio Poliesportivo Monsenhor Nélson, os cuidados com os ambientes dedicados à saúde e a performance da Banda de Música Santa Cecília).

Mas, talvez o grande empreendimento particular que alavanca o desenvolvimento da cidade seja o Artesanato. Veio da Zona Rural, inicialmente para seu consumo e, rapidamente, espalhou-se pelo Brasil.

Bem, está aqui o esboço de um pequeno texto: “Resende Costa”. Que apareçam outros. Por hora, abraço carinhosamente minha terra. Andei trabalhando por outras plagas, mas o meu coração esteve, está e estará sempre no singelo “Arraial da Lage".

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