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Teatro em Resende Costa (2)

12 de Agosto de 2008, por Rosalvo Pinto

Mais uma pitadinha da história de Resende Costa, voltando ainda ao tema do teatro. A atividade teatral das décadas de 30 a 60 é de dar inveja aos resende-costenses de hoje. A memória organizada do primo Zé Nicodemos classifica a história do teatro em nossa terra em quatro etapas: a primeira, na década de 30, marcou o início da atividade teatral na cidade e foi liderada pelo Sô Agenor Gomes de Souza, avô do Agenorzinho Gomes. O Nicodemos se lembra ainda de alguns nomes de atores dessa época: O Zé Reis (da Donana do Zé Reis), o Chico de Barros, a Sianinha e o filho do Sô Agenor, o Totonho Gomes.

Na segunda etapa (1942 a 1948) o grupo teatral esteve sob a direção do Gentil Vale. Algumas das peças encenadas: O homem que casou duas vezes, do Oduvaldo Viana, um dos maiores teatrólogos do Brasil; Compra-se um marido, de José Wanderley, que produziu muitos trabalhos em parceria com o Mário Lago; Hotel dos Amores; Maria Cachucha, de Joracy Camargo; Os dois sargentos, peça que fez sucesso até em São João del Rei..

Essas peças eram levadas também a outras cidades da redondeza: Prados, Dores de Campos, Barbacena, Tiradentes etc. Uma noite, em Dores, lembra o nosso informante, foi preciso colocar polícia na porta, para conter as pessoas que não cabiam mais no recinto. Bons tempos em que era também comum a passagem por aqui de grupos teatrais, vindos de outras regiões do Brasil, como o “Clube Teatral Margarida Ester”, quando havia troca de experiências e de textos. Que legal!

Juntamente com as peças, foram desfilando pela cabeça do Zé Nicodemos os nomes dos atores: Zé Ramos, Quito Peluzi, Chiquinho da Maricota, Benedito Teixeira e sua mulher, a Tininha do Chora, Zizi Vale, o cômico Prudêncio Gomes, Totonho Gomes, Olga Rios, Elzi Lara, Da. Nonó, Nadir (a Nádia do Chora), a Marfisa do Alcides Mingote, a Tarcisa do Zé Noé e o nosso Nicodemos, claro. O “ponto”, figura indispensável nos teatros de antigamente, era sempre o Zé Soares.

Entre peças e nomes vêm à lembrança do nosso memorialista muitas curiosidades. O Chiquinho Maricota era filho da Sá Importa (Sra. Hipólita) e irmão do Nosso Senhor. Isso mesmo, o “Nosso Senhor da Importa”, apelido proveniente da exclamação da mãe, que gostava de se referir a ele dizendo: “Óia, gente, o Tonho é o nosso senhor!”. Na verdade, ele parecia mesmo com Jesus Cristo. Conta o Zé Nicodemos que o Chiquinho foi o ator principal da peça “Maria Cachucha”. Uns parentes do Dr. João Gaudêncio, vindos do Rio, onde já haviam assistido à peça, a viram de novo em Resende Costa. Ao final subiram ao palco para dizer que a atuação do Chiquinho da Maricota não devia nada à atuação, lá no Rio, do lendário Procópio Ferreira. Quem diria!?

A terceira etapa (1949 a 1950) continuou ainda sob a batuta do Gentil Vale. O Zé lembra de duas peças encenadas e dos nomes dos artistas: Secretário de Sua Excelência e O Falsário, e os atores da época: Zé Ramos, Chiquinho da Maricota, Benedito Teixeira, Zé Nicodemos, Arlindo do Tonico Chalé, Prudêncio Gomes, Bié do Lindolfo, Antônio Resende, Aquim do Chico da Costa (o “Caixa d’água”), Alair do Totonho da Chapada, Anésio do Cassimiro, Socorro do Sô Bico, Maria do Nico (a Maria do Zé Nicodemos), Gisele do Zé Padeiro e Heloísa do Quinzinho.

O Zé Ramos foi o líder natural da quarta etapa (década de 50 a 1968). Como justa homenagem ao pioneirismo do Sô Agenor na década de 30, ele deu ao grupo o nome de “Clube Teatral Agenor Gomes”. Muitas peças e muitos atores nessa quarta etapa: O segredo da confissão, peça encenada na festa da Missa Nova dos padres Antônio das Mercês Gomes (recentemente falecido) e José Hugo de Resende Maia, Desclassificada, Honra de palhaço, Manda quem tem dinheiro (essas três de autoria do próprio Zé Ramos), Onde está a felicidade (autoria do Alair do Totonho da Chapada), Os amores do Tomé, Dois mineiros na corte (essas duas últimas, comédias).

E os atores: Zé Nicodemos, Benedito Teixeira, Antônio Resende, Poti do Joaquim Batista, Prudêncio Gomes, Juquita do Chico Teófilo, Arlindo do Tonico Chalé, Mundinho da Donana do Zé Reis, Nozito do Jesus de Melo, Zé do Sebastião Nagib, Ana Rita, Tininha do Chora, Naná e Vera do Jesus de Melo, Lourdes do Nhô, Cleusa do Chico Teófilo, Belinha da Donana do Zé Reis.

Com a mudança do Zé Ramos para Barbacena, em 1968, acabou-se a época de ouro do teatro em Resende Costa. Nas três últimas décadas do século passado aconteceram tentativas esparsas de se reerguer o movimento teatral, muito boas, por sinal, mas, não passaram de fogo de palha. Que pena que o teatro fechou a cortina e desapareceu de cena em nossa terra!

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