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Encontros e desencontros / SCOOP - O grande furo

07 de Junho de 2008, por Carina Bortolini

Estou de volta! Este mês não trago qualquer indicação de lançamentos para vocês porque, simplesmente, não assisti a nenhum filme... Verdade, algo inédito em minha vida – um mês e meio longe da sétima arte -, mas a causa é nobre: a chegada de meu filhotinho! Assim sendo, indico três filmes excelentes, apesar de já estarem nas prateleiras das locadoras há algum tempo. Vamos lá:

ENCONTROS E DESENCONTROS (Lost in Translation, EUA)
Gênero: Drama
Direção: Sofia Coppola
Ano: 2003

Havendo ganhado diversos prêmios, inclusive o mais que merecido Oscar de Melhor Roteiro Original, este filme está na minha lista de prediletos. Nadando contra a corrente dos típicos romances, Encontros e Desencontros me fez chorar. Na época de seu lançamento nos cinemas, lembro-me que o indiquei para algumas amigas que não o aprovaram... Por isso faço, desde já, essa ressalva, pois quem espera encontrar uma linda história de amor com happy end vai se decepcionar. Mas não desistam! O filme é brilhante: sensível, verossímil, engraçado, romântico... Bob Harris (o incomparável Bill Murray) é um decadente astro de cinema que vai a Tóquio para fazer um patético comercial de whisky. Em seu hotel, está hospedada Charlotte (a então desconhecida Scarlett Johansson), que está na cidade acompanhando seu marido – um fotógrafo workaholic que a deixa sozinha o tempo todo. Do encontro desses dois personagens nascerá mais que uma amizade: apesar da diferença de idade e das diversas impossibilidades de concretização de um romance real, eles se reconhecerão um no outro. Tendo como pano de fundo uma cidade que é o retrato da solidão, um passa a ser para o outro um refrigério para o desamparo e a melancolia que os aflige. A filha de Francis Ford Coppola mostra-se sublime na direção em cenas como aquela em que Bob e Charlotte vão a um típico karaokê japonês e cantam More Than This – a trilha também é maravilhosa. Mas nada se compara à interpretação de Bill Murray, que sabe representar como ninguém um homem com humor desolado e paixão resignada. Classificação: 14 anos.

SCOOP – O GRANDE FURO (Scoop, EUA/Inglaterra)
Gênero: Comédia
Direção: Woody Allen
Ano: 2006
Mais um filme com Scarlett Johansson, mas aqui ela encena uma comédia nonsense de Woody Allen. A verdade é que desde Match Point a bela tornou-se a musa do genial diretor que, após alguns dramas, volta a fazer humor com muita competência. A atriz interpreta, com muita graça, Sondra Pransky, uma estudante de jornalismo que, durante um show de mágica, é contatada pelo espírito do famoso repórter Joe Strombel (Ian McShane), que acabara de morrer. Joe volta do além para oferecer um grande furo de reportagem a Sondra: no post mortem ele descobre a provável identidade de um serial killer, o Assassino das Cartas de Tarô, que vem aterrorizando as moradoras londrinas. Com a ajuda de Splendini (mais um neurótico e hilário personagem interpretado por Allen), o mágico que possibilitou esse encontro, ela irá atrás do suspeito - ninguém menos que o riquíssimo, charmoso e sedutor aristocrata Peter Lyman (Hugh Jackman). É claro que Sondra ficará derretida por ele, e caberá a Splendini, que finge ser o pai da moça nesta farsa, forçá-la a investigar se a acusação do fantasma tem fundamento. Divertido, inteligente e sagaz, Scoop vem provar que Allen nunca perde o fôlego. Classificação: 12 anos.
O JARDINEIRO FIEL (The Constant Gardener, EUA)
Gênero: Drama
Direção: Fernando Meirelles
Ano: 2005
Orgulho para nós, brasileiros, Fernando Meirelles dirige magnificamente este filme de denúncia contra a indústria farmacêutica. Logo no início, o diplomata inglês no Quênia Justin Quayle (o excelente e contido Ralph Fiennes) recebe a terrível notícia que sua esposa, a ativista Tessa (a lindíssima Rachel Weisz, que levou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante por esta atuação), fora encontrada morta numa região remota do país. A despeito da tentativa de forças do governo para que se acredite que Tessa era adúltera e que seu assassinato teria cunho passional, Justin decide, contra todos e contra sua própria natureza pacata e resignada, partir pelo mundo em busca da verdade sobre a morte de sua esposa. No decorrer dessa viagem, utiliza-se com muito talento o recurso do flashback para nos apresentar, a partir das lembranças de Justin, a belíssima história de amor vivida pelo casal. Competente como drama, competente como romance e competente como denúncia - o conglomerado farmacêutico usa a miserável população africana como cobaia para um remédio com efeitos colaterais potencialmente letais –, a estréia do diretor brasileiro na língua inglesa foi um sucesso, arrematando diversos outros prêmios e conquistando o respeito da crítica internacional. Classificação: 14 anos.

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