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A morte gradual da maior floresta do planeta

19 de Junho de 2020, por Instituto Rio Santo Antônio

Desmatamento na Amazônia-(Foto: infoescola)

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e contém a mais elevada biodiversidade, apresentando fauna e flora extremamente ricas. Ela ocupa uma área de 5,5 milhões de km², corresponde a 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta, tem o maior banco genético e 1/5 da disponibilidade mundial de água potável. No entanto, a ocupação não sustentável da região está ameaçando esse patrimônio mundial e em tempos de pandemia o processo está se acentuando ainda mais.

Além do Brasil, a Amazônia abrange outros países sul-americanos: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. No Brasil, o bioma Amazônia é o maior e ocupa 49,3% do território nacional, envolvendo nove estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e partes do Maranhão, Mato Grosso e Tocantins. Já a chamada Amazônia Legal foi criada com o objetivo de fomentar o desenvolvimento social e econômico da região e corresponde à área que engloba a bacia hidrográfica amazônica, o que representa 61% do Brasil.

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, a Floresta Amazônica contabiliza cerca de 30 milhões de espécies de animais, 30 mil espécies de plantas e 2.500 espécies arbóreas. Esses são valores aproximados, já que, devido à grande extensão da floresta, algumas espécies ainda não foram catalogadas. O bioma é extremamente importante para manutenção de vários animais, uma vez que necessitam do seu habitat natural conservado para se abrigarem e reproduzirem.

Além disso, auxilia na regulação do clima, pois se trata de uma floresta extremamente úmida e parte significativa dessa umidade é transportada para outras regiões através da circulação atmosférica. Por exemplo, a maioria das chuvas durante o verão no interior da região Sudeste é originária da Amazônia, chegando aqui por meio dos chamados rios voadores. E o mais impressionante, o Sudeste brasileiro só não é um deserto por causa desse processo. Regiões que estão na mesma latitude são áridas ou semiáridas.

Outra questão importante é a presença de comunidades que sobrevivem da pesca, caça e plantas locais, como é o caso dos indígenas. Com a presença constante dos madeireiros e principalmente dos mineradores ilegais, houve a transmissão do coronavírus para algumas tribos indígenas, ocasionando a contaminação e a morte de vários nativos, como foi o caso do jovem Yanomami, de 15 anos, divulgado recentemente pela mídia. Para conter o aumento de casos da doença, o governo precisa retirar os invasores e monitorar constantemente as tribos.

É notório que a Amazônia se encontra cada vez mais ameaçada pela ação antrópica, uma vez que o homem utiliza, de forma não sustentável, os recursos naturais da floresta para atividades agrícolas, extrativistas, minerárias, construção de hidrelétricas e principalmente a pecuária. Na maior parte das vezes, devido à imensidão da floresta, essas atividades são realizadas ilegalmente, sem nenhuma fiscalização ou monitoramento de órgãos públicos.

A ocupação ilegal e o desmate na Amazônia Legal têm crescido de maneira assustadora nos últimos meses, acarretando sérios prejuízos ao ecossistema como: ameaças à biodiversidade, o que futuramente pode levar algumas espécies à extinção; a ampliação dos processos erosivos em decorrência da exposição do solo sem cobertura vegetal e alterações climáticas devido ao aumento da emissão de gases do efeito estufa.

A Amazônia Legal já foi desmatada em uma área de 700.000 km², o que representa 17% da cobertura vegetal original da floresta. Além disso, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no primeiro trimestre de 2020, o desmatamento atingiu nível recorde, totalizando 796,08 km², o equivalente a 80 mil campos de futebol. Em abril de 2020, por exemplo, o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) registrou significativo aumento nos alertas de desmatamento, houve um crescimento de 63,75% em comparação com o mesmo mês do ano passado.

A pecuária é a principal atividade, logo, a maior responsável pelo desmate da Floresta Amazônica. Após a retirada da vegetação nativa, são introduzidas espécies de gramíneas e forrageiras para servir de pastagem para o gado. Grande parte dessas pastagens se encontra degradada, assim, o desmatamento se intensifica para a formação de novas áreas. Parte das carnes exportadas e compradas nos supermercados e açougues dos grandes centros urbanos pode ser fruto desse desmatamento da Amazônia Legal. Por isso, deve-se averiguar a origem e a forma de produção antes de consumir alguns produtos.

Apesar do momento atual que estamos vivendo, a derrubada da Amazônia não para e, o pior, está aumentando. A extração madeireira e as atividades minerárias ilegais, especialmente em terras indígenas, além de causar a tão falada degradação ambiental, com a chegada da Covid-19, trouxeram sérios problemas sanitários para os povos que habitam a região. E assim fica nosso questionamento: até quando vamos conviver com esse processo de exploração não sustentável da nossa incomparável Amazônia?

Carolina Martins Amâncio de Araújo (Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG).

Adriano Valério Resende (Professor do CEFET/MG)

 

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