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A despedida de um verão chuvoso

15 de Abril de 2019, por Instituto Rio Santo Antônio

No dia 21 de março começou o outono. Assim, nos despedimos do verão mais chuvoso e quente dos últimos anos. Após o último período com alta precipitação, entre o final de 2011 e o início de 2012, convivemos seguidamente com anos de chuvas abaixo da média histórica. Tal fato gerou uma crise hídrica em vários estados brasileiros. Mas, felizmente, a primavera e o verão de 2018-2019 foram muito chuvosos.

Você pode estar se perguntando qual fator ambiental ocasionou tal fato. A explicação, segundo os climatologistas, está na ocorrência de um fenômeno natural chamado El Niño, que, quando acontece, causa elevação das temperaturas médias e alterações no regime pluviométrico em quase todo o Brasil e em boa parte do mundo. Como esse aquecimento é geralmente observado no mês de dezembro, próximo ao Natal, o seu nome, dado por pescadores peruanos, faz referência ao Niño Jesus (Menino Jesus). Tecnicamente falando, o nome completo do fenômeno é El Niño – Oscilação Sul (ENOS) – e ocorre em intervalos irregulares, que podem variar de 2 a 7 anos, com duração de 6 a 18 meses. Ele causa o aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico à altura da linha do Equador, entre a costa oeste da América do Sul (no Chile) e o leste da Oceania (perto da Austrália).  

O fenômeno é fruto da diminuição da força dos ventos alísios, que sopram dos trópicos em sentido à linha do Equador, de leste para oeste. Isso faz com que a camada de águas quentes superficiais da costa da América do Sul não se desloque para o meio do oceano Pacífico. Como resultado de sua atuação, acontecem secas mais intensas em países, como Austrália, Filipinas e Equador, além de chuvas torrenciais; consequentemente, inundações no México e nos Estados Unidos. Já no Brasil, as regiões Norte e Nordeste ficam mais secas, chegando até mesmo a influenciar o norte de Minas Gerais; o sul do país sofre com chuvas mais fortes.

Cabe destacar que, desta vez, El Niño está classificado com intensidade fraca a moderada. Assim, não há previsão de fortes secas para o Nordeste, onde o período chuvoso ocorre entre os meses de fevereiro a maio, o que é conhecido regionalmente como inverno. Mas algumas áreas do interior do Sertão estão com chuvas abaixo da média. Nas regiões Sul e Sudeste o verão foi bem mais chuvoso que nos anos anteriores. Nos últimos anos as chuvas ficaram abaixo da média histórica. O que nos fez conviver com a seca em algumas áreas, como o norte de Minas, faltando inclusive água para consumo humano e dessedentação de animais; reservatórios com níveis cada vez mais baixos, gerando aumento nas contas de energia elétrica devido ao início de operação das termoelétricas; diminuição da produção agropecuária, entre outros. Felizmente, tivemos uma primavera e um verão chuvosos (final de 2018 e início de 2019), o que deu um fôlego aos órgãos responsáveis pelo abastecimento público. No entanto, as chuvas torrenciais, em alguns locais, provocaram outros problemas. Nos grandes centros urbanos, por exemplo, as inundações novamente causaram prejuízos materiais e até perda de vidas humanas. Na zona rural, a chuva intensa provocou perda nas lavouras, especialmente no sul do país.

É notório que o outono, no hemisfério sul, é uma estação de transição do verão para o inverno. E, geralmente, apresenta redução na frequência e no volume das chuvas, além da diminuição das temperaturas médias. Em 2019, mesmo estando com fraca intensidade, o El Niño trará influências para a estação. Nesse sentido, no Sudeste, a previsão é para um outono mais ameno e os eventos de frio mais intenso durarão poucos dias. Conforme dados dos centros de pesquisas, a onda de frio para realmente derrubar a temperatura deverá acontecer somente na primeira quinzena de maio.

Enfim, felizmente, o biênio 2018-2019 trouxe muita chuva para o centro-sul do Brasil, o que pode dirimir muitas questões relacionadas à crise hídrica vivida nos últimos anos. Em termos climáticos, porém, lembramos que há uma ciclicidade na intensidade das precipitações, alternando períodos (alguns anos) com mais ou com menos chuvas. Assim, os governos e a população devem se planejar para os períodos mais secos, evitando as crises hídricas.

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