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A pressão sobre o que ainda resta dos biomas brasileiros

16 de Junho de 2021, por Instituto Rio Santo Antônio

Mapa dos biomas do Brasil

Lucas Matoso Alves1

Adriano Valério Resende2

É notório que o Brasil tem a maior biodiversidade do planeta. Para se ter uma ideia de como somos importantes: abrigamos pouco mais de 20% da variedade de fauna e flora existentes, temos 12% da disponibilidade de água doce superficial, dois dos maiores aquíferos do planeta e a maior floresta equatorial úmida. Devido à dimensão do país e por se estender por zonas climáticas distintas, há uma significativa variação ecológica ao longo do território, o que gera uma elevada biodiversidade. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), temos seis biomas, que, devido ao processo histórico de ocupação do país, já sofreram significativas intervenções. E, recentemente, a degradação desses biomas se acelerou devido à política ambiental do atual governo.

Bioma é o conjunto de comunidades vegetais e animais determinado por fatores geográficos e que ocupa grandes extensões. Dos biomas brasileiros, dois são constituídos por florestas: Amazônia e Mata Atlântica; dois são de savanas: Caatinga e Cerrado; um é de vegetação rasteira, o Pampa; e o Complexo do Pantanal.

A Amazônia é a maior floresta equatorial do mundo, ocupando uma área de 6,9 milhões de km². Desses, 4,2 milhões de Km² estão no Brasil, o que corresponde a quase metade do território nacional, abrangendo nove estados. Mesmo sendo um dos biomas brasileiros mais preservados, cerca de 25% de seu território já foi alterado. Atualmente, a região sofre os efeitos da expansão da fronteira agrícola. Os principais problemas ambientais enfrentados são: desmatamento, queimadas, garimpo, agropastoreio, biopirataria e as intervenções ilegais em unidades de conservação e em terras indígenas.

A Mata Atlântica ocupava todo o litoral, indo do Rio Grande do Norte ao do Sul. Trata-se de mata tropical, originada pela umidade proveniente do oceano e, proporcionalmente, apresenta a maior diversidade biológica do país. É o ambiente nativo da árvore pau-brasil, que cedeu o nome ao nosso país. Devido à ocupação antrópica, resta menos de 13% de sua cobertura original, sendo o segundo ecossistema mais ameaçado do mundo.

A Caatinga (“floresta branca”) ocupa o interior do Nordeste e um pedaço do norte de Minas, equivalendo a 11% do território nacional. O bioma é o único inteiramente brasileiro. O destaque é para a diversidade da fauna. Por exemplo, ele abriga 221 espécies de abelhas. O desmatamento tem acontecido de forma acelerada, chegando a comprometer quase metade do bioma.

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e ocupa 22% do território brasileiro, em sua parte central. O realce é para o potencial de água superficial e subterrânea, sendo chamado de “caixa d’água do Brasil”. Devido a vários fatores, é a área de maior produção agropecuária do país e atualmente também sofre a pressão da expansão da fronteira agrícola. O bioma já perdeu em torno de 45% de sua vegetação nativa. Por isso, o Cerrado e a Mata Atlântica estão na lista mundial de hotspots, ou seja, áreas com grande diversidade e ameaçadas de extinção.

O Pampa (significa “região plana”) está restrito ao Rio Grande do Sul e se caracteriza pelo predomínio dos campos nativos. Essa área até hoje é muito utilizada para a pecuária. Restam por volta de 35% da vegetação nativa original.

O Pantanal é considerado uma das maiores áreas úmidas contínuas do mundo. O destaque é para sua beleza natural, apesar de ser o menor bioma brasileiro. Ainda mantém 83% de sua área com cobertura vegetal nativa.

Cabe destacar que Minas Gerais engloba três biomas: Mata Atlântica (a leste), Cerrado (a oeste) e um pedaço de Caatinga, no extremo norte.  Resende Costa está dentro do primeiro. Para se ter uma ideia do grau de intervenção, segundo dados do Inventário Florestal divulgado pela UFLA em 2008, o município conservava apenas 7,45% de sua vegetação nativa.

Desde 2005, segundo o IBGE, ocorreu uma desaceleração no desmatamento. Mesmo assim, entre 2000 e 2018 houve perda da vegetação nativa dos biomas brasileiros de cerca de 500 mil km². As maiores áreas foram na Amazônia e no Cerrado. Nesse período, os biomas brasileiros perderam 8,34% de sua área. Infelizmente, a partir de 2019, voltamos a conviver com altas taxas de desmatamento, isso devido a mudanças na legislação ambiental, nos procedimentos de licenciamento e na política interna da região, o que tem pressionado ainda mais a expansão para áreas preservadas. Essas questões serão ainda discutidas em nossa coluna.

 

1 - Aluno do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

2 - Professor CEFET/MG

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