Árvores cortadas recentemente na cidade provocam indagações por parte da população


Cidades

Emanuelle Ribeiro0

Canteiro central da rua Dr. Gervásio, no centro de Resende Costa (Foto Vanuza Resende).

Infestação de insetos, raízes apodrecendo, chuvas fortes, risco para pedestres e veículos. Essas são algumas das justificativas usadas para o corte de árvores nas grandes cidades. Mas o que leva o órgão Municipal responsável pelo Meio Ambiente a cortar árvores em Resende Costa? Nos últimos meses tem-se observado tais ações em algumas localidades, como no bairro Canela e na rua Doutor Gervásio. O órgão responsável por autorizar corte de árvores na área urbana é o Conselho de Desenvolvimento do Meio Ambiente (CODEMA): “Esta demanda parte sempre dos proprietários ou moradores que residem próximo às árvores”, esclarece o técnico do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e membro do CODEMA, Murton Moreira. Para que o serviço seja realizado, os interessados procuram a Secretaria Municipal de Agropecuária e Meio Ambiente, fazem um requerimento para poda ou corte e, então, o CODEMA marca uma vistoria com os membros do Conselho e emite reposta para o pedido.

Emerson Gonzaga, membro da ONG Ambiental IRIS e secretário de Meio Ambiente de Lagoa Dourada, chama atenção para alguns cortes realizados recentemente: “Diversos pontos merecem destaque, como a antiga árvore na praça do Canela, na rua São João del-Rei, o conjunto arbórico nas ruas Bueno Brandão, descendo a Casa de Cultura, e Doutor Gervásio, descendo o Posto de Saúde e, também, as árvores que compunham os canteiros na avenida Ministro Gabriel Passos, descendo para a região do asfalto, e na rua José Coelho, próximo à Igreja do Rosário. Árvores que cresceram junto com nossas praças e ruas, que embelezavam nossa paisagem e refrescavam o dia a dia da população”.

“Na rua Doutor Gervásio tinha uma demanda dos moradores e foi optado pela substituição por plantas de  porte menor, melhorando a iluminação da avenida. A árvore do Canela também foi uma demanda dos moradores do entorno, devido ao problema de raízes afetando residências e lojas, assim como para facilitar a abertura da nova avenida, que visa a desafogar o trânsito na entrada da cidade”, explica Murton.

Segundo o prefeito municipal Aurélio Suenes, todos os cortes feitos até hoje foram motivados pelos próprios moradores, que se sentiam prejudicados com as árvores: “A grande maioria das árvores que existe nas ruas de Resende Costa não é de espécies indicadas para áreas urbanas. Isso ocasiona incômodos seja por causa das raízes que trincam as casas ou por causa das folhas que entopem as calhas. Outra situação que preocupa são as tempestades cada vez mais comuns e que geram riscos para quem mora próximo às árvores”.

Para Emerson, muitas vezes os motivos apontados não são suficientes: “Muitos moradores solicitam o corte de árvores sob justificativas insignificantes, do ponto de vista ambiental e social. Ora são folhas e galhos sujando os passeios e entupindo calhas, outras por simplesmente estarem tampando a fachada da casa. A importância de uma árvore e de uma cidade arborizada vai muito além de simples problemas individuais de moradores que alegam ser afetados”.

O CODEMA alega que sempre que é autorizado o corte é orientada a substituição por outra árvore, o que muitas vezes não é atendido. Murton Moreira informa ainda que recentemente foram plantadas árvores no Centro Municipal de Educação Infantil Aquarela e repostas oito palmeiras na rua Doutor Gervásio. O prefeito Aurélio afirma que a intenção é mesmo repor as árvores cortadas, mas observando algumas questões: “O que pretendemos fazer é plantar árvores de pequeno porte em alguns locais. É importante levar em conta que nossa cidade possui calçadas estreitas, que não oferecem boas condições para desenvolver um projeto de arborização, mesmo sendo espécies de pequeno porte”.

O represente do IRIS concorda que em algumas situações o corte é necessário, mas a reposição não deveria deixar de acontecer: “Devemos ter bom senso na hora de decidir sobre manter ou cortar uma árvore. E este bom senso tem que ser técnico! Cortar indiscriminadamente espécies pode render multas e, dependendo da espécie, pode ser considerado crime ambiental. Devemos nos atentar aos benefícios que as árvores trazem à nossa cidade. Além de embelezar, elas têm um importante papel no equilíbrio térmico, refrescando e colaborando com a redução da poluição sonora e do ar. Fornecem sombra, refúgio e alimento para as aves. Fixação de carbono, produção de oxigênio, proteção contra ventos, dentre outros inúmeros benefícios. Se mesmo assim for inevitável o corte, o poder público municipal pode optar por espécies de árvores já em idade intermediária com porte considerável. Uma árvore para atingir tamanho adulto, dependendo da espécie, demora cerca de 15 a 20 anos, outras até mais”, sugere Emerson.

Para Murton Moreira, Resende Costa necessita de mais árvores: “Em Resende Costa o plantio de árvores está longe do ideal, pois tem uma grande demanda de cortes e uma pequena demanda de plantio. Fato este já discutido pelos membros do CODEMA, no intuito de realizar projetos de arborização, aumentando assim as áreas verdes de Resende Costa”, conclui.

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