Ciclistas peregrinos de Resende Costa percorrem 320 Km até o Santuário Nacional de Aparecida


André Eustáquio


O ciclista peregrino Eudes de Arvelos Resende se ajoelha em frente ao Santuário Nacional de Aparecida

A paixão pela Bike e a devoção a Nossa Senhora Aparecida motivaram um grupo de ciclistas de Resende Costa (MG) e Congonhas (MG) a desafiarem mais de 320 Km, percorrendo estradões e morros íngremes, até chegarem ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP). A aventura de Eudes de Arvelos Resende (36), Nilo Geraldo Pereira (66), Edimar da Consolação dos Santos (55), Fábio de Mendonça, o Carioca (39) e Reginaldo Claudinei da Silva (36) durou cinco dias, de 30 de abril a 5 de maio deste ano. O grupo de ciclistas peregrinos contou com uma equipe de apoio formada por Charles de Arvelos Resende (29), motorista de um dos carros, Reginaldo Gonçalves de Oliveira (46), também motorista, e Pedro Geraldo Neto (68).

A ideia de viajar de bicicleta até o Santuário Nacional de Aparecida surgiu quando Eudes Resende leu reportagens sobre o “Caminho da Fé” – roteiro turístico religioso que parte de Águas da Prata (SP) e chega a Aparecida (SP), inspirado no famoso e místico “Caminho de Santiago de Compostela”, na Espanha. “Com as comemorações do Jubileu dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul, em meados de 2017, surgiram várias reportagens sobre o evento. Dentre elas, uma falava sobre o ‘Caminho da Fé’. Essa reportagem me despertou muito interesse em poder percorrer esse caminho, mas não seria muito legal fazer o trajeto sozinho.” Foi então que Eudes, decidido a fazer o percurso de bicicleta, convidou o seu amigo Reginaldo Silva, que prontamente aceitou o convite.  

“O desafio seria percorrer de bicicleta os mais de 320 km entre Águas da Prata e Aparecida, passando por Andradas, Ouro Fino, Inconfidentes, Borda da Mata, Tocos do Moji, Estiva, Consolação, Luminosa e Campos do Jordão”, diz Eudes. O grupo iniciou os preparativos da viagem buscando informações sobre o caminho, conversando com pessoas que já tinham feito a peregrinação, lendo livros, consultando sites e grupos no WhatsApp. “Após vários meses de pesquisa, resolvemos marcar a viagem para o final do mês de abril e início de maio de 2018, por se tratar de uma época com pouca chuva, clima ameno e que tem a tradicional romaria organizada pela Claudia Santos (irmã do Reginaldo Silva), que poderia levar nossos familiares para nos recepcionar na chegada ao Santuário Mariano”, explica Eudes.

Mas o grupo de peregrinos aumentou e foi necessário criar uma equipe para apoiar os ciclistas durante a viagem. “Ao ficarem sabendo do nosso desejo, mais pessoas foram aparecendo. O primeiro foi o Fábio; logo em seguida, o senhor Nilo e o Edimar, (os dois últimos de Congonhas – MG), que também embarcaram conosco na peregrinação. Nesse momento, já tínhamos cinco peregrinos e precisávamos de um apoio, pois o caminho é muito difícil, com muitos morros, e ficaríamos cerca de seis dias pedalando em um lugar até então desconhecido. Nosso apoio, composto pelo Charles Resende, Reginaldo Gonçalves e o senhor Pedro, foi de suma importância para conseguirmos realizar o nosso sonho, que era chegar aos pés de Nossa Senhora Aparecida montados em uma bicicleta”, diz Eudes.

 

A peregrinação

 

Os peregrinos participaram de uma missa na manhã do domingo, 29 de abril, na igreja matriz de Nossa Senhora da Penha de França, em Resende Costa, e receberam a bênção do padre Plínio Almeida, vigário paroquial. Em seguida, partiram para Águas da Prata, local do início da viagem. Eudes relata a experiência que viveram durante a peregrinação – desafios, descobertas e reflexão. “Na segunda feira, 30 de abril, demos início ao maravilhoso ‘Caminho da Fé’. Passamos por encantadoras paisagens, conhecemos pessoas agradáveis, como a dona Inez, moradora da Serra da Luminosa. Durante o trajeto, foi momento de repensarmos sobre quanto é importante a nossa vida, quanto somos privilegiados por poder percorrer tanta distância com muita saúde e paz. Ao passarmos pelos lugarejos, sempre vinha alguém para conversar conosco e cada um tinha sua história para compartilhar e nós também partilhávamos um pouco da nossa vida”, relata.

A bela e turística cidade paulista de Campos do Jordão, localizada na Serra da Mantiqueira, foi o último lugar onde os ciclistas peregrinos pernoitaram antes de chegarem a Aparecida.  “No sábado, 05 de maio, foi o último dia de peregrinação. Numa manhã fria, típica da região, com o corpo já cansado, partimos. Mas agora faltava pouco mais de 60 km e a força de vontade para chegar batia no coração de cada um que ali estava. O caminho tem várias placas informando a quantos quilômetros estamos da basílica e, ao avistarmos a placa informando que faltavam apenas 30 km e já visualizando a torre da basílica, a sensação de que conseguimos se tornava cada vez mais aparente em nós. Já se via no rosto de cada um a emoção escorrer nos cantos dos olhos”, emociona-se Eudes Resende.

 

Testemunhos de quem viveu uma aventura de fé

 

Para o ciclista Edimar da Consolação dos Santos, que passou por uma cirurgia de implante de prótese no quadril, participar da peregrinação após seis meses de recuperação foi uma sensação indescritível. “Somente com a força de Deus e de Nossa Senhora Aparecida para chegar”, diz o ciclista. Para Nilo Geraldo Pereira, foi “uma das viagens mais prazerosas que eu já fiz, uma emoção indescritível ao avistar a igreja da Mãe Aparecida. No meio do caminho a gente acha que não vai dar conta, porém, como diz uma simpática pessoa que encontramos pelo caminho, ‘até certo ponto a gente vai por conta própria, depois Nossa Senhora vem te buscar’. Foi a coroação de um sonho que eu tinha.”

Eudes de Arvelos Resende, idealizador da peregrinação, disse que a emoção de chegar ao Santuário Nacional “foi realmente única. Uma mistura de alegria, sorriso e choro tomou conta de cada um dos participantes. Com muita fé, fomos agradecer à Mãe Aparecida por essa bênção em nossas vidas. Após percorrer o ‘Caminho da Fé’, fiquei mais de um mês pensando em cada pedaço que tínhamos percorrido e não vejo a hora de poder voltar e curtir cada minuto dessa incrível peregrinação.”

Reginaldo Claudinei da Silva também se emocionou ao ver o Santuário Nacional. “É inexplicável. Alegria e choro de felicidade pelo dever cumprido. O corpo cansado, mas, na mente, um sentimento de paz e fé em Nossa Senhora Aparecida.”

O ciclista Fabio de Mendonça disse que chegou chorando aos pés de Nossa Senhora. “Foi uma grande emoção quando estávamos chegando e visualizei a basílica de Nossa Senhora Aparecida. Fiquei muito emocionado, fui chorando até a chegada, especialmente quando vi minha família me esperando com os braços abertos.”

Charles de Arvelos Resende, motorista de um dos carros de apoio, destacou a emoção de participar da peregrinação, apoiando os ciclistas. “Foi emocionante, devido ao convívio com a natureza e com pessoas especiais que a gente via pelo caminho. Ao chegar ao santuário, a emoção toma conta e a lembrança de tudo que se passou nos seis dias de peregrinação faz com que tenha valido a pena.”

Reginaldo Gonçalves de Oliveira, também motorista de um dos carros de apoio e que conhecia apenas dois dos integrantes do grupo, disse: “No final da peregrinação, todos se tornaram uma grande família.” Ele fala sobre o “Caminho da Fé”: “É encantador. As paisagens, a simplicidade das pousadas, a parada para a cervejinha que ajudava a relaxar no final do dia. Quando vimos a cúpula da basílica, lágrimas de satisfação saíram dos meus olhos.” 

Pedro Geraldo Neto já se prepara para a próxima peregrinação, participando novamente da equipe de apoio: “Foi uma das melhores viagens que fiz. Excelentes companhias e lugares muito bonitos pelo sul de Minas. Emocionante a chegada em Aparecida. Espero voltar no ano que vem!”

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