Cisver ajuda equipar hospitais para enfrentar pandemia


Saúde

José Venâncio de Resende0

Reinaldo Fonseca, prefeito de Barroso e presidente do Cisver (Foto arquivo pessoal)

O Consórcio Intermunicipal de Saúde das Vertentes (CISVER), formado por 16 municípios, vem investindo em áreas de atenção secundária e terciária (médias e altas complexidades), de competência do Estado, quando o papel dos municípios é focar na atenção básica no âmbito das unidades de saúde (prevenção, trabalho com a saúde da mulher, da criança e do idoso etc.). Quando se precisa de um ultrassom, de um especialista ou de uma cirurgia para a população mais pobre, esse serviço, no nível da microrregião, é precário por falta de investimentos, disse Denilson Reis, prefeito de São Tiago, em “live” promovida pelo jornal digital “Notícias Gerais” no dia 27 de abril.  

A situação se repete agora no enfrentamento da pandemia de Covid-19. O Cisver já investiu mais de R$ 1 milhão na aquisição de respiradores, equipamentos de proteção individual (EPI) e testes nesse período de pandemia de Covid-19. Foram nove respiradores destinados à Santa Casa de Misericórdia e ao Hospital Nossa Senhora das Mercês, em São João del-Rei. Do valor total, foram investidos R$ 300 mil na compra de EPIs (equipamentos de proteção individual) para os hospitais são-joanenses e também hospitais menores da região, além de nove monitores cardíacos e 50 termômetros. Também foram encomendados 6.250 testes rápidos e 200 testes do tipo PCR (detecção de infecções agudas nos primeiros dias da doença).

Um dos objetivos desses investimentos é equipar os dois hospitais-referência de leitos de UTI para atender os municípios da região. Embora não seja função do Cisver, os prefeitos da microrregião decidiram, “de maneira lúcida”, canalizar recursos de consultas e cirurgias eletivas, “que estão paradas”, para reforçar o combate à pandemia de Covid-19, disse seu presidente Reinaldo Fonseca, também prefeito de Barroso. “O Cisver vai continuar na luta para ampliar a capacidade de atendimento à população dos municípios que integram o consórcio no enfrentamento da doença”, garantiu Fonseca.

Reinaldo Fonseca, que também participou da “live” sobre os riscos da interiorização da pandemia de Covid-19 no Campo das Vertentes, anunciou a possibilidade de conseguir mais 10 respiradores por locação. “Assim que dotarmos as duas casas maiores de leitos de UTI, nós vamos passar a ajudar os hospitais menores, como os de Barroso, São Tiago e Nazareno, para que possam receber pacientes e não estrangular as duas casas maiores.”

Em se tratando da decisão sobre a reabertura do comércio, tanto Reinaldo quanto Denilson consideram que a microrregião ainda não atende aos critérios do programa “Minas Consciente”, do Governo do Estado, que define uma agenda para a retomada gradual e segura das atividades econômicas nos municípios, com base em indicadores de capacidade assistencial e da evolução da doença. “Foram criados protocolos sanitários, divididos por setores em quatro “ondas” estabelecidas pela Secretaria de Saúde (onda 0 – serviços essenciais, onda 1 – baixo risco, onda 2 – médio risco, onda 3 – alto risco). Uma das exigências é o número de leitos de UTI, que a microrregião com sede em São João del-Rei não atende (possui 20 leitos, quando são necessários 36)”, disse o presidente do Cisver.

Recursos federais

Denilson lembrou que os valores do chamado “Teto Mac” (média e alta complexidades), embora alocados na Secretaria de Saúde da sede da microrregião, são transferências federais estimadas com base na população dos 19 municípios da região (cerca de 250 mil habitantes). Portanto, esses recursos precisam ser investidos para atender toda a região, para além dos recursos próprios dos municípios.

A Secretaria Municipal de Saúde de São João del-Rei recebeu R$ 2,5 milhões de recursos extras do Teto Mac para investimentos no combate à pandemia na microrregião. Segundo o secretário José Marcos de Andrade, a Santa Casa e o Hospital das Mercês receberam R$ 800 mil cada para aquisição de material clínico e EPI (equipamento de proteção individual), investimento em leitos e pagamento de pessoal. Os demais R$ 900 mil foram destinados ao CEM (Centro de Especialidades Médicas e Odontológicas) e às unidades de saúde, que farão a triagem de suspeitos de infecção pela Covid-19 (os doentes menos graves retornam para quarentena monitorada em casa enquanto os mais graves são transferidos para os dois hospitais são-joanenses).

Curva e cuidados

O pico da pandemia em Minas Gerais, inicialmente esperado para meados de abril, foi protelado para final de maio e início de junho, segundo o infectologista Herbert Fernandes, com base em avaliação da Secretaria de Saúde de Minas Gerais. Mas o médico defendeu que sejam mantidas as medidas de prevenção (distanciamento, higienização, uso de máscara e conscientização) para se diluir ainda mais a curva da pandemia. “O que um município fizer vai impactar no outro; o senso de comunidade é muito importante”, acrescentou.

A hora é de prevenção e de solidariedade, complementou Denilson Reis. “Esta situação é difícil para o lojista, para o prefeito, para o jornalista, para o povo que está em casa.”

*Reportagem fechada no dia 30 de abril de 2020.

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