Colocando os pingos nos IS


Voz do Cidadão

Toninho Melo0

“Acompanho nosso Jornal das Lajes desde o seu nascimento e além de assinante sou seu entusiasmado admirador.

Acerca do Editorial estampado em sua derradeira edição “Por uma cidade organizada” tenho a dizer que concordo em grande parte com o conteúdo da matéria ali expressa.

Efetivamente, com a veloz e maluca urbanização de nossas cidades, quando a maioria esmagadora da população rural migrou para os centros urbanos, nos vimos diante de um fenômeno de “inchaço” das cidades e as administrações não se deram conta do que ocorria. E o que vemos hoje é uma verdadeira orgia urbanística com a proliferação de loteamentos clandestinos, favelas, com verdadeiro caos, sobretudo na área da mobilidade urbana que, se não encarado com firmeza e energia por nossos alcaides, fatalmente nos levará a uma catástrofe urbanística. Assim, urge uma mudança de atitude por todos nós.

Pois bem, feitas estas considerações me atenho aos dois últimos parágrafos do Editorial quando seu autor fala da poluição visual que tomou conta do alto das Lajes, seja com a invasão das torres e antenas de telecomunicações, seja com a “famigerada caixa d’ água da COPASA”, como insiste em dizer o pasquim e, por derradeiro, com a venda a particulares não resende-costenses, na calada da noite, de metade de uma das principais praças da cidade. Pena que o texto não chame a atenção para sujeira e abandono em que se encontra o nosso mais caro cartão-postal.

Aqui impõe-se uma pausa para resgatarmos a verdade “colocando os pingos nos IS”. Vejamos: Torres de comunicação e antenas de TV. Trata-se de fenômeno dos tempos modernos, ou seja, se por um lado ganhamos o conforto e comodidade com nossos avançados meios de comunicação, tais como telefones celulares, Internet, TV por assinatura etc. etc., por outro somos levados a conviver com tais monstrengos que poluem nossos horizontes e colocam a perder nossos mais belos mirantes.

Assim, prezado leitor, ou ficam as torres e o conforto que elas nos trazem ou demolimos todas e passamos a nos comunicar através de fumaça, como fazem os índios.

Quanto à “famigerada caixa d’ água da COPASA”, assim rotulada pelo articulista do Jornal das Lajes, vale um esclarecimento por parte de quem viveu e trabalhou por Resende Costa naqueles tempos.

Quando a caixa foi ali plantada, os administradores municipais de então não tiveram outra opção: ou aceitavam a escolha da COPASA que optou por aquele local com base em critérios técnicos/econômicos, ou ficaríamos sem a água, o que condenaria nossa terra a continuar na pobreza que cercava todas as cidades em nosso entorno, valendo ainda dizer que naquela época todos os municípios sonhavam com os serviços desta estatal da água, mas só nós logramos alcançar tamanha dádiva.

Imaginem o que seria de nossa cidade sem a água da COPASA. E se a administração daquela época concordou em deixar plantar a “famigerada caixa d’ água” no topo daquele mirante, tenho certeza, até porque participei daquelas tratativas, foi porque não teve outra saída. E aí volta a pergunta que não quer calar: Teria Resende Costa alcançado o progresso e a pujança de hoje sem o insubstituível líquido? Responda quem souber e puder!

Por outro lado e por derradeiro fala o articulista da venda pelo poder público “na calada da noite” de metade de uma das principais praças da cidade. Caso ele não saiba, quem primeiro fatiou a Praça Mendes de Resende foi a administração municipal que antecedeu nosso saudoso e inesquecível Ocacyr Alves de Andrade, que consentiu com a construção daquele caixote da TELEMIG e com a torre que ali ainda se encontram. Aí volta a pergunta: sem recursos para adquirir um outro terreno central para instalação da telefônica, seria melhor deixar a cidade sem telefone? Como é fácil para quem não fez poder criticar.

Vale dizer que naquela praça existia um terreno baldio onde se refestelavam bois e cavalos e, não fosse o produto daquela alienação, não teriam surgido e florescido os belos jardins que ali se encontram.

Para encerrar, vivíamos outros tempos, duros tempos aqueles, e não é justo ficarmos a martelar os leitores com meias verdades quando a COPASA foi a nossa salvação. Seria mais justo e correto informar a esses mesmos leitores que aquela administração de então construiu a duras penas – inclusive conseguiu nossa ligação asfáltica – os alicerces para que a nova Resende Costa de hoje pudesse ter lugar.

Em resumo e por derradeiro é justo dizer às novas gerações que não conheceram nossa estradinha de terra que passava por Cel. Xavier Chaves, que não sabem o que é uma cidade sem água até para tomar banho e tantas outras penúrias mais, que tudo que temos hoje é fruto da luta e do sacrifício de homens e mulheres que os antecederam, aliás, assim se constrói a história de uma gente”.

 

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