Crescimento populacional traz problemas aos cemitérios paroquiais de Resende Costa

Prefeitura apresenta projeto de ampliação, enquanto a iniciativa de municipalização encontra-se parada


Cidades

André Eustáquio e José Venâncio de Resende0

Prefeitura tem projeto de ampliação do Cemitério de baixo

Até o início da segunda metade do século 20, grande parte dos sepultamentos em Resende Costa ocorria nos adros das igrejas Matriz e Rosário. “A Igreja assumia os cemitérios, uma vez que o estado não realizava esse papel. Isso ocorria também com as Santas Casas etc.”, diz o pároco de Resende Costa, Fábio Rômulo Reis. Além dos dois cemitérios localizados nos adros das igrejas, existia no Distrito da Lage desde 1882 o cemitério conhecido hoje como “cemitério de cima”, construído “durante uns dias de missões de três congregados Lazaristas (...)” que, “em 1895, no período em que houve novas missões de dois outros Lazaristas, foi aumentado”, escreveu José Augusto de Rezende em seu livro “Pallidas Reminiscencias”, publicado em 1920 e reeditado pela amiRCo/Coleção Lageana em 2010.

Com as reformas das duas igrejas durante o paroquiato do monsenhor Nélson Rodrigues Ferreira (1914-1988), os túmulos existentes nos adros foram transferidos para o novo cemitério, construído abaixo do cemitério dos Lazaristas. O “cemitério de baixo”, como é conhecido, é onde ocorre atualmente o maior número de sepultamentos em Resende Costa e onde também se encontra a maior quantidade de jazigos perpétuos. Os dois cemitérios pertencem à Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França, mas a Prefeitura Municipal colabora na manutenção, especialmente com o pagamento do salário do zelador/coveiro. “O coveiro é funcionário concursado da Prefeitura Municipal”, esclarece o prefeito Aurélio Suenes de Resende. “A paróquia complementa o salário do coveiro, devido aos sepultamentos realizados em finais de semana e feriados”, explica padre Fábio.

O aumento da população de Resende Costa vem trazendo ao longo dos anos transtornos para a administração dos cemitérios. O principal deles é a falta de espaço. Os jazigos perpétuos já se esgotaram nos dois cemitérios. Recentemente, foram construídas gavetas e ossários no cemitério de baixo, para sepultamentos de pessoas cujas famílias não possuem jazigos perpétuos. No entanto, a solução desse problema vem se arrastando ao longo dos anos e de consecutivos mandatos de prefeitos, e encontra o principal entrave na municipalização dos cemitérios. “Estive conversando com o padre Fábio, mas parece que a paróquia, pelo menos por enquanto, pretende continuar administrando os cemitérios”, diz o prefeito Aurélio.

 

Ampliação

Já existe na prefeitura um projeto de ampliação do cemitério de baixo, orçado em 200 mil reais. “Este projeto está pronto há um ano. O que estava travando era a licença ambiental, mas já conseguimos a autorização”, diz Aurélio. A prefeitura pretende enviar à Câmara Municipal um pedido de abertura de crédito especial, para poder abrir licitação e iniciar logo as obras. De acordo com o prefeito municipal, será necessário porém fazer uma revisão e atualização das planilhas de custos do projeto. A ampliação ocorrerá no espaço existente entre o cemitério e a quadra do bairro Nova Resende (antigo campinho).

No projeto de ampliação consta a construção de muros e 178 jazigos, além de ossários. Os jazigos terão formato padronizado, com capacidade para sepultamento de cinco corpos. A prefeitura disponibilizará a venda de aproximadamente 50 jazigos. “Há uma demanda grande pela aquisição de jazigos perpétuos. Muitas famílias desejam que seus entes queridos sejam sepultados juntos”, destaca Aurélio. Os demais jazigos destinar-se-ão a sepultamentos de pessoas carentes que não possuem recursos para adquirirem sepulturas de direito perpétuo.

Aurélio Suenes espera “que a ampliação do cemitério de baixo resolva, pelo menos por um bom tempo, o problema da falta de espaço”. Quanto ao projeto de municipalização, o pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Penha, Fábio Rômulo, disse que “a paróquia apoia esta iniciativa”.

 

Limpeza nos cemitérios

Já é época de começar a primeira limpeza do ano nos dois cemitérios de Resende Costa. Ao todo, são 148 sepulturas de direito perpétuo e 50 gavetas da Paróquia no cemitério de cima e 615 sepulturas de direito perpétuo e 26 gavetas no cemitério de baixo. A limpeza dos dois cemitérios abrange a coleta de vasos de flores, colocados principalmente no dia de Finados, coroas, restos de roupa e de caixão etc., denominados resíduos de cemitério. Os resíduos coletados enchem cerca de dois a três caminhões, segundo Jaime Genner, zalador/coveiro dos cemitérios.

De acordo com Jaime, a limpeza começa tão logo a prefeitura disponibilize trator e caminhão. Trata-se de uma medida para evitar o acúmulo de lixo, explica o coveiro: “Os caminhões normalmente encostam próximo ao muro (cemitério de cima) e no antigo campinho (cemitério de baixo).”

A maior reclamação dos moradores do entorno dos cemitérios é em relação ao desconforto provocado pelo depósito de resíduos de cemitério próximo aos muros. “Por isso, só jogamos o lixo pra fora do cemitério quando o caminhão já está esperando”, diz Jaime.

O prefeito municipal informa que a prefeitura auxilia na limpeza nos cemitérios de acordo com a demanda: “Nós fazemos a limpeza nos cemitérios mais de uma vez por ano. Assim que o coveiro envia à prefeitura a demanda pela limpeza, nós disponibilizamos caminhão, máquina e até funcionários para ajudar”.

Aurélio Suenes esclareceu ainda que os resíduos retirados nos cemitérios têm como destino o aterro sanitário de Sabará, juntamente com o lixo recolhido na cidade. “Antes o lixo recolhido nos cemitérios ia para o aterro controlado aqui mesmo em Resende Costa. Isso é ilegal. Agora o destino que damos a ele está em conformidade com o que exige a legislação”, conclui o prefeito municipal.

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