Negócios que Contam Histórias: a trajetória da Venda do Roberto no Povoado dos Pintos


Série Negócios que Contam Histórias

Vanuza Resende0

fotoRoberto segue há 39 anos vendendo e fazendo amigos na Venda (foto arquivo pessoal)

No segundo episódio da série “Negócios que Contam Histórias”, vamos contar a história da Venda do Roberto, no Povoado dos Pintos, zona rural de Resende Costa. Nesta edição, a Venda foi citada por ter sido um ponto de referência para os pilotos que disputaram a 24ª edição do Enduro das Lajes, assunto da página de esportes da edição deste mês do JL.  E esse ponto de referência é tradicional na hora em que falamos do povoado. Afinal, quem nunca foi à cachoeira e passou na venda? Ou na Festa de São João marcou de encontrar com os amigos na Venda do Roberto? Para aqueles que têm família por lá, assim como eu, a ligação é ainda mais forte.

Prestes a completar 40 anos de funcionamento, Antônio Roberto de Assis nos conta como decidiu abrir a venda. “Eu morava em Resende Costa com a minha família, trabalhava de pedreiro e viajava vendendo colchas, mas sempre tive vontade de voltar a morar na roça. Como não havia nenhum comércio no povoado e na época era muito difícil o transporte para ir à cidade, resolvi abrir uma venda”, conta Roberto.

Foi em 1985 que as portas da Venda do Roberto foram abertas pela primeira vez, no mesmo local onde está estabelecida até os dias atuais, ali no centro do povoado, alguns metros da Escola Municipal Carlos Pinto.

Ao longo dos anos, a Venda do Roberto se tornou ponto de referência para a comunidade, oferecendo não apenas produtos de necessidade básica, mas também um espaço de encontro e convívio. E, é claro, que passou por adaptações. “Na maioria das vezes, o pessoal paga em dinheiro. Mas ultimamente tivemos que começar a aceitar o PIX porque muitas pessoas hoje preferem pagar assim”, explica Roberto, evidenciando a capacidade de se ajustar às demandas do mercado. Porém, o estabelecimento ainda oferece as famosas fichas, pois muitos clientes entram, consomem, buscam os produtos e pedem para anotar. No próximo mês, a conta é paga e a ficha é limpa.

O maior movimento acontece justamente durante a Festa dos Pintos – Festa de São João, no mês de junho. E, no verão, com o pessoal buscando a cachoeira para se refrescar. Hoje a maior procura por lá são os produtos do bar – cerveja e pinga. Questionado sobre o êxodo rural, com muitas casas no povoado fechadas, Roberto fala sobre o movimento contrário nos finais de semana. “Essa saída das pessoas afetou bastante. Mas tem um movimento do pessoal da cidade que procura suas casas no povoado, nos finais de semana, o que diminui essa diferença”.

Roberto compartilha sua gratidão por tantos anos de trabalho e dedicação à Venda. “No início, tínhamos fregueses que faziam a compra do mês. Hoje, além dos amigos que ganhamos, nosso gosto pelo comércio e por uma boa conversa faz com que a venda ainda esteja funcionando. São pessoas que gostam de vir aqui para sentar, ter um dedo de prosa e rever as pessoas”, reflete Roberto, com um misto de orgulho e nostalgia.

São negócios que se reinventam, se adaptam e contam histórias!

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