O menino e a escada


Voz do Cidadão

Antônio Pedro da Silva Melo*0

Convidado a prestar meu testemunho sobre os 100 anos da Escola Estadual Assis Resende, grande foi a alegria e a emoção em poder fazer uma viagem na história dessa “velha e querida senhora”, tão ligada a todos nós e a tantas gerações de resende-costenses.

Todavia, antes de cuidar da feliz empreitada e lendo a Edição nº 195 do “Jornal das Lajes”, me dei conta do pouco que me restou a dizer diante da riqueza de informações ali contidas, a partir do Editorial “O desenvolvimento e suas contradições” até a matéria assinada pelo Jornalista André Eustáquio, página 11, passando pelo testemunho dos cronistas Regina Coelho e Edésio de Lara Melo e demais profissionais ligados àquela vetusta escola.

A despeito de tantas informações e considerações, importante destacar que emoções e lembranças são algo extremamente personalíssimo, ou seja, por mais que escrevam, rememorem e homenageiem nosso “Grupo Escolar Assis Resende” como era originalmente chamado – sempre haverá lugar para o registro de uma pitadinha de emoção pessoal e saudade de cada um de nós.

Assim, entre 1958/59, pela primeira vez subi a escadaria do Assis Resende e, enquanto vencia degrau a degrau do “Pátio dos Meninos”, jamais poderia imaginar e avaliar a importância que teria em toda minha existência cada lance vencido daquela que posso chamar de, simbolicamente, a “escada da minha vida”.

Foram quatro anos fundamentais em que aprendi com as inesquecíveis e saudosas professoras dona Maria Célia Silva (minha tia Célia) e dona Olga Rios, dona Elisa Daher e Maria do Carmo Mendes a amar os livros e os estudos e, sobretudo, lições importantes e fundamentais de religiosidade, patriotismo e cidadania que me acompanharam e guiaram pela vida afora.

Desta forma, impossível deixar de pontuar que o amor pelo Assis Resende é algo que nos acompanhará por toda vida, ou seja, como diz a sabedoria popular: “Saímos do Assis Resende, mas ele jamais sairá de nós.”

São tantas lembranças queridas e uma baita vontade de parar o tempo, voltar o relógio da vida e tornar a subir aquela escada que teve o poder mágico de transformar aquele menino de poucos anos no adulto, jovem e velho de hoje, que daria tudo para ser o menino de ontem e voltar a subir aquela escada mágica do velho grupo escolar, repito.

Como sou um inveterado sonhador, ocorre-me à lembrança o verso do grande músico e poeta Lupicínio Rodrigues, que dizia em sua composição: “O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar.”

Dessa forma, é invocando esse verso que me imagino o menino de ontem subindo de novo aquela escada.

Assim, registro, por derradeiro, um baita abraço, do tamanho do horizonte que vislumbramos das lajes da Matriz, ao meu inesquecível Grupo Escolar Assis Resende.

 

*Promotor de Justiça da Comarca de São João del-Rei, ex-aluno da Escola Estadual Assis Resende.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário