Prefeito mais jovem de Barbacena e a Barbacena mais antiga


Cidades

José Venâncio de Resende0

fotoSede da Câmara Municipal de Barbacena, casarão do século 18 símbolo da cidade mineira do Campo das Vertentes (foto Vertentes das Gerais - reprodução)

A Barbacena mineira elegeu o mais novo prefeito da sua história, Carlos Augusto Soares do Nascimento, o Du, 29 anos completados recentemente. Sua rápida ascensão deveu-se ao seu comprometimento com as causas sociais e ao apoio católico. O professor Mário Márcio de Quadros acredita que Du “tenha sido eleito pelos católicos, sobretudo pelos jovens da Igreja Católica, que o veem como um exemplo de ser humano a ser seguido e admirado”.

Carlos Du foi um vereador muito ativo no seu primeiro e único mandato (2016-2020). Muito católico, “trabalha na Pastoral da Juventude e conhece os perrengues sofridos pelas famílias invisibilizadas pelo poder público. É professor da rede pública do Estado de Minas Gerais e um rapaz muito sério. Um idealista, mas tem os pés assentados no chão”, diz o professor Mário Márcio.

Em entrevista à Rádio Sucesso FM logo depois da eleição, Carlos Du destacou prioridades, como criação de “operações urbanas consorciadas” (dedução de IPTU para cidadão ou empresário que fizer uma benfeitoria em espaço público); revisão da alíquota de IPTU, levando em conta benfeitorias realizadas nos imóveis; investimentos em saúde por meio de programas e projetos de captação de recursos para redução das filas de exames, reformas e conclusão de obras de unidades básicas de saúde; criação do comitê de gerenciamento de crise para a prevenção à Covid-19; criação da Secretaria de Meio Ambiente e de fundo para a captação de recursos do marco regulatório de saneamento básico.

Pretende ainda criar o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, com a participação do setor produtivo, para identificar e diminuir “gargalos burocráticos”, dar segurança jurídica e criar medidas e benefícios fiscais a fim de atrair empresários para investir e gerar empregos. Na Educação, fala em instalar um conselho misto (educação pública e educação do setor privado) para estimular o diálogo e a troca de experiências. Também quer investir os recursos do “novo Fundeb” na capacitação dos professores e na ampliação do número de creches.

 

Barbacena portuguesa

Barbaris Scena/Barvacena/Barbacena, cerca de 400 habitantes, localizada no Alto Alentejo a 15 km de Elvas, 22 km da Espanha e 220 km de Lisboa. Antiga povoação islâmica, reconquistada pelo rei D. Sancho II na primeira metade do século XIII, deu origem ao nome da cidade mineira de Barbacena, no Campo das Vertentes. A Barbacena portuguesa foi sede de concelho (sic) (município) até 1837, quando passou a integrar o concelho de Elvas. Atualmente, é sede da União das Freguesias de Barbacena e Vila Fernando.

A palavra Barbacena pode ter várias origens, no encontro das línguas arcaicas da Península Ibérica e a sua influência de dominação moura, observa Graça Maria Mendes, designer e professora de artes no Instituto de Ciências Educativas de Lisboa. Natural de Barbacena, Graça fez uma breve pesquisa sobre a história do povoamento, atendendo pedido do JL. 

Literalmente, o nome viria da expressão “Barbaris Scena”, que os romanos deram a este sítio que lhes resistiu. Esta primeira hipótese, ainda que remota, pertence a Aires Varela (Teatro Histórico, 1915). A localidade encontrada pelos romanos, quando conquistaram Elvas, seria uma antiga aldeia de celtas (povo bárbaro) com choças e ramadas onde se abrigavam das intempéries. 

O nome de “Barvacena” surge na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, com a aprovação régia de 1251, imposta pelo chanceler D. Estevão Annes. Assim, o nome pode ter origem na vegetação dominante no terreno: barvosas, barveitos e barveitas, barvedos, barvais, etc. 

“Recentemente, descobri que no primeiro mapa de Portugal, que se tem conhecimento, do matemático e cartógrafo português Fernando Alvarez Seco (1561-1585), a localidade aparece com o nome ´Borbacem´”, revela Graça Mendes.

 

Conde de Barbacena

O povoamento do burgo, possivelmente desenvolvido sobre um castelo pré-romano, fez-se a partir da doação de Barbacena a D. Estêvão Annes, chanceler-mor do rei D. Afonso III, no ano de 1251. Na carta de doação, confere-se a Estêvão Annes a capacidade de governo próprio e fora do contexto do poder régio.

A 1.º de Outubro de 1388, o rei D. João I doa Barbacena ao seu guarda-mor e alcaide de Évora, Martim Afonso Melo, a quem é sucessivamente atribuído o senhorio de Barbacena. Em 1519, o rei D. Manuel I daria novo foral à vila, ordenando a reconstrução do seu castelo. 

Em 1539, Barbacena é adquirida por Diogo de Castro do Rio, cavaleiro da Ordem de Cristo e fidalgo da Casa Real, o primeiro a usar o título de senhor de Barbacena. Em 1575, a vila é comprada por Martim Castro, que só conseguiu, no fim da sua vida em 1612, obter os direitos de jurisdição e administrativos. A partir de então, a vila passa para o domínio do ramo dos Furtado de Mendonça, que resistem com heroísmo aos cercos de 1660, 1708 e 1712.

Luís Antônio Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro (1754-1830) era governador e capitão-general de Minas Gerais no Brasil, quando em 1791 fundou a cidade de Barbacena. Formado em Direito e Filosofia, um dos fundadores da Academia Real das Ciências e veador (camarista) da princesa D. Carlota Joaquina, foi eminente personagem da vida cultural portuguesa do século XVIII. Em 1816, o rei D. João VI criou o cargo de conde a seu favor, tornando-se assim o 1.º conde e 6.º visconde de Barbacena. 

Mais sobre a Barbacena portuguesa em: https://www.jornaldaslajes.com.br/lisboa

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