A exibição no Largo do Rosário do documentário inédito “Semana Santa e a Identidade Barroca Mineira”, produzido por Lia Lombardi e Amaury Ramalho, deu o tom da primeira edição da Semana Santa Cultural, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Conselho do Patrimônio e a Associação dos Amigos de São João del-Rei. Um documentário que começou de maneira improvisada logo depois da pandemia, sem recursos e sem projeto nem ideia clara de como seria executado, segundo revelação da própria Lia à Rádio Emboabas.
“Nós começamos os registros das imagens da Semana Santa com as pessoas ainda usando máscaras, porque foi realmente a volta às ruas depois da pandemia”, contou Lia. Depois dos registros em 2022, 2023 e um pouco de 2024, no começo deste ano, “o secretário de Cultura Caio Andrade achou o caminho. Então, nós apresentamos o projeto ao Conselho do Patrimônio, que topou, e nós começamos essa luta contra o tempo de editar todo o material”.
Foram muitos os desafios, segundo os autores do documentário. O primeiro foi o “criativo, de você contar a história de uma celebração que acontece há mais de 300 anos aqui na cidade e que conta com ritos litúrgicos e paralitúrgicos, tradições culturais de um povo que tem muito cuidado, muito zelo com esses ritos. Sem contar essa história, sem ficar enfadonho para quem já conhece e ao mesmo tempo ser claro e informativo para quem nunca viu”. Outro desafio foi “o tempo de contar tudo isso em meia hora e com as imagens que a gente já tinha registrado das cerimônias ao longo dos três últimos anos. E depois, roteirizar, produzir tudo nesse ano”, resumiu Lia. “O tempo era realmente um grande desafio.”
Programação
No período de 2 a 20 abril, foram realizadas atividades culturais, como exposições, concertos, palestras, rodas de conversa, oficinas e feiras, para além das solenidades religiosas que seguiram os ritos históricos preservados há mais de três séculos. O evento foi concebido pela Prefeitura Municipal junto com a Paróquia do Pilar para reforçar as experiências de fé, cultura e tradição que fazem parte da identidade da cidade e valorizam o patrimônio, a arte e a história, segundo Caio Andrade.
Nos dias 12 a 21 de abril, foi realizada a exposição “Mãos da Terra – Arte Sacra em São João del-Rei”, com 50 peças cuidadosamente reunidas — um tributo aos artistas sacros locais, guardiões de uma tradição que atravessa séculos. Foram esculturas de artistas consagrados, como Carlos Calçavara, Osni Paiva, Erick Freitas, Fernando Pedersini e Ronaldo Nascimento, entre outros.
Outro destaque foi a palestra da antropóloga Suely Campos Franco, que comparou as celebrações da Semana Santa em São João del-Rei e em Braga (Portugal). Trezentos anos depois, Suely fez uma viagem ao contrário, já que os portugueses vieram do Minho para cá e trouxeram a sua maneira de celebrar a Semana Santa. Ela foi a Braga e durante cinco anos fez pesquisas sobre a Semana Santa, que apresentou ao público no dia 14 na Biblioteca Municipal.
Outra atração foi a Feira da Mineiridade, entre 16 e 21 de abril, que recebeu moradores e turistas na Praça do Coreto, no centro histórico. Com a participação de produtores de hortigranjeiros, agroindústria familiar e artesãos, o objetivo da Feira foi o de valorizar os saberes e sabores da cultura mineira por meio da exposição e comercialização de produtos regionais.
Entre os espetáculos musicais, destacaram-se os concertos do grupo Quinteto Bravíssimo (15/04), Camerata Inconfidentes e Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis – “Canarinhos de Petrópolis” (17/04), além de shows de Chico Lobo e Íris Lobato.