Setembro Verde: promover a inclusão e assegurar os direitos de todos

“A sociedade só será de fato inclusiva quando houver mudança cultural e comportamental”


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André Eustáquio0

O mês de setembro é tradicionalmente marcado pela campanha nacional de conscientização da inclusão social. O chamado “Setembro Verde”, instituído em 1982 por movimentos sociais, tem como objetivo incentivar o debate sobre a inclusão social. Comemora-se o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.

A cor verde, que caracteriza a campanha, possui um significado especial e simbólico, conforme explica Clébia Maria Resende, coordenadora do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de Resende Costa: “A cor não é por acaso, mas tem um significado especial: o verde da esperança simboliza dias melhores para o país e para as pessoas com deficiência. Portanto, a data foi escolhida para coincidir com o Dia da Árvore, 21 de setembro, representando o nascimento das reivindicações de cidadania e de participação em nível de igualdade de condições para todos.”

As reflexões propostas para o mês de setembro visam também chamar a atenção das pessoas sobre ações que podem ser implantadas a fim de se garantir uma sociedade mais justa, inclusiva e acessível a todos. “Inclusão é a capacidade de a sociedade incluir pessoas com deficiência. Incluir, introduzir, inserir representam a capacidade de uma sociedade de mudar para entender, receber, respeitar e atender às necessidades de todos que dela fazem parte, não importando classe social, gênero, condição econômica, limitação sensorial, física, mental ou qualquer outra natureza que a pessoa possua. Inclusão pressupõe participação de todos, para todos e com todos”, destaca Clébia.

O processo de inclusão social vem acontecendo no Brasil e se solidificando enquanto importante avanço social através do trabalho incansável de ONGs, associações, instituições, governo e sociedade. “A sociedade, mesmo sem perceber, promove ações de inclusão. Por exemplo, mulheres exercendo trabalhos que antes eram destinados somente a homens, a quebra de preconceito com LGBTs, afrodescendentes, pessoas idosas e pessoas com deficiência. Enfim, cada vez mais estão acontecendo ações que promovem a inclusão social”, ressalta Clébia.

A coordenadora do CRAS de Resende Costa enumera diversas ações práticas que têm sido fundamentais para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência, inserindo-as no contexto social. “Exemplo dessa promoção é a elaboração de legendas e o uso de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais); construção de rampas de acesso e pisos táteis nas calçadas; implantação de transporte coletivo com acesso para cadeiras de rodas; inclusão do alfabeto em braile e, principalmente, quando os pais conversam com seus filhos sobre como conviver com as diferenças. Essas atitudes são importantes e a sociedade só será de fato inclusiva quando houver mudança cultural e comportamental”, assegura Clébia.

Embora o mês de setembro tenha sido escolhido para debater a inclusão social, o tema deve permanecer sempre na pauta diária de toda a sociedade. “Trata-se de algo natural do nosso dia a dia. É necessário ter em mente que se deve lutar por uma cultura de inclusão na sociedade. Parafraseando Maria Teresa Montoan, ‘a inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças’. A troca é positiva na convivência entre sociedade e pessoas com deficiência. Portanto, inclusão não é favor nem caridade, mas sim um direito em qualquer contexto social. Dessa forma, lutar a favor da inclusão social deve ser responsabilidade de cada um e de todos coletivamente”, conclui Clébia Resende.

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