SUS são-joanense: problemas estruturais, demanda reprimida e falta de transparência


Saúde

José Venâncio de Resende0

A saúde de São João del-Rei está enferma. Não chega a ser uma doença mortal, mas requer cuidados urgentes. São 146 recomendações resultantes de uma “auditoria cívica” nas unidades de saúde da cidade, feita no dia 26 de abril durante a Caravana da Cidadania, realizada pelo Instituto de Fiscalização e Controle (IFC) com a colaboração da Associação dos Movimentos Sociais e Amigos de São João del-Rei (AMMAS del Rei) e do Instituto Apoiar, além do apoio de várias entidades nacionais. Poderiam ser mais recomendações não fosse a divulgação prévia da auditoria.

Cerca de 25 auditores voluntários visitaram as Unidades de Saúde Bonfim, Guarda-Mor, São Geraldo, Senhor dos Montes, Policlínica - Matozinhos, PSFs (Programas de Saúde da Família) - Tijuco, Bom Pastor, Pio XII, Colônia do Marçal e Giarola. O relatório final da auditoria foi entregue ao prefeito Helvécio Reis, à secretária municipal de Saúde, Maria das Mercês Oliveira e ao presidente da Câmara Municipal, Antônio Carlos Fuzatto.

A principal conclusão da auditoria é de que “a maior parte dos problemas parece decorrer de falhas estruturais, comuns dentro do sistema de saúde do município, como estrutura física inadequada, grande demanda reprimida e falta de transparência na marcação de consultas e exames especializados”. Também se verificou falta de padronização e transparência nos atendimentos odontológicos, bem como necessidade de rever a estrutura física e de fazer novas contratações.                      

 

Urgência e médio prazo

 

De maneira geral, foram identificados problemas sérios (urgentes) como não-atendimento preferencial ao idoso e deficiente físico; falta de equipamento básico; burocracia no registro de ponto dos agentes de saúde; falta de recepcionista (desvio de função de agente de saúde); falta de uniforme, protetor solar e boné; demora de meses na marcação de exames e consultas; cota limitada de exames básicos; estrutura e condições físicas ruins; banheiros interditados e falta de acessibilidade; demora para medir pressão e esterilização em “panela de pressão”.

Já entre os problemas “potencialmente danosos” (médio prazo), destacam-se necessidade de chegada antecipada para conseguir atendimento no mesmo dia; demanda reprimida de consultas e exames; falta de informatização de cadastros de usuários e prontuários; limitação do número de ultrassons, apesar da grande demanda; falta de veículo para locomoção de médicos e enfermeiros no atendimento domiciliar; não-cumprimento de carga horária por parte de funcionários de nível superior (médicos e dentistas cumprem no máximo duas horas por dia).

Além disso, a Unidade Colônia do Marçal foi construída para atender a duas equipes da estratégica saúde da família, mas até o momento só funciona uma unidade básica de saúde. Já a Unidade Giarola tem apenas um clínico geral que atende às quartas-feiras, gerando filas.

Por fim, o relatório da auditoria recomenda a solução dos problemas nos prazos indicados (30 dias para os urgentes e 120 dias para o médio prazo). A AMMAS del Rei fará o acompanhamento da implementação das soluções. O documento é assinado pelos dirigentes da AMMAS del Rei Edmilson Sales, Air de Souza Resende, Nereu Machado de Oliveira e Alirio Antônio Alves. 

Mais informações sobre a Caravana da Cidadania podem ser encontradas nos sites www.ifc.org.br e www.ammasdelrei.org.br

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