Transmissões de jogos pela SIC Radical popularizam o Brasileirão em Portugal e países africanos

A parceria da emissora de televisão com a Rádio Tropical FM Lisboa está garantida até 2018, com possibilidade de renovação. E os torcedores já começam a se agitar; já tem até torcida organizada: a Fla Lisboa.


Esporte

José Venâncio de Resende0

André e Monique, comentaristas de futebol.

O Campeonato Brasileiro de 2017 tem sido um “show de bola” em Portugal, este ano, agradando tanto a imigrantes do nosso país quanto aos próprios portugueses que apreciam o futebol. A parceria entre a SIC Radical (canal de televisão do grupo SIC) e a Rádio Tropical FM Lisboa, que está completando 17 anos, popularizou o acesso às transmissões ao vivo do Brasileirão.

Além das transmissões de jogos da rodada, os torcedores (adeptos, para os portugueses) podem ouvir toda sexta-feira, às 9 da manhã, o programa Bola Brasil, na Rádio Tropical FM, onde os comentaristas André Dezidério e Monique Cardoso apresentam informações e análises sobre o Brasileirão.

Antes do início da parceria, a SIC Radical chegou a transmitir jogos dos campeonatos paulista e carioca deste ano, revela André. O acordo com a Rádio Tropical FM está previsto até 2018, pelo menos, e permite que os amantes do futebol de todos os países de língua portuguesa possam acompanhar os jogos.

“A repercussão tem sido surpreendente”, resumem André e Monique, que receberam este repórter em visita aos estúdios da Rádio Tropical FM Lisboa. “É uma opção para os brasileiros matarem a saudade. Com as transmissões, está sendo concretizado o sonho de ver os jogos do seu time em alta definição e de graça.”

André confessa que não esperava a grande adesão dos portugueses às transmissões dos jogos. “Os portugueses não tinham a percepção do campeonato brasileiro por pontos corridos. Eles ficam impressionados com a qualidade do campeonato, que é muito disputado do início ao fim, na parte de cima e na parte de baixo da tabela.” Tanto é que os jogos de madrugada (por causa do fuso horário) são vistos não apenas por brasileiros mas também por portugueses.

Isto explica porque, nas transmissões dos jogos, os locutores são portugueses e os comentaristas são brasileiros. “A gente acha que é importante valorizar esta iniciativa de Portugal, além de ter mais identificação dos portugueses com a transmissão”, diz André. É comum ouvir nas transmissões os locutores citarem nomes de jogadores em campo e os clubes portugueses onde atuaram.

Torcidas

O único time brasileiro que tem torcida organizada em Portugal é o Flamengo, conta Monique. Os componentes da Fla Lisboa reúnem-se regularmente no restaurante Adega Típica da União Desportiva Recreativa Algés, para jantar e assistir aos jogos do time.

As demais torcidas são grupos informais, explica Monique, em geral formados por amigos que torcem pelo mesmo time e se reúnem na casa de alguém ou em algum local combinado (um bar, por exemplo). Em Lisboa, existem torcidas informais dos principais times do Brasileirão. Também torcedores do Cruzeiro mantém um núcleo na cidade do Porto.

Não há conhecimento de encontros regulares de torcedores do Corinthians, o líder do Brasileirão. Monique chama a atenção para o fato de que, nas transmissões dos jogos do Timão, não se verificam manifestações pelas redes sociais (facebook, por exemplo) de grupos de torcedores corintianos.

Mesmo em relação aos demais times, de maneira geral, as manifestações na página da SIC Radical são individuais; algumas vezes, torcedores reunidos em algum local enviam uma foto ou uma mensagem. Os comentaristas, durante as transmissões, costumam conclamar os torcedores dos times em campo a participarem do facebook da SIC Radical.

André adianta planos para a segunda fase (turno) do Brasileirão que podem mobilizar as torcidas. A intenção é promover, durante as transmissões dos jogos, encontros de torcedores em bares das docas do rio Tejo, patrocinados pelo Programa Bola Brasil da Rádio Tropical FM com o apoio da SIC Radical.

Dupla mão

As transmissões do Brasileirão representam uma jogada de dupla mão, explica Monique. De um lado, os torcedores reconhecem jogadores que passaram por clubes portugueses e agora estão defendendo a camisa (camisola, em Portugal) de times brasileiros. É o caso de Andrezinho, que atuou pelo Sporting e agora defende o Sport de Recife. Ou do artilheiro Henrique Dourado que está no Fluminense, depois de passagem pelo Vitória de Guimarães.

O jogador Aderlan, agora no São Paulo, jogou muitos anos no Braga e também passou pelo Valência (Espanha). “Ele disse que sempre sonhou em jogar no futebol brasileiro”, conta Monique. Outro que nunca havia jogado no Brasil é Deyverson, contratado pelo Palmeiras, que passou por Benfica, Belenenses e Alavés (Espanha).

Por outro lado, os torcedores portugueses observam jogadores do Brasileirão que gostariam de ver jogando nos seus times. O resultado desta parceria da SIC Radical com a Rádio Tropical FM vai aparecer mesmo na janela de transferências de 2018, acredita Munique. “É possível que alguns dos jogadores que se destacarem no Brasileirão venham jogar aqui.”

Paz entre as torcidas

A Fla Lisboa foi fundada por Saulo Nascimento há cerca de um ano nas redes sociais (Facebook, Whatsapp etc.). Mas os encontros da torcida ocorrem há cerca de três meses, inicialmente no Snook Bar (local onde se assistem jogos no centro de Lisboa) e, recentemente, na União Desportiva Recreativa Algés. O restaurante Adega Típica no local tornou-se uma espécie de sede da Fla Lisboa, explica Saulo. “Mudamos para cá porque nos oferecem melhores condições.”

A Fla Lisboa já congrega cerca de 200 torcedores em Portugal - nas redes sociais são mais de mil – e caminha para se formalizar como torcida organizada, conta Saulo. “Não conheço outras torcidas que tem este movimento. Nosso maior objetivo é ser reconhecido pelo próprio clube no Brasil.”

Uma iniciativa interessante da Fla Lisboa é convidar torcedores de outros times para assistir aos jogos juntos. Foi assim no jogo contra o Cruzeiro e agora na partida contra o Corínthians. “A ideia é passar a mensagem de paz entre as torcidas”, diz Saulo.

Outro plano é criar a figura do sócio-torcedor, revela Saulo, inclusive com descontos nas compras no comércio. “Já estamos em contato com algumas empresas de setores como lava-jato, restaurantes e discotecas, entre outros.”

O músico percussionista Hugo Araújo é um dos flamenguistas que participam da Fla Lisboa desde o início, primeiro no Snook Bar e agora em Algés.

 

 

 

 

 

 

 

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