Uma história de fé e superação trilhando o Caminho da Fé por 12 dias


Religião

Vitória Cristina0

fotoMeire, Andréia Josiane e Adriane em frente à basílica de Nossa Senhora Aparecida

Pela primeira vez foi organizada uma romaria feminina de Resende Costa, com 4 integrantes, percorrendo o Caminho da Fé. O percurso inicia em Águas da Prata, em Minas Gerais, com destino ao Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo. As peregrinas resende-costenses Adriane Resende, Andreia Resende e Josiane percorreram 316 Km durante 12 dias. Elas contaram com Meire Costa, que as acompanhou no carro de apoio, levando itens pessoais e alimentos.

A saída foi no dia 19 de junho, de Resende Costa, e o percurso começou em Águas da Prata. A chegada a Aparecida aconteceu no dia 1 de julho. As peregrinas percorreram um total de 19 cidades e distritos, sendo eles: Águas da Prata, Andradas, Serra dos Limas, Barra, Crisólia, Ouro Fino, Inconfidentes, Borda da Mata, Tocos do Moji, Estiva, Consolação, Paraisópolis, Canta Galo, Luminosa, Campista, Campos do Jordão, Gomeral, Potim e Aparecida.

Caminhar até Aparecida é uma peregrinação religiosa bastante popular e tradicional no Brasil. Milhares de fiéis e peregrinos de todas as partes do país embarcam nessa jornada de fé para visitar o Santuário Nacional, pagar promessas e reverenciar a Padroeira do Brasil.

O Jornal das Lajes conversou com Andreia Resende e Meire Costa, que fizeram parte da peregrinação até Aparecida. Elas contaram um pouco da experiência significativa que tiveram, envolvendo tanto a dimensão espiritual quanto a física.

Andreia Resende conta como surgiu a ideia de fazer o caminho e como foi essa experiência. “Em 2019, eu e a Josiane estávamos com a viagem marcada para fazer a caminhada até Aparecida com uma turma de Varginha, mas faltando alguns meses para a viagem acontecer veio a pandemia e fechou tudo, e a viagem foi infelizmente cancelada. Mas ficamos com essa vontade no coração. Até que a Adriane, que já tinha feito o Caminho da Fé de bicicleta duas vezes, sempre falava que seu sonho era ir caminhando para visualizar a natureza, viver a cultura dos locais, conhecer as histórias das pessoas mais profundamente. Enfim, sonhava conhecer e vivenciar novas experiências. Então, juntamos nossa vontade e fomos.”

Meire Costa, que fez o caminho com o carro de apoio, conta como foi convidada e também relata sua experiência. “Inicialmente, elas iriam fazer o caminho de mochila e, como seria muito difícil, ficaram com receio porque seria muito peso para carregar nas costas. Elas decidiram chamar uma pessoa para apoio, faltando mais ou menos 50 dias para a viagem. Em uma conversa com a Andréia, ela me chamou para participar do caminho e eu senti no meu coração que era uma coisa que eu tinha que fazer. No entanto, sei dos meus limites e preferi ir de apoio. E fomos nós quatro.” Ela fala também sobre a diversidade de pessoas que percorrem o caminho, sempre movidas pela fé: “O caminho é muito movimentado. Havia muitos peregrinos, de todos os jeitos. Algumas pessoas possuíam mochilas maiores do que elas próprias. Mas todos com muita fé percorrendo o caminho.”

 

Espiritualidade e conhecimento

Além das motivações religiosas, a peregrinação a pé também se tornou uma oportunidade de conhecer diferentes regiões do Brasil, interagir com pessoas de culturas variadas e vivenciar uma jornada que mescla espiritualidade e aventura. A paisagem ao longo do percurso pode variar, passando por estradas rurais, áreas urbanas e paisagens naturais diversas. É uma troca de experiências e conhecimentos com pessoas que enfrentam os mesmos obstáculos.

Andreia revela como foi a experiência de passar 12 dias a caminho da Basílica de Nossa Senhora Aparecida. “Digo ser inexplicável, uma viagem interior muito grande. Quando dei o sim de que eu iria, não tinha um propósito, mas pedi a Nossa Senhora que aumentasse a minha fé, que achava ser pequena, e durante esse trajeto, especificamente no sexto dia, descobri com lágrimas nos olhos que tenho muita fé e que ela só precisa ser alimentada a cada dia. Esse foi o meu sentimento.”

Mesmo fazendo todo o caminho de carro de apoio, Meire vivenciou muitas experiências, as quais deseja compartilhar. “Para mim foi muito emocionante. A ansiedade começou quando a gente já podia observar de longe, do alto da montanha, a Basílica bem pequenininha ao longe. Foi muita emoção saber que a gente estava tão perto, dá muita vontade de chegar. Conseguimos enfrentar muitos desafios que foram surgindo durante o caminho, mas soubemos respeitar todos eles. Quero agradecer muito à vida, principalmente à de uma das meninas que machucou, a Josiane. Poderia ter sido muito sério, ficamos todas muito preocupadas. Ela ficou sem conseguir caminhar no dia em que caiu. Porém ela é possuidora de muita fé. Graças a Deus, tudo deu certo. Nossa Senhora Aparecida estava junto de nós e conseguimos concluir o caminho”.

Os peregrinos que se propõem percorrer o Caminho da Fé têm como objetivo de viver uma experiência espiritual, transcendente. É o que revela Meire: “Todos vão com propósito religioso e de autoconhecimento, mas o desafio é conhecer a si próprio. Penso que o motivo maior é o conhecimento que você tem de vivenciar a sua religiosidade.”

 

Incentivo

Àqueles que desejam fazer essa jornada de espiritualidade, autoconhecimento e aventura, Andreia deixa um incentivo: “O recado que eu gostaria de passar para as pessoas que acompanharam e pensam em percorrer esse mesmo trajeto é: Vimos e acreditamos que o caminho te escolhe, encontramos pessoas sozinhas, em grupo, homens, mulheres e muito apoio de pessoas que ali dedicam e abrem a sua própria casa para te receber.”

Meire conta que seguiu seu coração ao aceitar “a missão de realizar aquilo que eu tinha feito como promessa” e completa: “Assim que a Andréia me chamou, a primeira pessoa em quem pensei foi na minha irmã, que estava fazendo uma carga de exames e precisou passar por um procedimento para retirada de um pólipo. Ela passou por isso sem mim, porque eu estava no caminho. Fiquei muito dividida, pois eu queria estar em Resende Costa para ficar com a minha sobrinha e minha mãe poder ficar com a Vanessa, minha irmã. Então eu me retraí, chorei, rezei, mas eu queria terminar meu propósito e sei que ele acabou sendo maior. Cheguei a Aparecida justamente no dia que minha irmã teve alta do hospital. Acredito que tudo foi providência divina. O caminho foi maravilhoso. Apesar de ter ficado dividida, chorei e ao mesmo tempo me diverti bastante. Quem tem vontade de ir, permita-se viver, porque o que eu permiti viver nesses 12 dias maravilhosos mudou minha vida. São amizades que ficaram entre nós e nunca vão se pagar.”

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