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A faxina de dona Dilma

23 de Agosto de 2011, por José Venâncio de Resende

Às vezes me pergunto se dona Dilma esperaria alguém denunciar fraude na sua contabilidade doméstica ou se o lixo de casa fosse empurrado para debaixo do tapete. Como presidente, é o que ela tem feito; ou seja, anda a reboque de denúncias feitas a conta-gotas pela imprensa.
Tenho ouvido cientistas políticos de universidades públicas e/ou consultorias particulares – alguns petistas enrustidos, outros tucanos quase declarados – analisarem a faxina que vem sendo promovida nos ministérios de dona Dilma. Por razões que não me cabem apontar, em geral os tais “cientistas políticos” interpretam o cenário com o seu viés ideológico ou  negocial, visto que muitos são consultores de partidos e governantes.    
De tudo que li e ouvi até hoje, estou convencido que a corrupção no Brasil é diretamente porporcional ao tamanho do Estado e ao sistema político vigente (voto proporcional). São vários partidos (perdi a conta) e 39 ministérios. O resultado é a promiscuidade total entre legislativo e executivo (cargos comissionados, verbas públicas, terceirizações fraudulentas, favores etc.).
O PR – protagonista a faxina no Ministério dos Transportes, feudo herdado de Lula – e o “novo-velho” partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, são duas faces da mesma moeda desvalorizada que é o sistema político brasileiro. Só reforçam o modo peculiar de fazer política no Brasil, cujo objetivo é usar os partidos como trampolim para saltos maiores, menos em benefício do Brasil e mais no interesse do próprio bolso e/ou de familiares, amigos e aliados.    
As escandalosas emendas parlamentares viram recursos para campanhas eleitorais ou para enriquecimento ilícito, ajudando a apodrecer o sistema político. O governo aprova recursos do orçamento anual para novas obras (em geral sem projetos) e os deputados e senadores acrescentam novos recursos, por meio de emendas parlamentares que beneficiam suas “paróquias”. O resultado é que, regra geral, as obras quando concluídas custam “n” vezes mais do que seria seu custo original. Sem falar que muitas delas tem seu custo aumentado por não serem terminadas dentro do prazo, as tais “obras inacabadas”. Outro foco de emendas parlamentares são as áreas de turismo e cultura, com as maracutaias em geral concentradas na realização de eventos e festas. 
Uma última observação: este comentário vale igualmente para governos e parlamentos estaduais e municipais. 
Resumo da ópera: o Estado dinossáurico, tão ao gosto dos políticos, custa caro para a sociedade e ao mesmo tempo permite o desvio de recursos que deveriam ser canalizados para áreas prioritárias como, por exemplo, saúde, educação, segurança, ciência e tecnologia. E não há esperança de se combater as mazelas com sucesso, a menos que se ataquem o exagerado número de ministérios e de cargos de nomeação política; as emendas parlamentares individuais; e o sistema político baseado no voto proporcional.           
Voto distrital – O movimento #EuVotoDistrital, liderado por um grupo de jovens, acredita que o voto distrital é o caminho para um Brasil mais democrático e justo, por aproximar a política do povo e, assim, melhorar a qualidade da política brasileira. “O voto distrital tem a capacidade de corrigir os defeitos do atual sistema eleitoral e possibilitar uma democracia mais participativa. O cidadão é mais ouvido, fiscaliza de perto o político eleito e aumenta seu poder no combate à corrupção.”
O movimento, não vinculado a partido político, tem o objetivo de aprovar no Congresso Nacional a Lei do Voto Distrital para eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. “Nosso primeiro foco é a Eleição de Vereadores em 2012.  Nossa meta final: Conseguir 1.000.000 de assinaturas, para mostrar aos políticos a mudança que o Brasil quer.”
Eu já aderi ao movimento porque sempre acreditei que o voto distrital é o melhor sistema eleitoral. Saiba mais sobre o movimento pelo voto distrital no site   http://www.euvotodistrital.org.br/.
Estou no Twitter (www.twitter.com/jvresende)
 

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