Semana passada, entrevistei a professora moçambicana Marisa Mendonça - que assumiu em Outubro a diretoria executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (ILLP), vinculado à Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) - sobre o novo acordo ortográfico. Mas foi inevitável a pergunta sobre como integrar a Galiza na CPLP. Ela me respondeu que o IILP-CPLP vem acompanhando o processo em curso na Galiza, de recuperação e reconhecimento do galego-português.
Diplomática e cautelosa, a professora Marisa disse que aguarda o posicionamento do governo espanhol, uma vez que a CPLP trabalha com Estados e não pode ferir a soberania nacional. E acrescentou: “Sabemos que há uma série de conversações sobre como conduzir esse processo. É necessário dar-se o tempo que a complexidade do processo exige.”
Quase ao mesmo tempo, recebi mensagem de Camilo Nogueira, engenheiro industrial, licenciado em ciências econômicas, deputado três vezes (1981-93 e 1997-99) no Parlamento da Galiza e um mandato no Parlamento Europeu (1999-2004). Segundo Camilo, os nacionalistas galegos reivindicam a identidade entre o galego e o português, o galego-português, e trabalham por esse reconhecimento oficial.
No Parlamento Europeu, Camilo falava em galego “sem qualquer problema, aproveitando a oficialidade do português”. Já, no Congresso espanhol, suas colegas deputadas são proibidas de fazer pronunciamento em galego. “O Estado espanhol nem sequer reconhece o galego-português, negando uma riqueza evidente. (…) Esquece que, através do Brasil, também se fala o galego-português nascido na Galiza histórica.”
Por isso, Camilo não parece muito otimista. Acha que a Galiza deve inspirar-se na Catalunha, no País Basco e na Escócia, e lutar pela independência. “A Galiza quer separar-se de um império europeu.”
Tanto que, quando o encontrei na Galiza, Camilo acabava de voltar de um evento em Barcelona - era uma manifestação dos independentistas catalães, que reunira dois milhões de pessoas para reivindicar o direito de decidir sobre o futuro da Catalunha; o seu direito de autodeterminação para configurar-se como Estado na União Europeia. Recentemente, Camilo esteve de novo em Barcelona, a convite do “partido amigo” Esquerra Republicana de Catalunya, ou Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que poderá governar a província (estado, para nós brasileiros) a partir das próximas eleições.
Seja o movimento social pela regeneração do galego-português, seja a luta pela independência da Galiza, o fato é que entidades como a Associaçom Galega da Língua (AGAL)*, a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP)** e o Parlamento de Galicia*** terão papel cada vez mais importante neste processo.
Um pouco de história
O movimento nacional galego surgiu no século XIX (1846), como os da maioria dos atuais Estados europeus, ao fio da soberania popular e frente à monarquia Borbon, relata Camilo Nogueira. Apesar do caráter diferenciado da Galiza, as monarquias ou ditaduras espanholas negaram a sua personalidade e o auto-governo.
A língua própria foi proibida na Galiza desde 1500, prossegue Camilo. No entanto, conservava-se em Portugal e se expandia por outros continentes, mantendo-se inequivocamente nas classes populares. Igualmente, evoluía-se o galego-português do Brasil.
A Galiza foi assim marginada, de tal maneira que, se em 1800 tinha cinco vezes mais população que a atual província de Madrid, podendo chegar a ter sete milhões de habitantes, hoje ficou reduzida a três milhões. Entre 1860 e 1920, forçadas pelo poder espanhol, três milhões de pessoas tiveram que emigrar para a América e outro um milhão para países europeus. Apesar de tudo, a Galiza resistiu como nação e hoje tem um perfil econômico relativamente avançado...
Apesar da imposição do castelhano para eliminar a língua galega, esta é conhecida pela quase totalidade da população e falada habitualmente pela maioria, assegura Camilo. O castelhano é conhecido por todos, mas não pode fazer desaparecer o galego, o galego-português.
Durante a Segunda República (1931-1936), os nacionalistas galegos, com o apoio da esquerda republicana estatal, conseguiram um Estatuto de Autonomia, lembra Camilo. “Depois de 40 anos de Ditadura, conseguimos de novo o Estatuto de Autonomia, com uma certa autonomia política e econômica, com o galego como língua oficial, sendo o castelhano co-oficial. Agora, os nacionalistas galegos reivindicam a soberania como Estado na União Europeia.”****
*Associaçom Galega da Língua ( http://www.agal-gz.org/corporativo/ )
**Academia Galega da Língua Portuguesa ( http://academiagalega.org/ )
***Parlamento de Galicia ( http://www.parlamentodegalicia.es/sitios/web/default.aspx )
****Veja mais sobre a Galiza em http://www.jornaldaslajes.com.br/integra.php?i=1479
Roberto Moreno - 09/04/2015
Como nasceu a língua "portuguesa".
.. pelos Reis, D. Afonso X, D. Dinis, Alexandre Herculano, Humberto Eco ...
e, relatadas por Roberto Moreno, cujo objetivo é - transcende-la.
Colocações factuais e históricas.
1 - «O certo é que as línguas não podem ter nascido por convenção já que, para se porem de acordo sobre as suas regras os homens necessitariam de uma língua anterior; mas se esta última existisse, por que razão se dariam os homens ao trabalho de construir outras, empreendimento esforçado e sem justificação?» - (Umberto Eco)
2 - Por volta de 1288, o sexto rei de Portugal, D. Dinis, oficializou o uso do português para a redação dos documentos administrativos e para o governo, eliminando a palavra Galego, por razões sociopolíticas. - D. Dinis adotou uma língua própria para o reino, tal como o seu avô, D. Afonso X, fizera com o castelhano a partir de 1252, também eliminando a palavra Galego, pelas mesmas razões, politicas (embora, ambos os Reis, continuassem a utilizar o Galego em suas poesias). - Em 1296 o português passou a ser usado não só na poesia, mas também na redação das leis e pelos notários. - Portanto, como reza a história, e diante dos factos - A língua portuguesa foi criada por Decreto! - E, o Galego, fonte do português e castelhano, foi “banido”.
3 – O conceituado historiador Alexandre Herculano em 1874, disse: "A Galiza deu-nos população e língua, e o português não é senão o dialecto galego civilizado e aperfeiçoado”
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Diante destas três colocações, reais e históricas, o Projeto Geolíngua propõe-se a homenagear os Reis D. Dinis e D. Afonso X, no âmbito de, ambos, terem criado as duas primeiras “marcas brancas” do mundo, a 8 Séculos atrás, nomeando de português e castelhano, o Galego.
Proposta de Roberto Moreno:
Para não ferir susceptibilidades, quer de Portugal quer do Brasil, proponho uma palavra neutra e universal para designar o Galego luso-brasileiro de: GEOLÍNGUA (para não ser Esperanto II)
GEOLÍNGUA (língua da terra) é, exactamente uma “nova marca branca”, para o Século XXI, 8 Séculos após, à criada por D. Dinis o rei Sábio e, Justo.
A Fundação Geolíngua, após minuciosa investigação científica, desde 1-1-1992, designa o Galego luso-brasileiro, que se fala nos dias de hoje, como a única língua natural (desde o Século XIII) capaz de “substituir” o Esperanto (língua artificial criada em 1887) e o inglês, (pseudo língua universal) cuja aprendizagem, promove o monoglotismo, principalmente, no anglófono.
Via estudos filológicos, fonéticos e orais, a percentagem necessária para que uma língua seja diferente de uma outra, é de 20%. - A diferença entre o português de Portugal e o galego, hoje, fica nos 7%, e, entre o português e o “brasileiro” fica nos 3%, portanto e, nesta base histórica e científica, a língua portuguesa nasceu “simbolicamente”, em 1214 via o Testamento de D. Afonso II e foi “separada” do galego, por Decreto, em 1297 por D. Diniz (sexto rei de Portugal e, supostamente, primeiro rei alfabetizado) numa situação geopolítica e sociocultural totalmente compreensível e necessária, na época, pois, Portugal estava à delimitar fronteiras e se formar como um Pais independente do Reino de Castela e Leão (Espanha) e, por estratégia geopolítica, não ficava bem continuar a ter o Galego como língua de Portugal, daí esta “separação”, sábia e política. - Portanto, surge a 8 Séculos atrás, a primeira “marca branca do mundo” - a língua portuguesa, tendo como fornecedor - o Galego.
E, nesta perspectiva o Galego (com sotaque luso-brasileiro) é - desde 1214 a primeira língua do mundo, segundo dados apresentados pela Fundação Geolíngua, com base científica e histórica. – O fato (facto) é: o “português” entende 90% do espanhol, 50% do italiano e 30% do francês, sem qualquer dificuldade (pelo menos, na linguagem escrita) e une, para já e, a partir do espanhol - 800 milhões de pessoas em 30 países nos 5 continentes e - se acrescentar o italiano ultrapassa os 900 milhões, superando o inglês e o mandarim, com a vantagem de - o “português” possuir, além do aspecto quantitativo, também o qualitativo, geopolítico e geoeconómico, em simultâneo, o que não é encontrado em nenhuma outra língua do planeta