Elejo para 2011 três principais frentes de lutas pois acredito que estes assuntos estão longe de se esgotarem no ano que finda.
Volta da CPMF – Não é segredo pra ninguém que dona Dilma sonha com a volta da CPMF (imposto do cheque) em 2011. Como não quer se desgastar perante a opinião pública, conta com a companheirada (governadores,deputados e senadores aliados) para botar a cara pra bater na tarefa impopular de defender a contribuição financeira, qualquer que seja o seu novo nome. O argumento, falacioso, é de que faltam recursos para a saúde. No entanto, nada indica, apesar das promessas da presidente eleita, que a farra com o dinheiro público vá acabar no próximo governo. Para citar um exemplo, dona Dilma manteve a prática nefasta adotada por seu padrinho de um governo inchado (36 a 37 ministérios), para saciar a fome de cargos dos companheiros e aliados – isto representa um enorme custo para o País, sem necessariamente garantir eficiência na gestão pública. Não bastasse isso, o recente escândalo das emendas parlamentares resulta em desvio de milhões, talvez bilhões, de reais (impostos) para o ralo de instituições fantasmas ligadas a turismo e cultura. E mais recentemente os aumentos salariais em cascata, passando pela presidente e seus ministros, deputados federais e senadores, governadores e deputados estaduais, com fortes indícios de, em algum momento à frente, chegar a prefeitos e vereadores. Sem falar de empréstimos subsidiados (juros abaixo dos de mercado) de recursos do Tesouro Federal por meio de instituições financeiras públicas como o BNDES para grupos empresariais (escolhidos por critérios discutíveis), construções de estádios fantasmas etc. Evidente que a lista é inesgotável... Nada justifica, pois, que o cidadão seja obrigado a arcar com mais impostos!
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Perseguição ao WikiLeaks – A reação aos vazamentos de documentos secretos que desmascaram políticos e diplomatas, não apenas dos Estados Unidos mas também de diversos países, inclusive Brasil, tem se concentrado em feroz perseguição ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, além de tentativas de tirar o site do ar. Mais do que o incômodo que os vazamentos proporcionam aos nomes citados em e-mails e documentos “secretos”, estão em jogo o direito do cidadão à informação e a liberdade de expressão. Esta é uma boa oportunidade, inclusive, para se questionar os tais “segredos de Estado”, usados e abusados em nome da “segurança nacional” ou da “soberania nacional”. Afinal, a quem interessa estes “segredos de Estado”? Ao cidadão é que não é. Os maiores beneficiados são em geral facções políticas encasteladas no poder ou grupos econômicos que vivem de favores deste mesmo poder ou ainda a buracracia que depende destes “segredos” para, ao criar dificuldades, vender facilidades. Já repararam que numa guerra, revolução civil ou mesmo numa nova ditadura a primeira vítima é a informação? Nestes casos extremos, ficamos submetidos às fontes oficiais que controlam as informações, em nome dos “interesses da pátria” ou do “povo”. Mesmo num estado de normalidade democrática, o cidadão é privado de informações que afetam direta ou indiretamente as suas vidas, sob o surrado manto da proteção ao Estado.
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Ficha Limpa já – A lei da Ficha Limpa, apesar da trapaça no Senado para inviabilizar a sua aplicação imediata, já mexeu com o sossego dos políticos fichas-sujas. Os julgamentos no Supremo Tribunal Federal, tanto de Joaquim Roriz (Distrito Federal) quanto de Jader Barbalho (Pará), terminaram com o afastamento destes políticos da vida pública pelo menos por enquanto, embora tenham terminado empatados pela não-reposição de um jogador do time (o quadro de onze juízes está desfalcado). Daí a necessidade de a sociedade pressionar para que a presidente Dilma (ou mesmo seu antecessor) indique logo um novo juiz (ou juíza) comprometido com a aplicação imediata da Lei Ficha Limpa.
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Outras frentes – A luta por uma sociedade melhor não se esgota nestas três frentes. É preciso alerta com a tentativa de controle social da mídia por parte de “companheiros petistas” e a política externa brasileira benevolente com os desrespeitadores dos direitos humanos. Apesar das declarações de dona Dilma em favor da liberdade de imprensa, o PT e os sindicalistas não desistem de impor um controle de conteúdo ao rádio e à TV e, se puderem, amordaçar jornais, revistas e mesmo internet. Imaginem os brasileiros que não sabem ou não têm o hábito de ler submetidos à mordaça que os desinformará ainda mais? Quanto à política externa, casos como a existência de presos políticos em Cuba, restrições crescentes à democracia na Venezuela, tolerância com a barbárie no Irã (chibatadas, apedrejamento etc.) e bajulação a “economias de mercado socialistas” como a China devem merecer a nossa permanente vigília e manifestações de protestos. Diplomacia independente e autônoma em relação aos Estados Unidos e à Europa não significa submissão vergonhosa a regimes totalitários (muitos disfarçados de democracia) que sacrificam a liberdade do cidadão em nome do poder.
Feliz 2011 para todos!
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As frentes de luta para o novo ano que se inicia
20 de Dezembro de 2010, por José Venâncio de Resende