A seleção brasileira voltou mais cedo pra casa, para desilusão geral da pátria de chuteiras. Desculpas esfarrapadas, justificativas sem pé nem cabeça e caça às bruxas pela eliminação frente à Holanda serão fartas por parte de jogadores, comentaristas esportivos, psicólogos, cartolas e principalmente em mesas de bar e buteco. Mas à frente dos fracassados aparece o comandante Dunga, especialmente por sua arrogância, teimosia e orgulho. Talvez esta derrota deva servir de lição de humildade - não somos imbatíveis – e ao mesmo tempo de alerta quanto ao que se deve (e não se deve) fazer nos próximos quatro anos. Antes de mais nada, é preciso escolher um treinador mais competente e experiente no ofício, além de mais maduro para o embate do cotidiano em especial com os profissionais de imprensa. Além disso, a responsabilidade será maior em termos de organização e planejamento visto que a Copa de 2014 será no Brasil. O país tem sérias deficiências em infraestrutura de transporte (urbano, interurbano e mesmo internacional) e uma obsoleta rede de estádios, com raras exceções. E qualquer improvisação, inclusive na reforma de estádios existentes ou na construção de novos, representará desperdício de recursos, muitro provavelmente dinheiro de impostos. Aí é que mora o perigo. A improvisação – o deixar tudo para a última hora - é a mãe do superfaturamento, do desvio de verbas públicas e do oportunismo político e eleitoral, não apenas no setor público como também nas entidades esportivas.
Petrobras x Brasil - O governo e a Petrobras querem acelerar o plano de capitalização da estatal (oferta de novas ações) para fins eleitorais. Tem pressa em ceder 5 bilhões de barris de petróleo da camada do pré-sal, pertencentes à União, para capitalizar a estatal, numa operação claramente de reestatização. Mas, para isso, o governo depende da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para certificar as reservas de petróleo que serão cedidas à estatal para levantar dinheiro para a capitalização. Daí porque pressiona a ANP para que acelere a sua agenda de trabalho. Segundo notícias na imprensa, a intenção dos “companheiros” seria aumentar a participação da União na estatal, para anunciar aos eleitores que o governo “bonzinho” está recuperando a empresa que o governo tucano “privatizou”. Mas essa proposta seria francamente prejudicial aos acionistas minoritários que não tem fôlego financeiro para acompanhar a União na aquisição das ações (aliás, já prejudica pois as ações da Petrobras vem caindo seguidamente no mercado). Com isso, aumentaria o poder de fogo dos “companheiros” na empresa, já manipulada por interesses politiqueiros. Basta ver que, por pressão política do governo e seus aliados, a Petrobras optou por construir refinarias no Maranhã e no Ceará, de viabilidade econômica discutível. Especialistas dizem que melhor seria investir esses recursos (cerca de US$ 73,6 bilhões) na produção de petróleo, inclusive na camada do pré-sal. Quando se trata de “República dos companheiros” e Petrobras, o interesse do país é o que menos é levado em conta.
O mundo na berlinda - Duas visões econômicas divergentes dominam o mundo em crise. De um lado, o Banco de Compensações Financeiras (BIS, na sigla em inglês), o banco central dos bancos centrais, alertou em recente relatório que manter os juros baixos e adiar os cortes nos gastos dos governos podem provocar uma nova crise. Do outro lado, países como Estados Unidos e Brasil, apoiados em especialistas como o prêmio nobel de economia Paul Krugman, defendem aumento dos gastos públicos – o chamado “pau na máquina” - para estimular o crescimento econômico. A última reunião de cúpula do G-20 (grupo dos 20 países mais mais desenvolvidos), no Canadá, optou pelo aperto das contas públicas (corte de déficits e redução da dívida em relação ao PIB) nos próximos anos, atendendo às pressões dos líderes da União Europeia. A principal defensora da política de austeridade fiscal foi a primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel, com o argumento de que o exemplo da austeridade gera confiança entre os cidadãos, que se sentem mais seguros para consumir, alimentando assim os motores da economia. Talvez haja exagero – e mesmo equívoco - de ambas as partes. De um lado, estão países, como os Estados Unidos, que gastaram desenfreadamente em período de vacas gordas, e pouparam de menos. No período de vacas magras, esses países tem pouca gordura para queimar, dependendo dos demais. De outra parte, países como a Alemanha - que primam pela austeridade com a coisa pública de maneira a reduzir o peso dos impostos sobre o cidadão – preferem manter a austeridade mesmo em momentos de paralisia da economia, contribuindo para agravar a crise.
A surpresa do vice - O episódio da escolha do vice na chapa do candidato José Serra é mais uma mostra da confusão que reina no ninho tucano. O Democratas emplacou, como vice do sr. Serra, o jovem deputado carioca Índio da Costa (cujo feito de maior realce é ter sido o relator do projeto de lei da “Ficha Limpa” na Câmara Federal). A lambança começou quando o presidente do PTB, Roberto Jefferson (aquele do mensalão do PT), vazou via twitter a escolha do senador paranaense Alvaro Dias, colocando em pé de guerra o Democratas, aliado do PSDB. Os tucanos tiveram de rifar Dias depois de virem surgir um novo e forte palanque de dona Dilma no Paraná, com o fracasso em demover Osmar Dias (irmão de Álvaro) de se candidatar a governador em aliança com o PT e o PMDB. Espera-se que a oposição não entre em novas trapalhadas, especialmente pelas mãos de aliados inconvenientes como o sr. Jefferson, e não tropece nos seus próprios erros, facilitando a vida de dona Dilma e seus companheiros e aliados. Está na hora de a oposição reunir suas forçar e partir para o ataque. Inclusive, utilizando o sr. Fernando Henrique Cardoso, que tem sido mais competente defensor da sua herança bendita, do que o seu próprio partido e seus aliados.
Efeito Collor - Um escândalo. A Câmara dos Deputados quer readmitir 55 mil servidores públicos e funcionários de estatais que deixaram seus empregos durante o governo Collor (1990-92). Os projetos em tramitação propõem a reintegração desses funcionários públicos, sem considerar (1) o inchaço da máquina pública já promovido pelos “companheiros” e (2) a desqualificação/desatualização desses “profissionais” num mercado de trabalho totalmente mudado. E o pior: muitos desses funcionários vão pedir a aposentadoria tão logo retornem ao trabalho. É muita irresponsabilidade.
Da série perguntar não ofende: essa chatice de vuvuzela veio para ficar?