Apagão embaraçoso - A cena do apagão elétrico na Venezuela, durante palavrório do ditador Hugo Chávez em rede de rádio e televisão, é hilariante. Só faltou ele culpar os Estados Unidos, já que ao culpar a seca foi pouco convincente. A Venezuela convive com o fracasso do socialismo bolivariano de Chávez (inflação em alta, desarticulação do sistema produtivo, desmantelamento dos serviços públicos, racionamento de água e energia etc.), que aumenta a insatisfação popular, agrava a ruptura política e reduz o apoio ao ditador.
Viva a democracia! - A Corte Constitucional da Colômbia acaba de prestar um grande serviço à democracia. Rejeitou a proposta de plebiscito que permitiria ao popular presidente Álvaro Uribe concorrer ao terceiro mandato nas eleições de maio próximo. Por mais bem avaliado que seja o governo de Uribe, a democracia não comporta oportunismos e improvisações. Para o bem do próprio povo.
Golpe contra a democracia! – Em visita a Cuba, o presidente Lula calou-se, mais uma vez, diante das denúncias de violações dos direitos humanos naquele país. Com o agravante de que a repressão aos dissidentes correu solta durante o funeral do preso político cubano Orlando Zapata Tamayo, que morreu recentemente após 85 dias de greve de fome e. É de menos se o sr. Lula recebeu (ou não) carta de grupos de direitos humanos de Cuba com pedido para que intercedesse junto ao governo cubano em favor de Zapata. O mais grave tem sido o comportamento histórico do PT e de seu principal líder de completa omissão em relação à repressão contra presos políticos e a perseguição a dissidentes por parte da ditadura dos irmãos Fidel e Raul Castro. Mais do que isso, o PT e agora o governo do sr. Lula são cúmplices de países como Cuba e Irã que violam sistematicamente os direitos humanos. Pior ainda é quando o assessor internacional do presidente brasileiro, Marco Aurélio Garcia, justifica a ditadura cubana com a infeliz afirmação de que “há problemas de direitos humanos no mundo inteiro”. Ou quando o sr. Lula alega a não-interferência em assuntos internos de outros países para se omitir frente à morte de Zapata. Será que na época da ditadura militar no Brasil essa gente gostava quando governos democráticos se omitiam diante da repressão política? Como bem alerta a professora de direito da PUC-SP, Flávia Piovesan, o sr. Lula – e seu guru o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim - desrespeita a Constituição de 1988, que impõe a “prevalência dos direitos humanos” nas relações exteriores brasileiras. Até porque esta é uma questão universal.
Contra o mundo – Quando o mundo, liderado pelos Estados Unidos, endurece o jogo contra o Irã, por causa de seu programa de armas nucleares, o sr. Lula prepara as malas para visitar aquele país. Como disse em entrevista à imprensa a senadora e candidata do PV à presidência, Marina Silva, “o princípio da não ingerência (invocado pelo sr. Lula) não significa que não tenhamos posição cuidadosa em relação ao que todos começam a ver como um risco”. Além disso, completou a senadora, no Irã “existem presos políticos, pessoas sendo torturadas”.
Banda larga, visão estreita - O plano nacional de banda larga do governo do sr. Lula encobre mais maracutaias do que se imagina. Quando se pensava que estava em jogo apenas o projeto megalomaníaco de ressuscitar a Telebrás, começam a aparecer outras histórias escabrosas que vão custar caro ao bolso do cidadão-contribuinte. Os balões de ensaio envolvendo a reativação da Telebrás já resultaram em especulações com as ações da empresa em bolsa nas quais apenas alguns privilegiados devem ter ganhado, como aliás sempre acontece. Agora, vem à tona a tentativa do governo de salvar com dinheiro público a falida Eletronet, controlada pelo empresário Nelson dos Santos (que adquiriu a empresa a preço de banana) e que tem a Eletrobrás como acionista. A Eletronet, dona de uma rede de 16 mil quilômetros de cabos de fibra óptica em 18 Estados, foi criada para usar a infraestrutura do grupo Eletrobrás de comunicação de dados. Foi à falência e tem dívida estimada com fornecedores de R$ 800 milhões. As centrais elétricas querem retomar a posse dos cabos de fibra óptica, mas o juiz da falência quer que o governo deposite cerca de R$ 300 milhões em dinheiro como garantias para devolver os bens, embora o governo queira dar títulos públicos no valor de R$ 270 milhões como garantia. Agora, surge na imprensa a notícia de que o ex-ministro da Casa civil e suposto chefe do mensalão do PT, José Dirceu, é consultor (e amigo) do empresário Nelson dos Santos, controlador da Eletronet, que estaria interessado em tirar proveito da situação. O fato é que, com o discurso de estimular a concorrência e levar a banda larga a todos os municípios brasileiros, o governo do sr. Lula quer na verdade é beneficiar aliados e companheiros com favores e empregos, desperdiçando para isso bilhões de reais de impostos arrecadados da população. Não há dúvida de que, tanto na reativação da Telebrás quanto na tentativa de recuperar os bens da Eletronet, quem vai pagar a conta da fúria estatizante do governo é o cidadão-contribuinte. Enquanto isso, o respeitado jornalista Ethevaldo Siqueira volta da Coréia do Sul com a seguinte revelação: aquele país tem a melhor banda larga do mundo, que atinge 97% dos domicílios com qualidade e baixo preço. Tudo isso, sem estatização.
Pobre América Latina – Uma nova entidade, chamada Comunidade dos Estados Latino-Americanos (CELAC), foi criada, recentemente, durante a Cúpula da América Latina e Caribe (CALC), em Cancún (México), sem a presença dos Estados Unidos e do Canadá. Não bastassem siglas como CASA (Comunidade Sul-Americana de Nações), ALBA (Aliança Boliviana) e UNASUL (União de Nações Sul-Americanas), agora surge a CELAC, com o mesmo objetivo de esvaziar a OEA (Organização dos Estados Americanos) e por tabela os Estados Unidos e o Canadá. Na verdade, será mais um palco para os chatos discursos do sr. Chávez e para os presidentes de países latino-americanos brincarem de integração e gastarem dinheiro público em reuniões inúteis. Durante a cúpula em Cancun (México), o sr. Lula e seus amigos atacaram o Reino Unido e apoiaram a Argentina na tentativa de retomar as Ilhas das Malvinas. A senhora Kirchner, na tentativa desesperada de recuperar s sua popularidade, quer ressuscitar o sonho fracassado da ditadura militar argentina em reivindicar a soberania das Malvinas. Como se vê, a profusão de siglas não apenas veio para confundir, como também revela a incompetência dos dirigentes latino-americanos, o preconceito contra os Estados Unidos e uma burrice ideológica de tamanho incalculável.
Visão simplista – A visão do atual governo – e de sua candidata dona Dilma – de que o Brasil saiu da crise econômica mundial por causa do forte papel do Estado, traduzido em medidas de redução de impostos, programas sociais, crédito farto dos bancos públicos e reservas em dólares, é no mínimo simplista. Especialistas independentes dizem que os países que se deram melhor no período pós-crise foram aqueles que seguiram a orientação do FMI (Fundo Monetário Internacional) em passado recente ou a China que é um caso à parte (tem baixo custo de produção, poupança elevada, ausência de programas sociais, acordo informal com os Estados Unidos de usar a receita das exportações para comprar títulos do Tesouro americano e ajudar a financiar o buraco das contas públicas daquele país e reservas na casa dos trilhões de dólares). Por isso, é um equívoco a justificativa do governo e sua candidata de que a crise justifica o aumento do tamanho do Estado. Além disso, a defesa da estatização e a proliferação de novas estatais (nas áreas de telecomunicações, fertilizantes, petróleo etc.) colocam o PT na companhia da ditadura militar.
Dirigentes latino-americanos, democracia, direitos humanos, visão estreita...
03 de Marco de 2010, por José Venâncio de Resende