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Dona Dilma e a liberdade de imprensa: todo cuidado é pouco

14 de Junho de 2010, por José Venâncio de Resende

A recente declaração da candidata Dilma Rousseff, em reunião com empresários em Tiradentes (MG), de que “a imprensa que constrói uma democracia fala o que quer” – ao condenar a censura prévia à imprensa – é algo para se comemorar. Mas é preciso cautela diante da manifestação de dona Dilma, pois a visão de grupos radicais petistas – principalmente sindicalistas e líderes dos sem-terra – é claramente contra a liberdade de imprensa. Em quaisquer eventos culturais ou de comunicação que realizam – ou dos quais participam – esses grupos se manifestam pelo tal “controle social da mídia”, um eufemismo para defender a censura. Sem falar que o sonho desses radicais petistas – e de seus aliados - é calar a imprensa diante de atos ilegais como desvio de dinheiro público, criação de falsos dossiês e desrespeito à lei. Há dúvidas se dona Dilma – caso eleita – terá o mesmo pulso do sr. Lula para controlar com mão de ferro os ímpetos de petistas radicais. Portanto, dona Dilma, por mais sincera que esteja sendo, vai ter de nos convencer que apoia incondicionalmente a liberdade de expressão e de imprensa.

Chatice e vuvuzelas – É preciso ter paciência para aguentar os locutores – e comentaristas – de futebol na televisão durante a Copa do Mundo. O maior problema é que se confundem com animadores de torcida, sem falar dos comentários idiotas. Não é por nada que, no twitter, o que mais faz sucesso no momento é o “cala a boca Galvão”, que pode ser estendido tranquilamente para “ cala a boca Luciano do Vale” .  Só não defendo que as vuvuzelas africanas encubram o som das transmissões dos srs. Galvão e do Vale porque não sei o que é pior.  

Dedo na ferida – A santa indignação do governador Sérgio Cabral (Rio de Janeiro), num momento de desabafo, na qual diz que o governo do sr. Lula, seu aliado, está prejudicando as populações do Rio de Janeiro e do Espírito Santo para beneficiar a Petrobrás, tem um significado muito maior. A bravata do sr. Cabral, em reação emocional à aprovação no Senado da redistribuição entre todos os Estados dos royalties da exploração do petróleo na camada do pré-sal, tem a virtude de colocar o dedo na ferida. Ele acertou no conceito mas errou na dimensão dos seus nefastos efeitos. O governo do sr. Lula, para atender a megalomaina dos sindicalistas e companheiros que controlam a Petrobrás, está prejudicando a nação inteira (mais de 190 milhões de brasileiros) em benefício de uma empresa. É bom lembrar que empresa estatal é, antes de mais nada, empresa quando isto lhe convém, principalmente na hora de distribuir vantagens e lucros aos funcionários. Por outro lado, é estatal quando deseja receber as benesses do governo. Os projetos aprovados no Congresso começam por empenhar ativos do povo brasileiro (cinco bilhões de barris de petróleo) na  capitalização da empresa e mudar o sistema de exploração para reforçar o papel da estatal, num monumental retrocesso. Só que novos (e imprevisíveis) investimentos serão necessários e, de novo, vão usar recursos públicos para capitalizar a Petrobrás, justo num setor condenado pelo seu potencial de gerar poluição e danos ambientais. 
 
DAMAE e demagogia – O impasse em relação ao Departmento de Águas e Esgoto de São João del-Rei (DAMAE) é exemplar da demagogia que impera no país na área de saneamento básico. Quando defendem a manutenção do DAMAE, contra a entrada de uma empresa competente que poderia ser a COPASA ou a SABESP de São Paulo, no fundo os políticos provincianos prejudicam as pessoas honestas que pagam em dia as suas contas. A inadimplência das (ou o perdão às) pessoas que não pagam a conta – ou mesmo os subsídios – recai sobre as costas do cidadão que cumpre o seu dever, ao obrigá-lo a arcar com a diferença para mais. Isto é o que se chama fazer festa com o dinheiro dos outros.  

Da série perguntar não ofende -  O “cara”, que transformou o Bolsa Escola em Bolsa Família e assim criou o maior programa assistencialista da história desse país, não acaba de inventar uma nova versão do antigo curral eleitoral?

 

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